quinta-feira, 17 de julho de 2014

Educação e produtividade‏

Educação e produtividade
A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país 

 
Ronaldo Gusmão
Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec)
Estado de Minas: 17/07/2014


Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável a um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030, segundo especialistas. Uma meta factível se triplicarmos o crescimento da produtividade de forma sistêmica e generalizada. Mas, para aumentarmos a produtividade, precisamos produzir novos conhecimentos, desenvolver e empregar muita tecnologia. E, para isso, é necessário ter educação e pesquisa de qualidade. Os países que se desenvolveram mais rapidamente nas últimas décadas foram os que mais qualificaram sua força de trabalho.

O Brasil é perfeitamente capaz disso. Desenvolvemos dois setores bem distintos: o agrícola e o aeroespacial, que hoje são altamente competitivos, principalmente devido à ênfase dada a pesquisa e desenvolvimento no passado, que continuam com muito investimento ainda hoje. Neste mundo globalizado e altamente conectado, precisamos atrair mais os talentos estrangeiros. Pasmem! O Brasil tinha, no início de 1900, 5% da força de trabalho de estrangeiros. Hoje, um século depois, temos somente 0,5%. Devemos não só atrair os estrangeiros, mas principalmente oferecer condições para que os brasileiros que estão no exterior tenham um vínculo maior com as instituições brasileiras, elevando, assim, o nível de qualificação de nossos profissionais e, consequentemente, de nossa produtividade.

Para o país tornar-se competitivo, é necessário que suas empresas e organizações sejam competitivas, e, para isso, é necessário que seus colaboradores sejam profissionais competitivos, que, por sua vez, só o serão se forem qualificados e produtivos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que a produtividade do trabalhador na indústria brasileira caiu de 30% para 20% se comparado ao trabalhador da indústria norte-americana nos anos de 1973 a 2004. Hoje, um trabalhador norte-americano produz o equivalente à produção de cinco brasileiros, por um mesmo período. E somente com educação poderemos reverter esses números. Educação e pesquisa de qualidade geram novos conhecimentos, que, por sua vez, geram novas tecnologias, processos, negócios e produtos.

O Plano Nacional de Educação, aprovado recentemente no Congresso Nacional, deu ênfase ao aumento progressivo no investimento do setor público. O objetivo é chegar a 10% do PIB em 2024. Outra meta importante e ambiciosa é a de formar 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.

A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que, entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, somente 35,6% haviam sido inovadoras. Essas empresas empregavam nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento somente 11 mil profissionais pós-graduados. Mostrou também que a falta de pessoal qualificado era um gargalo para o avanço da inovação em 72,5% das empresas.
O Ietec, referência em educação no setor de engenharia há 27 anos, irá contribuir com essa meta na formação dos mestres, com o mestrado em engenharia e gestão de sistemas e processos. A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país. O Brasil tem cerca de 668 mil engenheiros registrados nos conselhos de engenharia e agronomia, e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desses, somente 28% exerciam efetivamente a função típica de engenheiro. Onde estão os outros? Grande parte está exercendo cargos de gestão, e outros estão na área de pesquisa e desenvolvimento.

Precisamos proporcionar a união da teoria acadêmica avançada dos pesquisadores com a prática profissional dos engenheiros, administradores e outros profissionais de ciências sociais e da terra, formando, assim, profissionais com base conceitual sólida associada à necessidade empresarial. A formação ideal do profissional é a combinação de uma base ampla de conhecimento matemático teórico com know-how prático. Educação e produtividade, com mais mestres, para um Brasil mais próspero e justo.

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