quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O perigo dos remédios vencidos‏

O perigo dos remédios vencidos 
 
Spencer Procópio
Diretor-presidente da Farmácia Universal


Estado de Minas: 05/12/2013


Dizem que o melhor remédio é a prevenção. Partindo dessa afirmativa, pode-se dizer que se o medicamento estiver vencido, o cuidado deve ser redobrado. Isso porque o descarte inadequado de remédios no lixo comum, vaso sanitário ou no esgoto traz grandes prejuízos ao meio ambiente, pode contaminar o solo e a água e oferecer riscos à saúde das pessoas.

O perigo pode ser ainda maior quando esse medicamento vencido é utilizado de maneira indevida, a exemplo da automedicação. Se forem descartados no lixo doméstico ou industrial ou no meio ambiente, os remédios podem ser consumidos pelo ser humano, além de ocasionar contaminação do solo e rios e atingir a fauna e a flora.

Embora a Lei Nº 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), defina a responsabilidade sobre o descarte dos resíduos de saúde, ela não tornou obrigatório o recolhimento de remédios vencidos em poder da população.

Portanto, a criação de postos de coleta é voluntária e as farmácias e os hospitais não são obrigados a recolher remédios vencidos ou em desuso. Os consumidores também não são obrigados a recorrer ao descarte correto por meio dos postos de coleta.

Pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), de 2011, sobre o que a população faz com os medicamentos não utilizados ou vencidos, apontou que a maior parte dos entrevistados (242 pessoas) afirmaram que jogam os resíduos de medicamentos no lixo comum, 75 pessoas disseram que descartam no vazo, 23 pessoas na pia e apenas 7 pessoas procuram drogarias, farmácias ou postos de saúde. Os dados revelam que boa parte da população desconhece o descarte correto de remédios.

A falta de informação acerca da destinação racional dos resíduos dos medicamentos, sem danificar o meio ambiente, é, sem dúvida, o grande problema a ser enfrentado. É preciso que ocorram campanhas de conscientização da população para que o paciente, encerrado o tratamento, seja estimulado a devolver os restos de remédios que sobraram e que não serão mais utilizados.

E ainda que haja conscientização da população para a entrega dos remédios vencidos ou inutilizados, faz-se necessário disponibilizar locais de coleta em farmácias, postos de saúde e hospitais em todas as regiões do país.

Preocupa muito o elevado consumo de medicamentos, principalmente entre os idosos, o que de certa forma colabora para o acúmulo de produtos farmacêuticos em casa. Quando jogados indevidamente no lixo, esses medicamentos podem vir a ser consumidos também pela população de rua. Daí a importância de toda a sociedade se mobilizar para a campanha pelo descarte correto dos medicamentos.

Algumas iniciativas valorosas são encontradas, muitas vezes, nas grandes cidades, onde a população tem mais acesso à informação. Mas não bastam apenas iniciativas isoladas, é preciso o envolvimento de toda a sociedade para que de fato ocorra uma mudança substancial no comportamento das pessoas.

Com esse olhar atento, a Farmácia Universal, ao celebrar os seus 80 anos, presenteia a população de Belo Horizonte com uma campanha de coleta permanente de medicamentos vencidos. Esperamos, com essa iniciativa, contribuir para evitar a automedicação e para melhorar a qualidade de vida dos mineiros. 

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