Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 17/05/2014
O
apresentador e âncora Ricardo Eugênio Boechat (Buenos Aires, 13 de
julho de 1952), no Jornal da Band, de 16 de abril, estranhou o fato de o
PCC, Primeiro Comando da Capital, uma das maiores organizações
criminosas das Américas, contar com um grupo de advogados assalariados,
perfeitamente identificados, e a OAB achar muito normal. Com todo o
respeito, é o que venho escrevendo neste espaço a cavaleiro de velho e
bom diploma de bacharel: advogado de ladrão é beneficiário do roubo,
talqualmente a esposa do ladrão, os filhos do ladrão e os demais
funcionários da quadrilha.
Bandido
não tem mulher, não tem companheira: tem esposa. Não por acaso,
esposas, substantivo feminino plural, diacronismo antigo, era sinônimo
das algemas que os bandidos merecem, bem como os seus advogados. Implico
solenemente com o substantivo feminino esposa, do latim sponsa,ae,
“mulher casada, em relação ao seu marido”. Em linguagem civilizada,
marido tem mulher e mulher tem marido, sem essa de “meu esposo” ou
“minha esposa”. Pior que esposo (a), só “benhê”.
Paulo e Mauro
– Paulo Roberto Costa, o ex-todo-poderoso diretor de Refino e
Abastecimento da Petrobras, amigo do peito do ex-presidente José Sérgio
Gabrielle, está preso. Aquele que a engenheira Graça Foster chama
carinhosamente de “o Paulo”, mandou filhas e genros ao seu escritório da
Barra da Tijuca. A mídia faz questão de explicar que a Barra fica na
“zona oeste do Rio”, como se isso tivesse importância e alguém soubesse
onde fica a zona oeste daquela cidade. Filhas e genros foram filmados
retirando pacotes de documentos do escritório, o que os transforma,
salvo melhor juízo, em cúmplices dos roubos do pai e sogro.
José
Sérgio Gabrielli deve ser candidato a governador da Bahia. Nomes
incríveis têm sido falados como candidatos aos governos de vários
estados. Gleise Helena Hoffmann, que pronuncia “repuguina” , é candidata
ao governo do Paraná.
O
senador Édison Lobão Filho, autor da frase: “o que é ética para você
pode não ser para mim”, deve governar o Maranhão, dando continuidade às
admiráveis administrações que fizeram daquele estado motivo de inveja
internacional. O Rio de Janeiro, que é useiro e vezeiro em Brizolas,
Cabrais, Rosinhas e Garotinhos, o Rio Grande do Sul, o Ceará, o Pará – o
Brasil inteiro: só fechando e reabrindo com outro nome.
O
negócio é de tal ordem que o dr. Mauro Arce, secretário de Recursos
Hídricos de São Paulo, novo “general da água” do estado líder da
federação, em entrevista à Rádio CBN, afirmou que 75% dos moradores da
capital do estado atenderam ao seu pedido de economia de água, enquanto
35% aumentaram o consumo. Até ontem, 75% + 35% significavam 110%,
maneira inteligente de falar sobre o excesso de gente naquela região
metropolitana, pois do dr. Arce é engenheiro, atividade que antigamente
ensinava seus profissionais a somar, enquanto “o Paulo” só aprendeu a
subtrair.
Difícil –
A não ser que o cronista se limite ao seu mundinho – quantas horas
dormiu, quantos chopes bebeu – está ficando difícil acompanhar o
noticiário para escrever sobre o que está acontecendo. Leitores sérios
não aguentam cronistas que se limitam aos seus mundinhos; cronistas
sérios acham difícil acompanhar o noticiário. É um avião que desaparece
com 229 passageiros e tripulantes, é um barco que afunda matando 300
pessoas, em sua maioria estudantes. Sem falar dos esquartejamentos, dos
filhos que matam pais, de pais que matam filhos. A cereja do bolo pode
ser um ônibus que tomba e mata seis crianças no Afeganistão, como se o
telespectador soubesse onde fica o Afeganistão.
Quando
se tem, ao vivo e em cores, um programa de televisão divertido para os
que detestamos sair de casa – os engarrafamentos monstruosos da
tarde/noite de uma quinta-feira, véspera de feriadão, que no Rio incluiu
a quarta-feira, 22 de abril –, Gabriel García Márquez nos faz o
desfavor de morrer na Cidade do México, às 4 da tarde, hora de Brasília.
O Prêmio Nobel bem que podia esperar o fim do feriadão para passar
desta para a pior. Perdi a curtição dos 258 quilômetros de retenção do
tráfego em São Paulo, até então o recorde do ano.
O mundo é uma bola
– 17 de maio de 1383: casamento da princesa Beatriz de Portugal com
João I, rei de Castela e Leão entre 1379 e 1390, o segundo da Dinastia
de Trastâmara.
Em 1375,
João casou-se com Leonor de Aragão e teve os filhos Henrique e Fernando.
Viúvo, casou-se com Beatriz de Portugal, única filha legítima e
presumível herdeira do rei dom Fernando. Portuguesas, sendo ou não
princesas, têm aquele suspiro em que dizem “estou-me a vir”. Reis não
resistem à confissão orgástica, e dom João I, coitado, bateu o pacau no
dia 9 de outubro de 1390 com 32 aninhos.
Em
1814, foi instituído o Dia Nacional da Noruega, país em que muitos
começaram o feriadão God Páske, sexta-feira, 11 de abril, para voltar ao
trabalho no dia 22. Desculpem-me, mas tenho leitora na Noruega.
Ruminanças
– “Um escritor chega à velhice quando suspeita que o artigo que está
escrevendo já o escreveu uma vez” (Ramón Gómez de La Serna, 1888-1963).
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