Redes sociais se transformam em espaço de
articulação de eventos que vêm cada vez mais movimentando as ruas da
cidade. Caso do Harlem Shake e do St. Patrick's Day
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 15/03/2013
Foi assim com a Praia da Estação, com o
carnaval, com a festa de St. Patrick's Day (que tem nova edição amanhã)
e, mais recentemente, com o fenômeno viral Harlem Shake. A internet e
sobretudo as redes sociais têm tido, cada vez mais, papel fundamental na
divulgação e até na criação de eventos pela cidade. Maneira prática,
rápida, barata e eficiente de mobilizar as pessoas, mas que pode trazer
tanto ônus quanto bônus. Os desfiles dos blocos de rua de Belo
Horizonte, que começaram a ganhar força em 2009 e tiveram um boom este
ano, estão entre os principais exemplos da força do Facebook, do Twitter
e afins. Agremiações que inicialmente levavam 100, 200 pessoas, em 2013
arrastaram até 10 mil foliões. “Acho que, independentemente das redes
sociais, esses movimentos cresceriam naturalmente pelo boca a boca,
apesar do poder que a internet tem. Mas não vejo isso como lado
negativo. Evento público não é só para uma panelinha, a cidade inteira
deve participar”, defende o publicitário e ativista político Fidélis
Alcântara.
No caso do Harlem Shake, hit eletrônico do produtor
norte-americano Baauer que levou 700 pessoas para a Praça da Savassi, em
fevereiro, o sucesso foi tamanho, que os organizadores chegaram a se
preocupar com algum transtorno com a polícia, que chegou apareceu. No
entanto, tudo correu na normalidade e com muita animação. O evento
criado por dois amigos no Facebook, que chegou a ter 1 mil confirmações,
levou gente divertida e fantasiada para a praça, todos dançando
alucinadamente a tarde inteira. “Não esperava que tivesse essa
magnitude. Mas não incomodamos ninguém, não colocamos música alta e foi
bem bacana. Não gastamos nada com panfletos, divulgação na rua. É muito
mais prático você fazer um evento assim porque todo mundo tem celular,
computador e está conectado”, acredita Lucas Almeida, um dos
organizadores do Harlem Shake BH.
Ocupação
Para Fidélis
Alcântara, há um interesse maior da população pela cidade e é justamente
por meio das redes sociais que as pessoas conseguem se fazer ouvir. “E
essa mídia ainda não atingiu o auge de seu poder e de transformação
social. Ainda não dimensionamos o crescimento e a importância desses
meios digitais e o quão eles estão cada vez mais alinhados com a
população”, acredita o publicitário, que participa de movimentos como o
carnaval e a Praia da Estação — manifestação divertida contra o decreto
municipal que impunha uma série de restrições ao uso da Praça da
Estação.
A jornalista Carolina Abreu, que vai defender
dissertação de mestrado justamente sobre a Praia da Estação, lembra que
caso não houvessem essa vontade e essa necessidade de ocupação do espaço
público, de nada adiantaria a ampla mobilização no Facebook ou no
Twitter, mas não nega a praticidade e o poder que as redes têm nesse
sentido. “Um não existe sem o outro. A razão de os eventos existirem é a
ocupação do espaço público, e claro, que com a ajuda da internet, fica
mais fácil articular e divulgar. Mas não adianta fazer a mobilização
on-line senão houver o laço físico também. Só o Face não é suficiente”,
ressalta.
Professora do Departamento de Comunicação Social da
UFMG e pesquisadora do Centro de Convergência de Novas Mídias (CCNM),
também da universidade, Geane Alzamora diz que cada época tem sua mídia
preferencial e que, certamente, outra surgirá. No entanto, destaca que
isso não significa que as tradicionais como a televisão e o rádio
perderam sua importância. “No momento atual, a vida da juventude se
passa nas redes sociais. Mas não há ruptura com as mídias de massas
preferenciais. O rádio e a TV se acoplam a esse processo. À medida que
esses eventos de impacto social passam a ser divulgados na rede e a ter
grande adesão, a tendência é a mídia tradicional passar a cobri-los”,
analisa.
Vem aí
» Amanhã, estão
programados dois eventos na cidade que tiveram grande mobilização pelas
redes sociais. O ST. Patrick’s Day BH, que celebra o Dia de São
Patrício, padroeiro da Irlanda, ocorre das 13h às 22h, no Parque das
Mangabeiras. No programa, oito bandas e seis DJ’s se revezarão em três
palcos. Segundo Otacílio Mesquita, um dos organizadores da festa, o ST.
Patrick’s Day de 2012 foi o evento promovido em Minas pelo Facebook com o
maior número de confirmações (25 mil). “É a nossa principal ferramenta
de divulgação e parâmetro também, já que não necessariamente todo mundo
que confirma ou curte a página no Face vai ao evento. Acho isso
extremamente positivo”, frisa. A camiseta/ingresso custa R$ 35 (preço
único), na Central dos Eventos (www.centraldoseventos.com.br). Não é
obrigatório o uso da camiseta. Informações:
www.facebook.com/stpatricksdaybhz.
» E na Avenida Bernardo
Monteiro, também amanhã, a partir das 14h, rola o movimento Fica Fícus,
um PICnicPRAIA em defesa dos fícus que estão doentes e sendo cortados
pela Prefeitura. Estão previstas atividades como piquenique, música,
rodas de capoeira e intervenções artísticas, entre outros. Informações:
http://ficaficus.concatena.org/.
» No dia 23, a partir das 14h,
na Praça do Papa, rola a Mega Harlem Shake. Pelo menos 2 mil pessoas já
confirmaram presença. Informações no Face.
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