domingo, 13 de outubro de 2013

A importância do professor‏

A importância do professor

Dalva Soares Gomes de Souza

Estado de Minas: 13/10/2013


Toda pessoa já teve, pelo menos, um professor, alguém que lhe tenha ensinado a arte de viver ou a de fazer algo. Figura muito respeitada em outros tempos, perdeu seu valor com o passar dos anos. Os pretendentes a exercer a docência ficaram desmotivados com a desvalorização generalizada que acometeu essa função. Vestibulandos só fazem opção por alguma licenciatura quando o nível da concorrência para outros cursos indica a quase impossibilidade de sua aprovação.

A presença da curiosidade em nossa vida é inevitável. Queremos conhecer o mundo que nos rodeia desde tenra idade. Ato contínuo, participamos do ensino sistematizado pela escola. Piaget já dizia: “A inteligência é um produto do potencial inato em interação com o ambiente”. Assim crescemos, desvendando o desconhecido e ampliando nossa capacidade intelectual, tendo o professor como figura-chave desse processo.

Quem foi professor, há uns 30 anos, sabe o quanto era respeitado esse profissional. Os valores eram outros. Todos sabiam cantar o nosso Hino Nacional, além de se comportar adequadamente ao ouvi-lo. Arrepiava-se. Ainda não haviam estragado tanto nossa pátria e os nossos jovens. Mas o grande respeito ao professor vinha das famílias, hoje desmanteladas. Inúmeros fatores deram sua contribuição nesse item: emancipação feminina; ausência dos pais na vida dos filhos; separação constante dos casais; nenhuma referência para os filhos; aprovação automática em escolas públicas (grande pecado do sistema), gerando falta de estímulo para dar sequência aos estudos.

E o professor, que nesse meio-tempo foi até cognominado de trabalhador do ensino, via esvaziar, a cada dia, sua mais significativa função, a de educador. Essa trajetória ultrapassou uma década. Desmoralizados pelo sistema e desmotivados com os baixíssimos salários, alguns se aposentaram, outros mudaram de profissão. Como a cobrança de conhecimentos é irrisória tanto no ensino fundamental como no médio, caiu o interesse pelos estudos e, lamentavelmente, pelo ensino.

O aluno quer apenas o documento de sua conclusão para lançar medíocres voos na área do trabalho ou ingressar na universidade com bagagem mínima para encarar estudos superiores, sem qualquer base cognitiva nem hábito de estudo.

Com o avanço da tecnologia e a era do conhecimento ganhando força, cresceu também a criação e a valorização de cursos voltados para essa realidade tecnológica. Em contrapartida, cada vez mais, as licenciaturas foram se esvaziando, até ser eliminadas da oferta de várias faculdades por falta de alunos para compor uma turma.

Conscientes da importância do mundo tecnológico, a visão holística necessária a todos os profissionais exige a base que não vem sendo trabalhada pelos ensinos fundamental e médio, o que compromete a qualidade do trabalho realizado em várias áreas. Além disso, a formação dos valores humanos não faz parte da prática da escola, somente aparece no projeto pedagógico e em tímidas atividades durante o período letivo.

Assim, aos professores que encaram a tempestade da sobrevivência, atuando no ensino público, os cumprimentos de uma educadora de meio centenário na função, que vê a arte de educar tão sublime e bela quanto a vida.

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