Estado de Minas: 30/05/2014
De volta a Aimorés,
depois de longo tempo sem retornar àquela terra na qual tantos amigos
fiz, pego novamente o trem da Vale, único no Brasil de passageiros a
ligar duas capitais, Belo Horizonte e Vitória. Viagem longa, de cerca de
10h30, para vencer os 489 quilômetros que separam BH de meu destino.
Sigo na companhia do fotógrafo Alexandre Guzanshe, da sua mulher, Bia, e
da filhinha deles, a linda Sofia, que está encantada com a aventura. Ao
meu lado, se senta uma adolescente. Na poltrona de trás, vão duas
outras mulheres, que logo fico sabendo serem sua mãe e irmã.
Aquela garota, desde que se ajeitou, após guardar a mochila no bagageiro, não parou de comer. Primeiro, foi um saquinho de batatas; depois, traçou duas mexericas pocans; e na sequência, assim que o trem deu a partida da estação, em Belo Horizonte, ela começou a se deliciar com uma barra de chocolate. Nos minutos seguintes, faz uma pausa nas guloseimas, e começa a ler A menina que roubava livros, do australiano Markuz Zusak, obra levada ao cinema pelo britânico Robert Bierman.
Para puxar conversa, já que ficaremos um tempão lado a lado, pergunto se está gostando do romance. “Muito, também assisti ao filme e adorei”, ela responde, sem espichar conversa. Isso porque, nesse momento, passa um funcionário do trem, oferecendo lanches. E a menina, com os olhos brilhando, compra Coca-Cola, pão de queijo, e mais um saquinho de batatas. Aproveita também, pois os pedidos já podem ser feitos, para garantir o almoço, que começará a ser servido às 11h. “Pode ser um marmitex mesmo”, diz ao rapaz, que faz as devidas anotações. Sua mãe e irmã também encomendam.
E vamos indo. Na estação Dois irmãos, pouco depois do início da viagem, uma parada do trem, bastante breve, para a descida e entrada de passageiros. A garota, que já fechou o livro, aproveita para comer o pão de queijo, tomar a Coca no canudinho e avançar nas batatinhas. “Aceita, moço?”, pergunta, educadamente. Agradeço, e começo a encarar uma empada, que também havia comprado. Nisso, ela se volta para a mãe e a irmã, que conversam animadamente, e entra no papo.
Mas por pouco tempo, porque menos de uns 40 minutos depois, quando o trem havia parado em outra estação, ela aceita um sanduíche de pão integral com ricota, oferecido pela mãe, e começa a comê-lo. Pela boca boa que faz, deve estar uma delícia. Após terminar, volta-se ao livro; bem não lê meia página, se levanta, e sai do vagão. “Talvez tenha ido ao banheiro, ou ao carro-restaurante”, penso. Quando retorna, diz à irmã que tinha ido recarregar o celular.
“Você é de BH?”, pergunto, dando uma pausa na leitura que estava fazendo. “Não, vamos até Vitória”, responde a menina, sem dizer de onde era. Também não tem vontade de conversar mais, porque está na hora do almoço, que ela recebe ali na poltrona e logo começa a comer. No marmitex, veio arroz, um pouco de feijão, tomate, alface e iscas de franco. Parecia estar gostoso, o que pude comprovar depois, quando fui ao carro-restaurante e também pedi um, sentado ao lado de uma moça de Santa Bárbara.
E fomos indo, com o trem margeando o Rio Doce, que começa a sentir a falta das chuvas. E passamos por tantas estações: Intendente Câmara, Periquito, Governador Valadares, Krenak, Resplendor e muitas mais, não necessariamente nessa ordem. Como os outros passageiros, cochilamos, conversamos, andamos pelo trem, e voltamos ao carro-restaurante, pois tempo é o que sobra em uma viagem como aquela. E a garota, sempre comendo alguma coisa, me disse se chamar Arlete, e viver em Belo Horizonte, em Venda Nova. A mãe é Vera, e a irmã, Luiza. E estavam indo a Vitória para o aniversário da avó Zilda, que ia fazer 95 anos. “Vamos aproveitar também para ir a Guarapari, onde vive uma tia nossa”, completou.
