Matthew Battles, diretor do metaLAB, abre ciclo sobre a literatura no tempo da internet
Seria possível dizer que Battles e as bibliotecas "viveram felizes para sempre", caso soubéssemos se bibliotecas como a de Petersburg viverão felizes para sempre.
É justamente sobre o futuro delas, as bibliotecas, especialidade de Battles, que o pesquisador fala hoje, no Rio.
Diretor do laboratório de cultura digital da Universidade Harvard (EUA), o metaLAB, Battles faz a palestra de abertura do seminário "Múltiplos e Contemporâneos: A Literatura.com", do Centro Cultural Banco do Brasil.
O ciclo, com curadoria das pesquisadoras Valéria Lamego e Cristiane Costa, terá outros quatro debates, até dezembro, com escritores, críticos literários e editores. A ideia é debater os desafios da literatura contemporânea diante das novas tecnologias.
Battles diz que não são poucos. "As novas mídias estão alterando completamente a maneira como escrevemos e experimentamos a leitura", diz ele à Folha.
"Um dos maiores efeitos disso é o caráter imediato que a escrita passou a ter. Pode vir a público, a um grande público, logo após ser concluída, sem passar por longos processos de edição."
Battles diz não ter dúvida nenhuma de que nunca se escreveu e leu tanto quanto nos tempos atuais. E o que será feito de tanta escrita?
"A efemeridade e o dinamismo da internet são enormes desafios para a preservação. Como preservaremos fenômenos que aparecem subitamente, florescem e morrem logo depois?", pergunta.
Autor de um livro chamado "A Conturbada História das Bibliotecas" (ed. Planeta, 2004), ele começou sua carreira trabalhando numa das bibliotecas de mais prestígio do mundo, a Widener, de Harvard, onde guardam as obras raras da instituição.
"Lá aprendi que os meios de escrever e publicar mudaram de forma radical na história, mas as bibliotecas continuam. O digital não será uma ameaça", diz Battles, que é consultor da Digital Public Library of America (www.dp.la), a maior biblioteca digital do mundo (onde bolas de beisebol não entram).
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