EM DIA COM A PSICANáLISE »
Um evento interessante
Regina Teixeira da Costa
reginacosta@uai.com.br
Estado de Minas: 27/04/2014
Freud menciona em sua correspondência, em carta de 1992 a Breuer, seu professor e amigo desde os primórdios da invenção da psicanálise, que se atormentava com o problema de como seria possível representar de maneira plana, bidimensional, algo tão corporal como a sua teoria da histeria.
Freud, nas palavras de Marco Antônio Coutinho Jorge, sabia que existiam dois mundos paralelos reais e desconhecidos, um externo e outro interno ou psíquico, e que, entre eles, apenas o real interior seria cognoscível. Na experiência analítica, no entanto, esses dois mundos se entrelaçam, são contínuos.
No fim de sua vida, Freud pensava diferente sobre o interno e o externo e admitia que o aparelho psíquico tivesse uma extensão no espaço. Seria o psiquismo um interno envolvido por uma superfície, a pele, voltada para o mundo externo.
Essas ideias de Freud foram sucedidas pelas de Jacques Lacan, que encontrou na topologia uma forma de colocar em jogo as relações entre os espaços, entendendo-os como únicos, sem divisões e impossíveis de serem representados linearmente, já que tratam de um sujeito do inconsciente, habitado pela linguagem.
De acordo com a psicanalista Maria Augusta Friche, Lacan, sobretudo a partir de 1962, trabalha com a lógica e a topologia. Esta última o leva a fazer importantes formalizações sobre o sujeito e sua estrutura. Se a princípio pode parecer estranho esse enlace da matemática com a psicanálise, à medida que se lê Lacan, e Freud com Lacan, conclui-se que esses estudos são imprescindíveis para a práxis da psicanálise. Nada como um matemático, escritor e poeta, leitor de Lacan, para nos relançar nesse enlace.
Para entender um pouco mais sobre esse jogo de relações do espaço psíquico, receberemos o matemático argentino Pablo Amster, doutor em matemáticas pela Universidade de Buenos Aires, na qual é atualmente professor associado e diretor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais.
Pablo é autor de Apuntes matemáticos para leer a Lacan – 1 Topolgía, 2 Lógica, dois volumes que nos têm trazido muitas informações importantes.
Nos últimos anos, publicou os livros La matemática como una de las bellas artes (Siglo XXI, 2004), Mucho, poquito, nada. Un pequeño paseo matemático (Ed. Norma, 2007), Fragmentos de un discurso matemático (Fondo de Cultura Económica, 2007) e ¡Matemática, maestro! Un concierto para números y orquesta (Siglo XXI, 2010).
Músico e apaixonado pela literatura, é um grande leitor de Lacan e trabalha constantemente com psicanalistas argentinos e de outros países.
O evento organizado pela Aleph – Escola de Psicanálise traz Pablo pela segunda vez para ministrar o curso “O zero, o buraco, o nada, o vazio. A ex-sistência no nó borromeano”. Na ocasião, também será laçada a revista Transfinitos 12, publicação da Aleph.
Aos interessados, o evento será dias 9 e 10 de maio. Informações: (31) 3281 9605.
Regina Teixeira da Costa
reginacosta@uai.com.br
Estado de Minas: 27/04/2014
Freud menciona em sua correspondência, em carta de 1992 a Breuer, seu professor e amigo desde os primórdios da invenção da psicanálise, que se atormentava com o problema de como seria possível representar de maneira plana, bidimensional, algo tão corporal como a sua teoria da histeria.
Freud, nas palavras de Marco Antônio Coutinho Jorge, sabia que existiam dois mundos paralelos reais e desconhecidos, um externo e outro interno ou psíquico, e que, entre eles, apenas o real interior seria cognoscível. Na experiência analítica, no entanto, esses dois mundos se entrelaçam, são contínuos.
No fim de sua vida, Freud pensava diferente sobre o interno e o externo e admitia que o aparelho psíquico tivesse uma extensão no espaço. Seria o psiquismo um interno envolvido por uma superfície, a pele, voltada para o mundo externo.
Essas ideias de Freud foram sucedidas pelas de Jacques Lacan, que encontrou na topologia uma forma de colocar em jogo as relações entre os espaços, entendendo-os como únicos, sem divisões e impossíveis de serem representados linearmente, já que tratam de um sujeito do inconsciente, habitado pela linguagem.
De acordo com a psicanalista Maria Augusta Friche, Lacan, sobretudo a partir de 1962, trabalha com a lógica e a topologia. Esta última o leva a fazer importantes formalizações sobre o sujeito e sua estrutura. Se a princípio pode parecer estranho esse enlace da matemática com a psicanálise, à medida que se lê Lacan, e Freud com Lacan, conclui-se que esses estudos são imprescindíveis para a práxis da psicanálise. Nada como um matemático, escritor e poeta, leitor de Lacan, para nos relançar nesse enlace.
Para entender um pouco mais sobre esse jogo de relações do espaço psíquico, receberemos o matemático argentino Pablo Amster, doutor em matemáticas pela Universidade de Buenos Aires, na qual é atualmente professor associado e diretor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais.
Pablo é autor de Apuntes matemáticos para leer a Lacan – 1 Topolgía, 2 Lógica, dois volumes que nos têm trazido muitas informações importantes.
Nos últimos anos, publicou os livros La matemática como una de las bellas artes (Siglo XXI, 2004), Mucho, poquito, nada. Un pequeño paseo matemático (Ed. Norma, 2007), Fragmentos de un discurso matemático (Fondo de Cultura Económica, 2007) e ¡Matemática, maestro! Un concierto para números y orquesta (Siglo XXI, 2010).
Músico e apaixonado pela literatura, é um grande leitor de Lacan e trabalha constantemente com psicanalistas argentinos e de outros países.
O evento organizado pela Aleph – Escola de Psicanálise traz Pablo pela segunda vez para ministrar o curso “O zero, o buraco, o nada, o vazio. A ex-sistência no nó borromeano”. Na ocasião, também será laçada a revista Transfinitos 12, publicação da Aleph.
Aos interessados, o evento será dias 9 e 10 de maio. Informações: (31) 3281 9605.
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