quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Eleições e incertezas na economia‏

Eleições e incertezas na economia
José Eloy dos Santos Cardoso
Professor e jornalista
Estado de Minas: 20/08/2014


Os reflexos das políticas estatizantes e bolivarianas que atingiram em cheio a Venezuela e a Argentina já começaram a atingir, por tabela, o Brasil. Entre os latino-americanos, deveremos estar em pior situação em termos de crescimento no corrente ano. Razões não faltam: inflação em alta e taxas de crescimento que, segundo alguns economistas brasileiros, não devem ser, na realidade, maiores do que 1% no corrente ano. É claro que ao lado de vários outros problemas, as trapalhadas contábeis e o controle das tarifas da energia elétrica e dos preços dos derivados do petróleo ajudaram – e muito – a puxar para baixo as esperanças dos brasileiros de ter no corrente ano um Brasil melhor.

Candidato nenhum vai declarar que pretende acabar com as bolsas assistencialistas que estão fazendo o ócio predominar entre aqueles “felizes” beneficiários do dinheiro, que, fazendo-os ficar sem fazer nada, os desestimula e os fazem desistir de procurar qualquer emprego. Enquanto as estatísticas oficiais produzem um índice de 5% de desempregados, os índices reais – se forem apurados com precisão e isenções corporativas ou partidárias – apontarão, com certeza, não os 5% anunciados, mas 9% ou até mais. Dos 62 milhões de brasileiros que são “assistidos” pelos programas assistencialistas do governo, 50% não trabalham e não querem jamais trabalhar.

Os fatos são discriminadores. O modelo de crescimento dos jovens do PT, que foi baseado em estímulos ao consumo e aumentos de salários muito acima da produtividade do trabalho, esgotou-se. Para poder crescer é preciso urgentemente convocar a classe empresarial para investir, mas, na atual conjuntura econômica, alguns industriais já dizem que investir no Brasil da atualidade é aventura para doidos. Retirar o Estado da economia e parar com os intervencionismos que estão levando o Brasil a descer ladeira abaixo e ao desânimo que está realmente acontecendo na classe produtiva não consta da cartilha dos petistas e da atual presidente brasileira.

Todos os investidores brasileiros e do exterior estão esperando o que vai acontecer depois das eleições. Na eleição de Lula, propagou-se que a esperança deveria vencer o medo. Nos tempos atuais, os investidores estão vendo se a esperança ainda existe. O finado ex-candidato a presidente da República e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em sua última entrevista na televisão disse que “não devemos desistir do Brasil”. Com sua prematura morte é preciso que os brasileiros também adotem o que ele falou.

Terminadas as eleições, os brasileiros deverão começar também a combater as principais doenças que assolam o Brasil de hoje, como disse Eduardo Campos. Entre outras, podemos citar as seguintes: as distorções trabalhistas que estão colaborando para o desemprego, a alta tributação sobre o produto nacional, que alcança 40% do PIB, a má gestão ou a ganância que faz o governo federal gastar mal e em excesso, diminuir o número de ministérios, que só servem para proporcionar empregos a companheiros de campanha, fazer as privatizações de portos, estradas, ferrovias, hidrovias, aeroportos, etc. Se nada disso for feito, será muito difícil o Brasil voltar a crescer e se desenvolver. A grande maioria dos economistas brasileiros e estrangeiros fala justamente isso.

O governo atual do Brasil tomou decisões erradas: arruinou a Petrobras com controles de preços dos derivados e má gestão que fizeram essa estatal ser a petroleira mais endividada do mundo e também o sistema elétrico, cujas tarifas serão aumentadas depois das eleições ou em 2015 em torno de 22% a 25%. Quem pagará a conta será a população como um todo, porque os preços da gasolina e da energia fazem parte dos custos de quase todos os produtos consumidos pela população.

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