CRôNICA »
Em Copa não!
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 09/07/2014
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 09/07/2014
Perplexidade e tristeza com vexame da Seleção nos bares do Hipercentro |
Quarenta
e quatro anos depois de assistir à final da Copa de 1970 – Brasil
contra Itália, vencemos por 4 a 1, jogo que já virou lenda) –, em frente
à escadaria da Igreja São José, onde a prefeitura instalou uma
televisão em preto e branco, volto novamente ao Centro de Belo Horizonte
em dia de Mundial. Dessa vez, vou aos bares da Avenida Amazonas, no
quarteirão entre as ruas da Bahia e Espírito Santo. Nas TVs coloridas e
telões, jogam Brasil e Alemanha.
O país mudou muito. Não somos 90 milhões, mas 200 milhões de habitantes. Não vivemos mais nos anos de chumbo da ditadura militar, mas em plena democracia. Nem somos mais tão pobres, pois a situação melhorou muito. Basta andar por aí e observar. Nem sou aquele adolescente cheio de espinhas e sonhos, mas um homem de cabelos brancos, chamado de senhor por muitos.
Só uma coisa, podem acreditar, continua a mesma: a paixão do nosso povo pelo futebol. Perplexo e sem querer acreditar, vi a Seleção Brasileira ser vergonhosamente derrotada pela Alemanha por 7 a 1. Testemunhei – como prova de civilidade e de que nosso povo amadureceu – dezenas de pessoas se levantarem, muitas com lágrimas no rosto, para aplaudir os alemães.
Quarenta e quatro anos depois, junto àquela gente anônima, assistindo ao jogo de que jamais iremos nos esquecer – as derrotas costumam pesar mais do que as vitórias –, voltei a ser, pelo menos por alguns momentos, o adolescente que teve o privilégio de ver a Seleção Canarinho massacrar os italianos, como agora ocorreu conosco. Caímos sem nenhuma glória frente aos alemães.
Também torci e roí as unhas, fiquei tenso, despistei lágrimas que insistiram em cair, consolei e fui consolado por estranhos. Uma adolescente vestida de verde-amarelo, ao ver minha desolação, estendeu-me a mão, sorriu timidamente e disse: “Em Copa não, veio. Em Copa isso jamais pode acontecer”. Depois, atendendo ao chamado de uma mulher, que talvez fosse sua mãe, ela se despediu. As duas desceram a avenida e foram embora. Afinal de contas, a vida precisa continuar.
O país mudou muito. Não somos 90 milhões, mas 200 milhões de habitantes. Não vivemos mais nos anos de chumbo da ditadura militar, mas em plena democracia. Nem somos mais tão pobres, pois a situação melhorou muito. Basta andar por aí e observar. Nem sou aquele adolescente cheio de espinhas e sonhos, mas um homem de cabelos brancos, chamado de senhor por muitos.
Só uma coisa, podem acreditar, continua a mesma: a paixão do nosso povo pelo futebol. Perplexo e sem querer acreditar, vi a Seleção Brasileira ser vergonhosamente derrotada pela Alemanha por 7 a 1. Testemunhei – como prova de civilidade e de que nosso povo amadureceu – dezenas de pessoas se levantarem, muitas com lágrimas no rosto, para aplaudir os alemães.
Quarenta e quatro anos depois, junto àquela gente anônima, assistindo ao jogo de que jamais iremos nos esquecer – as derrotas costumam pesar mais do que as vitórias –, voltei a ser, pelo menos por alguns momentos, o adolescente que teve o privilégio de ver a Seleção Canarinho massacrar os italianos, como agora ocorreu conosco. Caímos sem nenhuma glória frente aos alemães.
Também torci e roí as unhas, fiquei tenso, despistei lágrimas que insistiram em cair, consolei e fui consolado por estranhos. Uma adolescente vestida de verde-amarelo, ao ver minha desolação, estendeu-me a mão, sorriu timidamente e disse: “Em Copa não, veio. Em Copa isso jamais pode acontecer”. Depois, atendendo ao chamado de uma mulher, que talvez fosse sua mãe, ela se despediu. As duas desceram a avenida e foram embora. Afinal de contas, a vida precisa continuar.
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