Às 17h30, quando finalmente chegamos a Aimorés, onde Guzanshe, sua mulher Bia, a pequena Sofia e eu descemos, pude ver quando Arlete - após nos despedirmos – ainda teve tempo para comprar duas cocadas e pés-de-moleque, que meninas da sua idade, de rostos tristes, vendiam na estação.
Aquela garota, desde que se ajeitou, após guardar a mochila no bagageiro, não parou de comer. Primeiro, foi um saquinho de batatas; depois, traçou duas mexericas pocans; e na sequência, assim que o trem deu a partida da estação, em Belo Horizonte, ela começou a se deliciar com uma barra de chocolate. Nos minutos seguintes, faz uma pausa nas guloseimas, e começa a ler A menina que roubava livros, do australiano Markuz Zusak, obra levada ao cinema pelo britânico Robert Bierman.
Para puxar conversa, já que ficaremos um tempão lado a lado, pergunto se está gostando do romance. “Muito, também assisti ao filme e adorei”, ela responde, sem espichar conversa. Isso porque, nesse momento, passa um funcionário do trem, oferecendo lanches. E a menina, com os olhos brilhando, compra Coca-Cola, pão de queijo, e mais um saquinho de batatas. Aproveita também, pois os pedidos já podem ser feitos, para garantir o almoço, que começará a ser servido às 11h. “Pode ser um marmitex mesmo”, diz ao rapaz, que faz as devidas anotações. Sua mãe e irmã também encomendam.
E vamos indo. Na estação Dois irmãos, pouco depois do início da viagem, uma parada do trem, bastante breve, para a descida e entrada de passageiros. A garota, que já fechou o livro, aproveita para comer o pão de queijo, tomar a Coca no canudinho e avançar nas batatinhas. “Aceita, moço?”, pergunta, educadamente. Agradeço, e começo a encarar uma empada, que também havia comprado. Nisso, ela se volta para a mãe e a irmã, que conversam animadamente, e entra no papo.
Mas por pouco tempo, porque menos de uns 40 minutos depois, quando o trem havia parado em outra estação, ela aceita um sanduíche de pão integral com ricota, oferecido pela mãe, e começa a comê-lo. Pela boca boa que faz, deve estar uma delícia. Após terminar, volta-se ao livro; bem não lê meia página, se levanta, e sai do vagão. “Talvez tenha ido ao banheiro, ou ao carro-restaurante”, penso. Quando retorna, diz à irmã que tinha ido recarregar o celular.
“Você é de BH?”, pergunto, dando uma pausa na leitura que estava fazendo. “Não, vamos até Vitória”, responde a menina, sem dizer de onde era. Também não tem vontade de conversar mais, porque está na hora do almoço, que ela recebe ali na poltrona e logo começa a comer. No marmitex, veio arroz, um pouco de feijão, tomate, alface e iscas de franco. Parecia estar gostoso, o que pude comprovar depois, quando fui ao carro-restaurante e também pedi um, sentado ao lado de uma moça de Santa Bárbara.
E fomos indo, com o trem margeando o Rio Doce, que começa a sentir a falta das chuvas. E passamos por tantas estações: Intendente Câmara, Periquito, Governador Valadares, Krenak, Resplendor e muitas mais, não necessariamente nessa ordem. Como os outros passageiros, cochilamos, conversamos, andamos pelo trem, e voltamos ao carro-restaurante, pois tempo é o que sobra em uma viagem como aquela. E a garota, sempre comendo alguma coisa, me disse se chamar Arlete, e viver em Belo Horizonte, em Venda Nova. A mãe é Vera, e a irmã, Luiza. E estavam indo a Vitória para o aniversário da avó Zilda, que ia fazer 95 anos. “Vamos aproveitar também para ir a Guarapari, onde vive uma tia nossa”, completou.
Às 17h30, quando finalmente chegamos a Aimorés, onde Guzanshe, sua mulher Bia, a pequena Sofia e eu descemos, pude ver quando Arlete - após nos despedirmos – ainda teve tempo para comprar duas cocadas e pés-de-moleque, que meninas da sua idade, de rostos tristes, vendiam na estação.
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