quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ASTRONOMIA » Brasileiros descobrem estrela gêmea do Sol‏


ASTRONOMIA » Brasileiros descobrem estrela gêmea do Sol 

Isabela de Oliveira


Estado de Minas: 04/09/2013 

Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) anunciaram a descoberta de uma estrela que pode conter planetas rochosos parecidos com a Terra em sua órbita. Mais parecida com o Sol do que qualquer outro astro já conhecido, a HIP 102152 está localizada a 250 anos-luz, na Constelação de Capricórnio. Isso a fez ganhar o título de estrela gêmea idêntica do Astro-Rei, apesar de ser quase 4 bilhões de anos mais velha. 

Os especialistas acreditam que a estrela identificada trará pistas sobre como será o envelhecimento do Sistema Solar. Além disso, o estudo, publicado na revista especializada Astrophysical Journal Letters, sugere um novo modelo que pode ajudar a compreender melhor a composição química do Sol. 

Embora não possa ser vista a olho nu, a HIP 102152 pode ser observada com a ajuda de pequenos telescópios. No entanto, o estudo contou com as lentes superpotentes do Very Large Telescope (VLT), que possui 8m de diâmetro e fica no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. Segundo TalaWanda Monroe, coautora do trabalho, estrelas gêmeas são raríssimas. Poucas foram descobertas desde 1997, quando os telescópios se depararam com a jovem 18 Scorpii, que tem cerca de 2,9 bilhões de anos. 

Outra suspeita dos pesquisadores é que a HIP 102152 possua planetas rochosos e terrestres ao redor. Isso porque ela tem um padrão de composição química semelhante ao Sol. “Estrelas assim (gêmeas solares) são muito raras. Elas têm temperatura parecida à do Sol, além da gravidade e da composição química. Acreditamos que os planetas podem ter imprimido uma assinatura na composição solar, e, justamente por isso, há a possibilidade de ela abrigar planetas parecidos com os nossos”, conta Monroe.

Lítio Segundo Jorge Melendez, líder da equipe, um dos objetivos do estudo era saber se o Sol tem uma composição química típica. A baixa quantidade de lítio (cerca de 1% apenas) era uma questão que intrigava os cientistas particularmente. A questão é: se o lítio foi criado com o hidrogênio e o hélio durante o big bang, por que se encontra em menor concentração no Sol? A confusão aumentava quando estudos sobre estrelas gêmeas mais jovens indicavam uma quantidade significativamente maior do gás. 

Nesse estudo, a equipe conseguiu encontrar uma correlação entre a idade da estrela e a quantidade do elemento com confiabilidade superior a 99%. “Dessa forma, a idade da estrela vai definir a quantidade de lítio. Quando o Sol nasceu, ele tinha 160 vezes mais esse elemento, mas, conforme envelheceu, o valor diminuiu. Isso é decorrente de processos físicos que ocorrem no interior do astro, e tudo é definido pela idade”, explica Melendez. O pesquisador acredita que a correlação poderá ser muito útil nas próximas tentativas de estimar a idade de uma estrela. 

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