quinta-feira, 21 de março de 2013

ASTRONOMIA » Voyager 1 teria saído do Sistema Solar Rodrigo Craveiro‏


Estado de Minas: 21/03/2013 

Brasília – A 18 bilhões de quilômetros da Terra e depois de viajar por quase 36 anos no espaço, a sonda norte-americana Voyager 1 tornou-se ontem o centro de uma grande polêmica. Um estudo divulgado pela Geophysical Research Letters, uma publicação científica da União Geofísica Americana, garante que a nave abandonou a heliosfera — a região dominada pelo Sol e pelo vento de partículas energéticas. Para Bill Webber, astrônomo da Universidade do Estado do Novo México e principal autor da pesquisa, seria um indício de que a Voyager 1 já estaria fora do Sistema Solar. A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, anunciou não saber, com segurança, se a sonda realmente alcançou o espaço interestelar, uma área formada por gases provenientes de outros sistemas planetários e estrelas, além da matéria escura.

Em entrevista ao Estado de Minas, por telefone, Webber reafirmou crer que a Voyager 1 tenha saído da heliosfera. "Em 25 de agosto de 2012, detectamos uma grande redução no índice de raios cósmicos anômalos, presos naquela região. Eles caíram milhares de vezes, enquanto os raios vindos do restante da galáxia subiram a um nível que não pensávamos ser algo verdadeiro. A Voyager 1 claramente ultrapassou uma fronteira importante naquele dia", disse o cientista, que ajudou a desenhar os principais instrumentos da sonda, na década de 1970.
Segundo Webber, a precaução da Nasa ao não fazer o anúncio oficial da façanha de sua espaçonave tem uma explicação técnica. "Eles se basearam na análise do campo magnético, que é bem difícil de ser interpretada. Eu analisei a interação da Voyager 1 com as partículas, e ficou evidente que a sonda cruzou de uma região do espaço para outra. Não há dúvidas disso", comentou. O astrônomo afirmou que a Voyager 1 continuará a realizar medições fora do Sistema Solar. "A sonda tem feito isso nos últimos seis meses, e os dados enviados corroboram com o que imaginávamos encontrar", disse. "Vamos descobrir como o Sistema Solar interage com o restante da galáxia e medir a atividade nessa região. Devemos continuar as pesquisas pelos próximos oito ou 10 anos, até que o suprimento de energia da Voyager 1 caia a um ponto em que será impossível rastreá-la", concluiu. 

Em dezembro passado, outro estudo mostrou que a sonda explorava os confins do Sistema Solar, numa região chamada de "rodovia magnética", considerada a última parada antes do espaço interestelar. A Voyager 1 viaja a uma velocidade média de 57,6 mil km/h — rápida o bastante para viajar da Terra ao Sul três vezes e meia em um ano — e carrega 10 instrumentos científicos, entre eles um espectrômetro ultravioleta, um fotopolarímetro e um telescópio de raios cósmicos. De acordo com Webber, a espaçonave se aproxima da estrela AC 793.888
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