Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 31/08/2014
O que dizer da relação entre teatro e psicanálise?
Desde sempre o teatro imitou a vida e representou a experiência humana
tal como ela é. Dramática, trágica e também cômica. No entanto, enquanto
representadas, essas relações nos permitem refletir sobre esse jogo
relacional que ocorre lá, fora do espaço interno. Essa distância permite
que assimilemos melhor o conteúdo apresentado, uma vez que não se
refere a nós mesmos. Estamos livres das implicações que tanto nos levam a
negações e atitudes defensivas.
Shakespeare é magistral ao criar em Hamlet um personagem capaz de conceber uma peça dentro da peça, para denunciar uma verdade que não poderia ser escutada de outro modo. Mas assim fez-se clara uma verdade escondida.
O teatro imita a vida e a demonstra. Jean-Martin Charcot, por exemplo, ensinava por meio de demonstrações exemplares que podemos nos aproximar de alguma forma do modelo teatral. Ele foi um neurologista e cientista francês famoso no terreno da psiquiatria, na segunda metade do século 19; Freud era um de seus alunos.
Suas aulas consistiam na apresentação das crises de conversão de pacientes histéricas nas mais diversas formas. Eram cenas “teatrais” que hoje vemos representadas em fotografias e que parecem simulações, de tão caricaturais. Os alunos sentados na sala assistiam ao vivo a tais manifestações enquanto o mestre ensinava suas impressões e descobertas.
A psicanálise pode também ser transmitida por meio do teatro. O que é realizado por Quinet transmite a psicanálise por meio de textos que utilizam a ética da psicanálise. No primeiro livro, O sintoma – Variações freudianas 1, trata do sintoma e, nas palavras da psicanalista Elizabeth Rocha Miranda, os atores emprestam seus corpos para dar voz ao sintoma como mensagem cifrada, que guarda a verdade do sujeito, mantendo-o em seu lugar, o do “semidizer”.
O sintoma obsessivo e a conversão histérica apresentam a dança do acasalamento sempre fracassado entre o desejo impossível e o desejo insatisfeito, com os passos marcados pela conversão de uma e a ruminação de outro. A transmissão do drama do ser falante, a impossibilidade da relação sexual, é transmitida com arte e beleza.
No segundo livro, O ato – Variações freudianas 2, mostra variações dos atos humanos com suas determinações inconscientes e suas formas de laços sociais. De acordo com o próprio autor, o ato define o homem como o único ser capaz de agir de forma responsável e ética, mesmo que seja inconsciente. É a primeira comédia da Cia. Inconsciente em Cena, uma sátira da sociedade que a espelha e, por meio do humor, pretende fazer um furo no discurso capitalista da tecnociência que transforma todos em acéfalos consumidores de um gozo efêmero.
Antonio Quinet lançará, em Belo Horizonte, esses dois novos livros (O sintoma – Variações freudianas 1 e O ato – Variações freudianas 2 – SP: Giostri, 2014 –, que inauguram uma coleção sobre suas peças. Ao seu extenso currículo, o psicanalista e doutor em filosofia somou a dramaturgia. Quinet é professor do mestrado e doutorado de psicanálise, saúde e sociedade (UVA), onde desenvolve a pesquisa “Teatro e psicanálise”. Diretor-fundador da Cia. Inconsciente em Cena, fez formação em psicanálise em Paris, na Escola de Lacan e na Universidade Paris VIII.
Renato Icarahy, dramaturgo e professor de teatro (Unirio), confessa que ficou apreensivo a princípio, sem saber de que forma uma discussão tão específica e técnica poderia ganhar forma sobre o tablado e ainda mais com a presença do psicanalista, travestido ele mesmo de ator e elemento integrante da encenação. Ainda mais quando o personagem-psicanalista é autor da obra que se desdobra em ator, diretor de cena, conferencista e observador. Concluiu que, sim, a psicanálise e o teatro têm muito a dizer. O lançamento será em 5 de setembro, às 20h30, no auditório do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, Rua Dom José Gaspar, 290, Coração Eucarístico.
Shakespeare é magistral ao criar em Hamlet um personagem capaz de conceber uma peça dentro da peça, para denunciar uma verdade que não poderia ser escutada de outro modo. Mas assim fez-se clara uma verdade escondida.
O teatro imita a vida e a demonstra. Jean-Martin Charcot, por exemplo, ensinava por meio de demonstrações exemplares que podemos nos aproximar de alguma forma do modelo teatral. Ele foi um neurologista e cientista francês famoso no terreno da psiquiatria, na segunda metade do século 19; Freud era um de seus alunos.
Suas aulas consistiam na apresentação das crises de conversão de pacientes histéricas nas mais diversas formas. Eram cenas “teatrais” que hoje vemos representadas em fotografias e que parecem simulações, de tão caricaturais. Os alunos sentados na sala assistiam ao vivo a tais manifestações enquanto o mestre ensinava suas impressões e descobertas.
A psicanálise pode também ser transmitida por meio do teatro. O que é realizado por Quinet transmite a psicanálise por meio de textos que utilizam a ética da psicanálise. No primeiro livro, O sintoma – Variações freudianas 1, trata do sintoma e, nas palavras da psicanalista Elizabeth Rocha Miranda, os atores emprestam seus corpos para dar voz ao sintoma como mensagem cifrada, que guarda a verdade do sujeito, mantendo-o em seu lugar, o do “semidizer”.
O sintoma obsessivo e a conversão histérica apresentam a dança do acasalamento sempre fracassado entre o desejo impossível e o desejo insatisfeito, com os passos marcados pela conversão de uma e a ruminação de outro. A transmissão do drama do ser falante, a impossibilidade da relação sexual, é transmitida com arte e beleza.
No segundo livro, O ato – Variações freudianas 2, mostra variações dos atos humanos com suas determinações inconscientes e suas formas de laços sociais. De acordo com o próprio autor, o ato define o homem como o único ser capaz de agir de forma responsável e ética, mesmo que seja inconsciente. É a primeira comédia da Cia. Inconsciente em Cena, uma sátira da sociedade que a espelha e, por meio do humor, pretende fazer um furo no discurso capitalista da tecnociência que transforma todos em acéfalos consumidores de um gozo efêmero.
Antonio Quinet lançará, em Belo Horizonte, esses dois novos livros (O sintoma – Variações freudianas 1 e O ato – Variações freudianas 2 – SP: Giostri, 2014 –, que inauguram uma coleção sobre suas peças. Ao seu extenso currículo, o psicanalista e doutor em filosofia somou a dramaturgia. Quinet é professor do mestrado e doutorado de psicanálise, saúde e sociedade (UVA), onde desenvolve a pesquisa “Teatro e psicanálise”. Diretor-fundador da Cia. Inconsciente em Cena, fez formação em psicanálise em Paris, na Escola de Lacan e na Universidade Paris VIII.
Renato Icarahy, dramaturgo e professor de teatro (Unirio), confessa que ficou apreensivo a princípio, sem saber de que forma uma discussão tão específica e técnica poderia ganhar forma sobre o tablado e ainda mais com a presença do psicanalista, travestido ele mesmo de ator e elemento integrante da encenação. Ainda mais quando o personagem-psicanalista é autor da obra que se desdobra em ator, diretor de cena, conferencista e observador. Concluiu que, sim, a psicanálise e o teatro têm muito a dizer. O lançamento será em 5 de setembro, às 20h30, no auditório do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, Rua Dom José Gaspar, 290, Coração Eucarístico.
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