Foi numa clara e
quente manhã daquele verão carioca que eu finalmente cheguei à conclusão
de que minha vida profissional teria que andar juntinho com a vida
pessoal. A distância estava pesando, a saudade da convivência diária com
a família se tornando insuportável, as férias- prêmio chegando ao fim, e
nada de concreto em relação à transferência do emprego público, que me
possibilitaria levá-los para viver na capital federal.
Absorto na leitura de um dos jornais – eram muitos, nacionais e estrangeiros – que estavam espalhados sobre sua mesa de trabalho, Samuel Wainer não dava por minha presença do lado de fora, embora as paredes fossem de vidro. A sala do “poderoso chefão” parecia um aquário. O jeito foi, com os nós dos dedos, chamar sua atenção.
Olhou-me por sobre os óculos, sorriu, fez sinal para que eu entrasse. Sem se levantar, estendeu a mão para o cumprimento. Felicitou-me pela reportagem inserida com enorme destaque – a cores –, ocupando quase toda a página do jornal daquele dia. A matéria merecera tanta ênfase que na página, além dela, estava apenas a coluna de Nelson Rodrigues – A vida como ela é – e uma pequena notícia sobre o atacante Vinícius, que atuava no Lazio, de Roma, também de minha autoria.
Toda aquela gentileza só fazia por aumentar minha inibição em relatar o motivo da minha presença ali nos domínios do “chefão”. Mas criei coragem e fui falando aos borbotões. Cara a cara informei que já estava com a mala pronta para regressar em definitivo para Belo Horizonte. Reiterei o fim de minhas férias-prêmio e a necessidade de reassumir meu cargo na Imprensa Oficial do Estado.
Samuel Wainer levantou-se, incrédulo. Elevou a voz:
“Tu estás louco! Jogar fora uma carreira promissora como a tua? Estás maluco?”
Absorto na leitura de um dos jornais – eram muitos, nacionais e estrangeiros – que estavam espalhados sobre sua mesa de trabalho, Samuel Wainer não dava por minha presença do lado de fora, embora as paredes fossem de vidro. A sala do “poderoso chefão” parecia um aquário. O jeito foi, com os nós dos dedos, chamar sua atenção.
Olhou-me por sobre os óculos, sorriu, fez sinal para que eu entrasse. Sem se levantar, estendeu a mão para o cumprimento. Felicitou-me pela reportagem inserida com enorme destaque – a cores –, ocupando quase toda a página do jornal daquele dia. A matéria merecera tanta ênfase que na página, além dela, estava apenas a coluna de Nelson Rodrigues – A vida como ela é – e uma pequena notícia sobre o atacante Vinícius, que atuava no Lazio, de Roma, também de minha autoria.
Toda aquela gentileza só fazia por aumentar minha inibição em relatar o motivo da minha presença ali nos domínios do “chefão”. Mas criei coragem e fui falando aos borbotões. Cara a cara informei que já estava com a mala pronta para regressar em definitivo para Belo Horizonte. Reiterei o fim de minhas férias-prêmio e a necessidade de reassumir meu cargo na Imprensa Oficial do Estado.
Samuel Wainer levantou-se, incrédulo. Elevou a voz:
“Tu estás louco! Jogar fora uma carreira promissora como a tua? Estás maluco?”
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