sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

PROJETO SEMPRE UM PAPO » Adélia Prado tem a poesia como redenção - Carlos Herculano Lopes

PROJETO SEMPRE UM PAPO » Adélia Prado tem a poesia como redenção

Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 28/02/2014


Radicada em Divinópolis, poeta completa 80 anos em 2013 (Alexandre Guzanshe/EM/d.A Press)
Radicada em Divinópolis, poeta completa 80 anos em 2013

 Ontem à noite, o Teatro Sesiminas, que tem capacidade para cerca de 700 lugares, foi pequeno para abrigar todas as pessoas que foram ouvir à poeta Adélia Prado e poder conseguir um autógrafo dela. Ela veio a Belo Horizonte lançar o seu último livro de poemas, Miserere.

Dezenas de fãs da escritora, de todas as idades, que não conseguiram um lugar no teatro, nem mesmo de pé, não escondiam a frustração por terem ficado de fora. “Tinha que ter pelo menos um telão aqui para a gente poder vê-la”, reclamou a estudante Maíra de Oliveira, que mora no Bairro Anchieta. Ao lado dela, uma senhora, que também se dizia fã de Adélia, concordava com a garota.

Aplaudida de pé quando foi chamada ao auditório, a poeta, que no ano que vem completa 80 anos, disse só ter aceitado participar do Projeto Sempre um Papo, porque o evento tratava-se de um sarau de poesia e não de uma palestra. “Ultimamente tenho andado muito deprimida, muito triste com a situação do Brasil; existe um peso no ar. Mas como a poesia, por mais ínfima que possa ser, para mim significa esperança e porque acredito nela, estou aqui hoje”, disse.

Nascida em Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, em 13 dezembro de 1935, onde ainda vive, Adélia Prado foi professora durante muitos anos. Seu primeiro livro, Bagagem, foi publicado em 1976, depois de Affonso Romano de Sant’Anna tê-la apresentado a Carlos Drummond de Andrade. Ele se encantou com a poesia de Adélia e resolveu ajudá-la. Dois anos depois, com outro livro de poemas, Coração disparado, a escritora ganharia o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Ela é autora ainda de vários romances e livros infantojuvenis, como Quero minha mãe, Quando eu era pequena e Carmela vai à escola.

No encontro de ontem, Adélia Prado, que reafirmou durante a sua fala acreditar na poesia como “redenção, e uma espécie salvação contra o mal”, também leu alguns poemas de Miserere. Lançado recentemente pela Editora Record, com esse livro ela se firma ainda mais, ao lado de Manuel de Barros, Affonso Romano de Sant’Anna e Ferreira Gullar, como a grande voz da poesia brasileira atual.

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