domingo, 8 de dezembro de 2013

Sobram dúvidas sobre a contracepção logo após o nascimento de um filho

Delicada proteção 
 
Sobram dúvidas entre as mulheres sobre contracepção logo depois do nascimento de um filho 
 
Isabela de Oliveira

Estado de Minas: 08/12/2013


Gyselle descobriu a gravidez de Carolina quando Gabriel tinha cinco  meses: faltou informação sobre o melhor método contraceptivo (Ed Alves/CB/D.A Press)
Gyselle descobriu a gravidez de Carolina quando Gabriel tinha cinco meses: faltou informação sobre o melhor método contraceptivo
 Mal havia se adaptado à nova realidade, a de ser mãe, Gyselle Macoski Leite, de 33 anos, foi surpreendida com um presente inusitado do destino: a gestação de Carolina. A funcionária pública sempre quis ter dois filhos com idades próximas. Mas, apesar do sonho realizado, “a diferença não precisava ser assim tão pequena”, avalia. Afinal, quando soube da segunda gravidez, havia apenas cinco meses do nascimento de Gabriel. “Bateu um desespero, pois estava me adaptado ao primeiro filho. Praticamente voltei da licença-maternidade e engravidei de novo.” Hoje, o casal de crianças tem 4 e 5 anos. Gyselle acredita que se tivesse tido mais informações sobre métodos contraceptivos durante o resguardo, o intervalo entre os nascimentos teria sido maior.

Inúmeros fatores, como falta de informação, amamentação, amenorreia (ausência de menstruação), demora para retornar à vida sexual e menores intenções reprodutivas, levam as mulheres a não evitar uma nova gravidez logo depois do nascimento de um filho. Embora a amamentação consiga dar à mãe um bom grau de proteção até seis meses depois do parto, atrasando a ovulação e o retorno da menstruação, é aconselhável o uso de um método contraceptivo combinado. Um levantamento publicado no mês passado pelo Population Council, uma organização não governamental que realiza pesquisas internacionais em saúde pública, constatou que, no mundo, 12% das mulheres que estavam amamentando e sem menstruar engravidaram em seis meses após o parto. Além disso, 26% das lactantes já estavam ovulando nesse período.

Segundo especialistas, a contracepção deve ser iniciada praticamente logo após o nascimento do bebê. Entre 30 e 40 dias, a mulher precisa ser submetida a uma bateria de exames que avaliará o estado do útero, dos ovários e das mamas. É então que ela saberá se estará liberada para atividades sexuais. Nesse período, ela já deve considerar o planejamento familiar. É importante que a escolha do  tratamento passe indispensavelmente pela avaliação do médico. Isso porque o método errado poderá influenciar diretamente a amamentação e, portanto, o crescimento do bebê.

“A informação das pacientes é quase zero. Elas realmente não conhecem os métodos contraceptivos e não sabem quais podem ser usados. Os anticoncepcionais comuns, à base de estrogênio, podem influenciar na lactação e no crescimento do recém-nascido. Por isso elas não devem usar a pílula que tomavam antes de engravidar. Outras vezes, acham que só a amamentação é suficiente para prevenir a gravidez e, embora seja mais difícil engravidar nesse período, há uma boa chance”, adverte José Bento, ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luís, em São Paulo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), além de diminuir a quantidade de leite, os contraceptivos orais com estrogênio aumentam o risco de tromboembolismo venoso, quando um coágulo bloqueia o fluxo de sangue dentro de um vaso sanguíneo. Dependendo do grau de obstrução, ela pode ser fatal.

ALTERNATIVA Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Campinas e publicado em agosto no periódico Fertility and Sterility indica os dispositivos intrauterinos e os anticoncepcionais à base do hormônio sintético progestógeno para as mamães. Essas opções não geraram efeitos adversos nas mulheres e nem nos recém-nascidos. De acordo com o experimento, até nove semanas após o nascimento da criança a produção e o consumo de leite não foram afetados pela terapia hormonal nem por DIU.

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