quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Eduardo Almeida Reis-Férias III‏

O Rio tinha mais mineiros do que a maior das cidades de Minas - e tinha sulistas, paulistas, nordestinos, nortistas e mato-grossenses a montões


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 07/11/2013 



Nas duas últimas edições de Tiro & Queda contei-lhes da enrascada em que andei metido por minha culpa exclusiva: sou relaxado à beça e à bessa, nunca fiz os exames de RNI que deveria ter feito de 15 em 15 dias, meu RNI chegou às nuvens, perdi litros de sangue, estive muito mais para lá do que por aqui, fui transfundido (verbo que tem no particípio um ene sobrando) e ainda estou em fase de recuperação. Nessas andanças, cheguei aos 116 quilos de peso e perdi 15 em duas semanas, orçando agora pelos 101, macérrimo, desinchado e apavorado, porque nas outras vezes em que emagreci me casei e não estou a salvo de nova união estável que vai assombrar o planeta, porque a candidata é de uma beleza inenarrável. Idosa, é certo: exatamente a metade da minha idade. Mas é a tal coisa: depois do casamento, dia 12 de outubro, da jornalista Malu Verçosa, que passou a assinar-se Malu Mercury, com a cantora Daniela Mercury, nascida Daniela Mercuri de Almeida, não creio que o planeta se espante com mais nada.

Cês querem saber de uma coisa? Já não aguento, e creio que o leitor também não aguenta esta conversa diária sobre UTI, hospital & cia. ilimitada. Só quem já passou pela sistólica 6 x diastólica 2 e escapou, sabe o que é bom para a tosse. De agradável, em todo o terrível episódio, a lembrança de um negócio chamado sonda urinária durante quatro dias: o moribundo faz xixi automático, sem chatear ninguém. De vez um quando, operoso funcionário troca o recipiente urinário. Sonda muitíssimo bem bolada. Parabéns para o seu inventor.

Cariocas

Em defesa dos cariocas (tupi kari'oka, provavelmente do tupi kara'ïwa 'homem branco' + oka 'casa'), posso dizer que são muito raros. Nasci no Rio de pai e mãe cariocas, mas eram raríssimos os realmente cariocas. Naquele tempo, o Rio tinha mais mineiros do que a maior das cidades de Minas – e tinha sulistas, paulistas, nordestinos, nortistas e mato-grossenses a montões, fenômeno que se vê hoje em Brasília, onde são raros os brasilienses da gema.


Isso explica e de certa forma justifica os governadores que o Rio e Brasília tiveram e têm. Agnelo, Arruda, Roriz, mais que políticos brasileiros, são fenômenos da espécie H. sapiens. Modesto philosopho, não me atrevo a analisar cada um deles. São fenômenos parecidos com tsunamis, explosões vulcânicas, terremotos, queda de meteoros, com uma só diferença: eleitos pelo povo.

A lista dos governadores do Rio é muito maior e mais antiga, sem deixar de ser espantosa. Que levaria os moradores de um estado a sufragar certos nomes? Como explicar a eleição de um Garotinho, uma Rosinha, um Brizola? Não se trata de não saber votar, como disse Pelé, mas de votar de caso pensado para arrasar o estado em que vive.
Sérgio Cabral Filho, Antônio de Pádua Chagas Feitas, Wellington Moreira Franco, Marcello Alencar, Benedita da Silva – a lista é imensa: cada um deles capaz de desorganizar a Suécia em duas semanas. Sim, porque todos sabemos que são pessoalmente honestíssimos, mas desorganizados: em 15 dias bagunçam um país que levou séculos para ser organizado.

Não deixa de ser curioso notar que o inventado e depois finado estado da Guanabara conseguiu, entre 1960 e 1975, três ótimos governadores, dois deles nascidos em Minas: José Sette Câmara Filho, Carlos Frederico Werneck de Lacerda e Francisco Negrão de Lima.

Ingratidão

Hoje respeitado na Inglaterra, o Sr. Ramires Santos do Nascimento, nascido em Barra do Piraí, RJ, é um ingrato. No futebol mineiro, houve tempo em que o uberabense Éder Luís de Oliveira e o barrense Ramires se destacavam dos demais players pelas seguintes características: corriam velozmente conduzindo o esférico, chegavam à marca do pênalti e chutavam para fora.


Nesse tempo, atuava no caderno de Esportes do EM um cronista-Fifa, que estudou as regras do esporte bretão e recomendou a um e outro que se abstivessem de chutar, errando invariavelmente, considerando que entre as regras do citado esporte não havia nenhuma que os impedisse de continuar correndo com o esférico até adentrar a meta adversária. Assim, em vez de mais um chute para fora, marcariam golos para as equipes que defendiam. Pelo conselho, até hoje o barrense me deve uma caixa de bons charutos.

O mundo é uma bola

7 de novembro de 1802: primeiros ocidentais chegam ao Atol Palmyra, nas Espórades Equatoriais, grupo de 11 ilhas coralinas no Oceano Pacífico ao sul do Havaí e ao norte da Polinésia Francesa. Pertencem à República de Kiribati, com exceção de duas pertencentes aos Estados Unidos, Palmyra e Jarvis, desabitadas. Têm cerca de 9 mil habitantes de origem gilbertina, isto é, das Ilhas Gilbert, habitadas durante séculos por micronésios, antes de descobertas pelos europeus em 1606.

Em 1917, pelo calendário gregoriano, começa a Revolução Bolchevique na Rússia. Em 1919, o jornal Times, de Londres, anuncia o sucesso da Teoria da Relatividade, de Einstein.

Em 1944, pela quarta vez, Franklin D. Roosevelt vence as eleições presidenciais norte-americanas. Em 1993, Ayrton Senna vence em Adelaide, Austrália, seu último GP de Fórmula 1. Hoje é o Dia do Radialista.


Ruminanças
“Advogado de ladrão é, no mínimo, receptador.” (R. Manso Neto)

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