É grande a curiosidade do meio político sobre o tom que Eduardo Campos adotará no dia 25, ao discursar ao lado de Dilma Rousseff
Estado de Minas: 21/03/2013
Foi na Região
Nordeste que a presidente Dilma Rousseff obteve a maior aprovação a seu
governo e a seu modo de governar, na pesquisa CNI/Ibope divulgada esta
semana, em que os índices nacionais, nestes dois quesitos, são de 63% e
79%, respectiovamente. Na eleição de 2014, o Nordeste poderá ajudá-la a
compensar perdas em Minas, onde Aécio Neves é fortíssimo, e em São
Paulo, historicamente resistente ao PT. Ainda assim, o quadro
político-eleitoral de Pernambuco preocupa particularmente o PT.
Dilma
teve 11 milhões de votos a mais que José Serra no segundo turno de
2010, dos quais mais de 3 milhões obtidos no estado hoje governado pelo
cada vez mais candidato do PSB, Eduardo Campos. Provavelmente ele
colherá em Pernambuco uma votação tão hegemônica quanto a que Aécio deve
ter em Minas Gerais. Os petistas admitem que as perdas em Pernambuco
podem reduzir a vantagem de Dilma no conjunto da região, onde Eduardo
deve ampliar sua penetração. Precisam, no mínimo, montar uma palanque
próprio para Dilma no estado mas, hoje, as condições para fazer isso não
são nada favoráveis.
Campos deve ter um candidato à sua sucessão
inteiramente subordinado a seu próprio projeto, leal e desprovido de
ambições próprias, tal como Geraldo Júlio, o “poste” que elegeu para a
Prefeitura de Recife. Fala-se muito no senador Armando Monteiro, do PTB.
Ele é um aliado de peso mas claramente não se enquadra neste perfil.
Seja quem for o candidato, entretanto, contará com a força do atual
governador.
Já o PT local continua dividido e não superou ainda
o racha interno do ano passado que o levou a perder a prefeitura. Nem
tem um candidato que seja forte e de unidade. O ex-ministro e senador
Humberto Costa pode ter as melhores condições eleitorais, mas o
ex-prefeito João Paulo está se colocando para a disputa. Para completar,
o aliado PMDB é liderado no estado pelo senador Jarbas Vasconcelos,
desafeto que se recompôs com Eduardo Campos e hoje apoia sua
candidatura. Humberto Costa admite que a situação é crítica mas acha que
só o processo de eleições diretas para a nova direção, o PED estadual,
em novembro, estabelecerá uma maioria que poderá juntar os cacos do PT
pernambucano. Lula poderia estar dando uma ajuda mas parece evitar se
envolver no estado porque acreditaria, quase solitariamente, que a
candidatura Campos ainda pode ser evitada.
Olhando o quadro, os
petistas recordam que ele foi criado por eles mesmos, pela deferência de
Lula para com Eduardo e pelo volume de recursos despejados no estado em
seu governo e no atual. O resto, Eduardo conseguiu como bom gestor que é
e como político habilidoso.
Na segunda-feira, 25, em Serra
Talhada, ele terá o primeiro encontro com Dilma depois que subiu o tom
de suas críticas ao governo federal e explicitou mais sua candidatura,
embora criticando sempre os que já se apresentam como candidatos. É
grande a curiosidade do meio político sobre tom que adotará ao lado
dela.
Volta da polêmica
O deputado Natan
Donadon, condenado pelo STF a 13 anos de prisão por participação num
esquema de corrupção em Rondônia, recorrerá ao tribunal contra a
discrepância entre sua pena e a de outros participantes do mesmo
esquema, julgados pela primeira instância no estado. Ainda que não
recorra, entretanto, cresce entre os deputados o entendimento de que ele
só poderá ser preso depois de perder o mandato, em processo conduzido
pela Casa. O STF continua informando que ele será preso quando esgotados
os recursos, na condição de deputado, porque os crimes não foram
cometidos no exercício do mandato. No horizonte, a possibilidade de nova
fricção entre os dois poderes.
Serra e Aécio
Na
conversa de terça-feira, em nenhum momento o ex-governador José Serra
externou desejo de presidir o PSDB a partir de maio. Conversa
inconclusiva. “Eles vão continuar conversando, nós vamos continuar
ajudando na busca da unidade. Mas no dia 25 Aécio dará um passo
importante que já devia ter dado ao iniciar o diálogo com o conjunto da
valorosa representação paulista do PSDB”, diz o atual presidente, Sérgio
Guerra.
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