sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O cantor e compositor Gilberto Gil é atração da 10ª edição do Mimo‏


De olho no mundo 

O cantor e compositor Gilberto Gil é atração da 10ª edição do Mimo, festival que será aberto hoje em Paraty e tem apresentações em Ouro Preto e Olinda
 

Eduardo Tristão Girão

Estado de Minas: 23/08/2013 


Gil vai apresentar o show Ituaçu pela primeira vez em Minas no dia 31, com a Orquestra de Sopros da Pro Arte     (Nacho Doce/Reuters)
Gil vai apresentar o show Ituaçu pela primeira vez em Minas no dia 31, com a Orquestra de Sopros da Pro Arte


Uma das principais atrações da 10ª edição do festival musical Mimo, Gilberto Gil desembarca em Ouro Preto para apresentação gratuita na Praça Tiradentes dia 31. Não será um show qualquer: ele estará acompanhado pelos jovens cariocas da Orquestra de Sopros da Pro Arte, que lhe prestarão homenagem com o show Ituaçu, recheado com arranjos de canções de sua carreira inteira. Na sequência, o artista baiano viaja para Olinda (PE), onde repetirá o espetáculo na Praça do Carmo, dia 7 do mês que vem, na programação do mesmo evento, que começa hoje em Paraty (RJ).

“Os músicos da Pro Arte fazem acompanhamento muito devotado da música popular, voltados a formar talentos e a desenvolver o gosto pela música. Nosso trabalho começou há um ano e eles estão tocando músicas de várias fases do meu trabalho. Fiquei muito lisonjeado e alegre. São meninos e meninas jovens e a relação com eles é muito afetuosa”, afirma Gilberto Gil. Até então, Ituaçu (nome de cidade do interior baiano onde Gil nasceu) foi apresentado somente no Rio de Janeiro.

Tradicionalmente, a orquestra homenageia artistas brasileiros com concertos, como já foi feito com Chico Buarque, Tom Jobim, Lamartine Babo, Moacir Santos, Pixinguinha, Dorival Caymmi, Milton Nascimento e Egberto Gismonti. Desta vez, seis de seus integrantes, com idades entre 19 e 26 anos, encararam o grande desafio de escrever arranjos para canções do mestre baiano, como Beira-mar, Amor até o fim, Viramundo, Extra, Expresso 2222 e De onde vem o baião. Também foram incluídas no repertório Drão, Roda, Lunik 9, Eu vim da Bahia, Sítio do pica-pau amarelo e Mar de Copacabana.

Gil não trará nenhum músico da banda que costuma acompanhá-lo (e é formada por craques como o baixista Arthur Maia e o saxofonista Marcelo Martins), deixando praticamente tudo por conta dos 36 integrantes da orquestra, que tocará sob a regência de Raimundo Nicioli, diretor e um dos arranjadores do grupo. A direção do espetáculo é assinada por ele, ao lado de Claudia Ernest Dias e Fernando Trocado.

Ainda motivado pelo centenário de Luiz Gonzaga, comemorado no ano passado, Gil homenageará o Rei do Baião – que é uma de suas influências centrais – com canções como ABC do sertão e Baião da garoa. Estão previstas, ainda, participações especiais de Marcelo Caldi (acordeom), Carlos Malta (sopros) e Mariana Bernardes (vocais).

Tendências

Gil acaba de voltar de giro pela Europa e Oriente Médio com sua turnê Tour for all, que contemplou Portugal, Itália, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Turquia e Israel entre julho e este mês. Para ele, a programação do Mimo, que réune artistas de diversas nacionalidades em Paraty, Ouro Preto e Olinda a partir de hoje, prova que a música brasileira continua em alta no exterior: “Isso representa a expansão natural da música popular pelo mundo e também o prestígio da música brasileira, que sensibiliza as pessoas lá fora. Esse gosto pela mistura cresceu com o jazz e, principalmente, o rock and roll”.

Entre os estrangeiros que marcarão presença no evento, Gil conhece o acordeonista francês Richard Galliano. “Ele é muito querido. Já tocamos juntos e ele é amigo de vários acordeonistas brasileiros”, elogia o baiano. Nome de peso na cena instrumental internacional, Galliano já colaborou com instrumentistas de diversas vertentes e nacionalidades (incluindo Hermeto Pascoal), tendo lançado em abril disco dedicado à obra de Vivaldi pela prestigiada gravadora Deutsche Grammophon. A apresentação dele com o Quinteto da Paraíba também será em Olinda e no mesmo dia da de Gil, mas na Igreja da Sé.

A programação do Mimo sempre inclui exibição de filmes e na retrospectiva de 10 anos do festival, preparada para esta edição, o público escolheu dezenas por votação na internet. Um deles tem Gil no foco: o documentário Tropicália (82 minutos, 2011), de Marcelo Machado, que inclui entrevistas, imagens raras e algumas das mais representativas canções do movimento musical que marcou o país no final dos anos 1960. Será exibido nas três cidades do festival.

Encontros musicais

Com o objetivo de fazer do Brasil polo de atrações da música mundial, o Mimo começa hoje em Paraty e passará por Ouro Preto (de 29 deste mês a 1º de setembro) e Olinda (de 2 a 8 do mês que vem). Na cidade fluminense tocarão artistas como o pianista norte-americano Herbie Hancock, o grupo português Madredeus e o cantor e compositor mineiro João Bosco.

Para Minas Gerais virão, entre outros, o tecladista jordaniano Tareq Al Nasser, o multi-instrumentista alemão Stephan Micus e a cantora paraense Dona Onete. Por Olinda, encerrando o evento, passarão atrações como o pianista mineiro Nelson Freire, o trompetista libanês Ibrahim Malouf e o grupo francês Nouvelle Vague.

Toda a programação é gratuita e o portal do evento na internet (www.mimo.art.br) conta com conteúdos de música, patrimônio histórico e cinema, além de informações sobre o festival e a cobertura da programação em tempo real. Já a webradio própria é abastecida com playlists de artistas de diversas partes do mundo. Há, ainda, ciclos de palestras, exposição de fotos e programas educativos em seis cidades. Aplicativos sobre as cidades históricas podem ser baixados, servindo de guias turísticos.


Fala Gil

» Direito autoral
“Não sei se reunir a categoria artística deve ser um objetivo em função desse debate. Divisão de opiniões sempre existiu e sempre existirá. É preciso retomar a fiscalização como elemento tranquilizador e a classe precisa estar atenta a como isso funcionará.”

» Fora do Eixo
“Essa autogestão é típica da contemporaneidade e há receio de que possa se tornar ameaça ao modus operandi. É preciso garantir a liberdade de expressão e a capacidade de acompanhamento pela sociedade, tanto em termos de apoio quanto de crítica.”

» Manifestações
“A associação do Fora do Eixo com a Mídia Ninja e as movimentações populares para estabelecer pautas é reflexo da expansão da cultura para a atuação política. Quando fui ministro da Cultura estive atento a tudo isso e estabeleci contato com os coletivos.”

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