Dinheiro é o que permite que pessoas que não se conhecem cooperem entre si dentro de grupos humanos muito grandes, diz artigo publicado no periódico PNAS. Assinado por pesquisadores dos Estados Unidos, Suíça e Itália, o trabalho tem como título Money and trust among strangers (“Dinheiro e confiança entre desconhecidos”).
Os autores especulam que, se a cooperação nas sociedades humanas evoluiu com base na interação de pessoas que viviam em pequenos grupos e se encontravam cara a cara, “há uma questão aberta sobre o quê permitiu que os humanos obtivessem sucesso em tarefas de cooperação envolvendo milhões de indivíduos”.
Para explorar o problema, os autores criaram um experimento no qual alguns participantes eram “produtores” e outros “consumidores”. A cada rodada, o produtor poderia optar por dar um presente ao consumidor, ou não fazer nada. Os papéis eram trocados aleatoriamente a cada nova interação, o que em tese deveria estimular doações, já que os papéis de produtor e consumidor poderiam inverter-se a qualquer momento.
Num dado momento do experimento, os pesquisadores incluíram uma “pedrinha”, que o consumidor poderia usar para “comprar” o presente. O resultado encontrado foi de que a troca espontânea de presentes tendia a diminuir à medida que o tamanho do grupo de voluntários aumentava – o máximo testado foi de 32 – mas que a opção de “comércio” era estável mesmo em grupos grandes. “Nossa pesquisa sugere que regras de cooperação voluntária são difíceis de usar numa sociedade de desconhecidos, a menos que mediadas por uma instituição”, escrevem os autores. “No experimento, a troca monetária (...) deu sustentação a um nível de cooperação estável em grupos grandes e pequenos. Pedrinhas sem valor intrínseco agiram como catalisadores de cooperação”.
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