sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Eduardo Almeida Reis-Guerras‏

Não deixa de ser curioso notar que todos se preocupam com diversos aspectos do planeta, sem exclusão dos problemas ecológicos e das sacolinhas plásticas


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 08/11/2013 



Pintou na telinha um especialista em guerras explicando a história das armas químicas. Tudo se resume aos custos. Para destruir determinada área com uma guerra “convencional” o preço é dois bilhões de dólares, enquanto pela guerra nuclear baixa para 600 dólares e com a guerra química custa 30 dólares. Ouvi a explicação por alto, porque estava lendo o jornal. Talvez os preços não sejam exatamente esses e o próprio expert em guerras certamente não sabe os valores exatos, que dependem de uma série de fatores. Contudo, parece indiscutível que a guerra química é baratíssima, a nuclear ainda é barata e a convencional custa uma nota firme.

De par com essas considerações bélicas, diversos economistas têm procurado analisar a crise mundial, se a Europa e os Estados Unidos já saíram do fundo do poço, o desemprego entre os jovens, a importância do dólar e dos preços dos combustíveis na inflação brasileira, a situação das economias da Argentina, da China, do Japão, da Coreia do Sul, da Índia – essas coisas que ocupam os economistas e os telejornais do mundo inteiro.

Não deixa de ser curioso notar que todos se preocupam com diversos aspectos do planeta, sem exclusão dos problemas ecológicos e das sacolinhas plásticas – e ninguém vê o mais sério e imediato dos problemas universais: os extremistas, entre eles alguns da religião muçulmana.

Dir-se-á que nem todos os muçulmanos são radicais: talvez seja verdade. O papa Francisco já diz que o celibato não é dogma, portanto pode ser discutido. A CPI do Senado cogita da proteção policial do casal Miranda, isso é, do jornalista e advogado norte-americano Glenn Greenwald, que abastecia de segredos o jornal The Guardian, e de seu marido, David Miranda. Nada mais justo do que a Polícia Federal e uma porção de helicópteros por conta da proteção do casal. Admitindo-se que todas as crises econômicas e os demais problemas sejam resolvidos, resta o radicalismo e esse não tem solução.


Cultura
Euler, o matemático, e Federer, o tenista, nasceram lá. Erasmus of Rotterdam, ou Desiderius Erasmus Roterodamus, viveu lá muitos anos e escolheu a cidade para morrer, em 1536. Nietzsche foi professor de filologia na universidade local de 1869 a 1879. Carl Gustav Jung morou, estudou e ensinou na cidade até ao início do século passado. E o jurista Rudolf von Ihering, que todo advogado cita sem ter lido, aos 27 anos foi professor na universidade local. Futebol é cultura e o leitor já deve ter percebido que me refiro à cidade de Basileia, onde a Seleção de Felipão perdeu por 1 x 0 da Seleção Suíça, gol do lateral baiano Daniel Alves da Silva em linda cabeçada contra a sua própria meta.

Antes de começar o prélio, o excelente locutor Milton Leite e o não menos excelente comentarista Paulo César Vasconcellos criticaram o show de meia dúzia de passistas, de ambos os sexos, no estádio da cidade, que faz fronteira com a Alemanha, onde atende pelo nome de Basel, e a França, onde é Bâle. “Nada contra o samba”, disseram os dois, de mesmo passo em que condenaram o fato de o Brasil, em matéria de cultura, só exportar passistas de escolas de samba e jovens senhoras morenas, também sambistas, a balouçar mamas e traseiros.

Dou-lhes carradas de razão. Também acho que este belo e futuroso país deveria sortear grupos de senadores e deputados federais, que, viajando em aviões da FAB, fossem mostrar nossos dotes culturais nos campos de futebol do mundo inteiro. Por que não enviar o ministro Aldo Rebelo com aquele casaco Adidas amarelo-ovo? Ou o futuro senador (PR-RJ) Neguinho da Beija-Flor, mistura de samba e política? Luiz Feliciano Antônio Neguinho da Beija-Flor Marcondes, nascido em Nova Iguaçu no mês de julho de 1949, evangélico, vem de ingressar no PR pensando candidatar-se ao Senado, onde terá por companheiro o também iguaçuano Vanderlei Luxemburgo da Silva (PT-TO), nascido em 1952.

Para enriquecer ainda mais nossa representação cultural nos estádios de futebol, o Brasil deveria enviar candidatos a acadêmicos de letras que se notabilizam por pedir votos ainda no velório do imortal que morreu e abriu a vaga, ou pelos jornais nas manhãs seguintes, procedimentos considerados ascorosos pelas pessoas de bem e de tino.


O mundo é uma bola

8 de novembro de 1519: Moctezuma II, também chamado Motecuhzoma Xocoyotzin (1466–1520), governante asteca, encontra Hernán Cortés, que acreditava ser o deus Quetzalcoatl: ferrou-se.

Em 1799, primeira abertura do Louvre ao público como museu. Em 1799, fim da Conjuração Baiana: seus quatro principais líderes são condenados e executados. Ao contrário dos inconfidentes mineiros, gente importante, os baianos eram povão, tanto assim que a Conjuração foi chamada também Revolta dos Alfaiates. Resultado: 4 baianos mortos, contra um mineiro.

Em 1889, Emile Berliner pateteia o gramofone. Hoje, como objeto de decoração, gramofone autêntico vale uma fortuna. Em 1895 Wilhelm Conrad Röntgen descobre os raios X. Hoje é o Dia do Profissional do Consórcio e do Profissional da Técnica Radiológica.


Ruminanças

“Não me entusiasmam grandemente as democracias, mas hoje já são inevitáveis” (Unamuno, 1864–1936). 

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