segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mogno-africano para quem não tem terra‏

Estado de Minas: 25/08/2014 



Considerado o “ouro verde” do futuro por causa das boas possibilidades de lucro, o mogno-africano tem levado à criação de projetos de investimentos diferenciados. Já é possível adquirir cotas de lavouras estruturadas por empresas que vislumbraram o potencial da madeira nobre. No entanto, os grupos formados são limitados e muito controlados, para evitar problemas de pirâmides financeiras, como as da Master Avestruz e da Boi Gordo, que geraram bilhões de reais em prejuízos para milhares de brasileiros. A ideia é investir com riscos mais limitados em florestas que podem render até R$ 600 mil a cada R$ 45 mil aplicados. Mas as queimadas são ameaças e os ganhos só começam depois de mais de 12 anos de aportes. Minas Gerais saiu na frente e já é o campeão no cultivo do mogno-africano.

Mogno a prestação Planos de negócios voltados para a exploração da madeira nobre ganham espaço tanto no país quanto em Minas. Empreendedores convidam investidores selecionados para apostar no negócio
Pedro Rocha Franco


Transformado em vedete por causa da alta demanda e aumento da restrição do corte em florestas nativas, o cultivo do mogno-africano e outras madeiras nobres tem atraído interessados diversos, devido à possibilidade de alto retorno. De megaempresários do agronegócio a investidores que se associam em grupos, públicos distintos enxergam no produto uma forma de lucrar a longo prazo.

Em busca de uma forma de inovar para ganhar dinheiro, um grupo de amigos do curso de engenharia de produção da Universidade Federal de Minas Gerais se associou para criar startups (modelos de empresas inovadoras e promissoras criados em condições de incerteza por grupos de pessoas). A primeira ideia colocada em prática foi a de uma fábrica de pão de queijo. Eles então decidiram estudar a indústria de reflorestamento. Sem brecha para investir em eucalipto, depois de um congresso descobriram o mercado de madeiras nobres – o ouro verde.

O grupo estudou por um ano o setor, analisou as projeções de investimento e, por fim, resolveu adotar o mogno. No período, os amigos criaram um plano de negócios que indicou ser o mercado viável economicamente a partir de uma escala de 100 hectares. Para isso, o aporte necessário seria de R$ 9 milhões. Sem capital nenhum para investir, eles convidaram pessoas da rede de contatos para se associar. Em uma oferta privada de capital, tios, amigos e outras pessoas próximas gostaram do projeto. Em alguns meses, o valor foi arrecadado por meio da cotização. Logo, hoje não é possível a entrada de novos associados. Mas o plantio foi feito e o mogno já cresce e promete lucro para longo prazo.

FUGA DE RISCOS No meio do processo, no entanto, os amigos se depararam com um entrave jurídico e a necessidade de se diferenciar de outros projetos que acabaram se transformando em caso de polícia, como o Boi Gordo e a Avestruz Master (veja quadro). Entre outros, a empresa publica a cada trimestre o balanço financeiro auditado. “Golpes são caracterizados por lucros absurdos em curto espaço. A Ouro Verde trabalha com longo prazo”, afirma o sócio da empresa de cultivo Ouro Verde, Henne Danif.

A expectativa é que 336 árvores sejam produzidas por hectare. As projeções internas do grupo mostram que a receita gerada por hectare é de aproximadamente R$ 700 mil. Ou seja, ao todo, o negócio deve render R$ 70 milhões, retorno 667% superior ao investido.

Projeto semelhante é mantido em Janaúba, Norte de Minas, pela Meta Florestas. Idealizado por dois irmãos, ele pode se tornar o maior do Brasil nos próximos anos. Segundo o executivo da empresa, Raphael Valle Cruz, uma sociedade anônima foi constituída e, ao todo, hoje são 19 associados. A entrada de cada novo associado é avaliada em conjunto por todos os integrantes. E também não há captação pública de investidores.

“São empresários que quiseram diversificar seus portfólios”, afirma Cruz sobre o perfil dos sócios. Cada um faz um aporte mensal de acordo com o número de ações. Ele explica que para cada hectare, desde a compra da terra até o corte, aproximadamente 12 anos depois são investidos R$ 45 mil. O retorno previsto é de R$ 600 mil. “No primeiro ano o custo é maior devido à compra de mudas e da terra. Depois, é mais manutenção”, explica o executivo.

As primeiras mudas foram plantadas há sete anos, ocupando, na época, 46 hectares. Hoje, são aproximadamente 700 hectares e a previsão é de que nos próximos quatro anos o negócio ocupe mais 800 hectares. 

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