sábado, 30 de agosto de 2014

Artistas octogenários surpreendem os fãs com novos projetos.‏

Sem descanso Artistas octogenários surpreendem os fãs com novos projetos. Em setembro, o canadense Leonard Cohen lança disco de inéditas, depois de expor gravuras e se desdobrar em turnês


Mariana Peixoto
Estado de Minas: 30/08/2014



Almost like the blues, single do CD de Leonard Cohen, chama a atenção do mundo

 (Fabrice Coffrini/AFP)
Almost like the blues, single do CD de Leonard Cohen, chama a atenção do mundo


Durante o show de gravação do CD e DVD Live in London, o cantor, compositor e poeta canadense Leonard Cohen contou para o público sobre a conversa que teve com um antigo professor. Durante o drinque que tomaram juntos, o mentor disse, sem meias palavras: “Desculpe-me por não ter morrido”. Na época do encontro, ele contava com 97 anos; no dia deste relato, ele devia ter 102. Voltando-se para a plateia, Cohen arrematou, com uma dose de ironia e nenhuma de melancolia: “Bem, é mais ou menos assim que me sinto”. Esse fato ocorreu quando o cantor tinha 74 anos. Em 21 de setembro, ele completa 80. Dois dias mais tarde, lança o álbum Popular problems, com repertório inédito.

O lançamento virtual do primeiro single, Almost like the blues, vem causando burburinho. Mestre da canção – um dos últimos grandes da língua inglesa, ao lado de Bob Dylan e do conterrâneo Neil Young –, Cohen, é sabido, foi roubado por sua antiga empresária, perdendo quase tudo o que ganhou. Voltou a gravar com regularidade, fez exposições para vender suas gravuras e, mais importante, passou a fazer turnês como um garoto – na mais recente, que rodou EUA e Europa até o ano passado, era capaz de ficar pouco mais de três horas em cena, com apresentações sempre esgotadas e impecáveis. Almost like the blues é pura desesperança – como o são algumas das letras do bardo –, falando de guerra, incêndio, estupro, assassinato e pequenas mortes que todos sofremos ao ver tanta degradação.

Para os milhares que o cultuam – mais hoje do que 30, 40 anos atrás –, a voz parece ainda mais descarnada, com graves muito acentuados. Quem o ouve agora, ao descobrir os primeiros registros de canções antológicas como Suzanne, So long, Marianne e Sisters of mercy em seu álbum de estreia, Songs of Leonard Cohen (1967), pode achá-los quase irreconhecíveis. As mudanças na voz de Cohen, no entanto, caem como uma luva para a densidade de suas letras. Melhor aos 80 do que aos 40, não é exagero dizer. E a verdade é que o canadense não está sozinho. Não é preciso ir muito longe para encontrar outros artistas de sua geração, quando não mais velhos, ainda em ação. Com prazer e vitalidade.

NO PALCO


» Bibi Ferreira completou 92 anos, em junho, com o show Bibi, histórias e canções. Já tem agenda cheia até o fim de 2015 com um novo espetáculo em que interpreta o repertório de Frank Sinatra.

» Tony Bennett, que chegou aos 88 no início deste mês, também lança álbum em 23 de setembro. Cheek to cheek, novo projeto de duetos, desta vez com... Lady Gaga. Há a promessa de uma turnê com a dupla.

Nenhum comentário:

Postar um comentário