terça-feira, 12 de agosto de 2014

O executivo e as leis da vida‏

O executivo e as leis da vida
Nada deve impedir a busca e o alcance do avanço espiritual
G
ilson E. Fonseca
Sócio e diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica (Soegeo)
Estado de Minas: 12/08/2014


O executivo de empresa, por conta de muitos outros, carrega o estigma de ser materialista, pensar mais em números, produção, dinheiro, em detrimento do sentimento, das coisas da alma. Por essa razão escolhi esse tema, na presunção de amenizar essa ideia, pois desmitificá-la parece impossível. A maioria de nós está sempre se perguntando o que rege nossas vidas. O humanista francês Alexis Carrel ao escrever o livro O homem perante a vida deu-nos muitas respostas. Foi muito feliz em entender as três principais leis, ou instintos, que regem nossa existência: a conservação, a propagação e a ascese (crescimento espiritual). A conservação é a mais notada no dia a dia. Qualquer coisa, independentemente do tamanho, que ameace cair sobre a gente, “instintivamente”, nos protegemos colocando as mãos sobre a cabeça. Em uma doença, as pessoas tornam-se lutadoras e valentes, fazendo de tudo para preservar suas vidas por mínimas que sejam as suas chances.

A 2ª lei, pouco notada, esconde sutilezas. Muitas pessoas não se dão conta da razão que as levou a trocar a “tranquilidade” de estarem solteiras para assumir as responsabilidades de um casamento e riscos como ter filhos doentes, dificuldades financeiras etc. O instinto de propagar a vida é tão forte que esses riscos reais se tornam menores diante do medo de ficar só. Casal com impossiblidade de ter filhos costuma ter dificuldades emocionais, exatamente porque não foi possível exercitar seu instinto de gerar filhos e “cuidar da cria”, ficando sempre um vazio na sua vida. A ascese, a 3ª lei, é mais complexa, a começar porque é a única que nos diferencia dos animais, já que eles também lutam na preservação e propagação da vida. Entretanto, ela se mostra silenciosa e escondida e a maioria só começa a notá-la na chamada meia-idade. Jean-Jacques Rousseau dizia que o homem nasce bom, a sociedade é quem o corrompe. Assim, o desejo de ser bom, de ser asceta, apenas pode estar negligenciado pelas tentações da vida diante do hedonismo da nossa sociedade capitalista. Na idade madura, entretanto, parece surgir uma inquietação, quando as rugas se estampam no rosto, as limitações físicas surgem e o tempo vai se mostrando escasso para revermos o que fizemos ou deixamos de fazer. Nos defrontamos, então, com a necessidade de compensar as perdas biológicas pela valorização do espírito. A necessidade de mudança é forte e, nesse processo, muitos passam por experiências dolorosas ao fazer um balanço de suas vidas. Conscientizar-se em fazer coisas positivas é instintivo e promove a necessidade de desenvolver sentimentos mais nobres como tolerância, fraternidade, compreensão, desprendimento e outros.

Dessa forma, a vida pode tornar-se mais prazerosa se comparada com os prazeres efêmeros da juventude. Aí, beleza física, status etc. passam a não ter tanto valor sem a sabedoria, porque nada pior que ser um velho pobre de espírito. Maturidade, então, é saber equilibrar as limitações físicas, vencendo eventuais crises existenciais, porque elas doem, mas necessariamente não destroem. Ao abandonar valores sem bases espirituais sólidas, por outros genuínos e verdadeiros, pode-se exercitar a 3ª lei da vida e ascender à espiritualidade.

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