Nenhuma pessoa pode agredir ou subjugar outra. Isso é crime e deve ser punido com rigor em todo o mundo
Vivina do C. Rios Balbino
Psicóloga,
mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora
do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil
Estado de Minas: 17/05/2014
Absurdamente, em
pleno século 21, e com tantas leis e tratados internacionais sobre
direitos humanos com penalidades para homens agressores, as violências
contra mulheres chocam o mundo. No Brasil e em muitos países como Egito,
Indonésia, Irã, México, Filipinas, Japão e Índia existem vagões
exclusivos para as mulheres nos trens e metrôs por causa dos abusos. Em
Brasília, coletivos param fora das paradas oficiais para as mulheres
após as 22 horas pelo alto risco. Os perversos estupros coletivos na
Índia e Paquistão estarrecem o mundo. Infelizmente, barbáries que
acontecem em todo o mundo, mas na África e parte da Ásia os índices são
alarmantes. Prostituição e turismo sexual com meninas, estupros,
agressões e o não direito de frequentar escolas. No Paquistão,
violências brutais como a da menina Malala, agredida perversamente por
defender a educação de meninas e, recentemente, a morte de uma
adolescente que ateou fogo no próprio corpo após ser estuprada por
quatro homens e o tribunal retirar as acusações comovem. Como conceber
tamanha selvageria e impunidade? Terrível ter a morte como indignação
diante de tribunais desumanos.
A mais recente barbárie na Nigéria
estarrece o mundo. Quase trezentas adolescentes foram brutalmente
sequestradas de escolas para local até agora ignorado e com a ameaça
cruel do líder extremista Boko Haram de vendê-las. Tráfico de meninas e
mulheres em pleno século 21? Que os organismos internacionais e os
grandes líderes mundiais resgatem rapidamente essas sofridas meninas e
as mantenham sob segurança. Violências históricas contra mulheres por
fanáticos religiosos, preconceitos sociais e guerras pelo poder. Meninas
e mulheres usadas como escravas sexuais em redes mundiais de
prostituição deportadas para outros países, ou no próprio país em redes
domésticas de prostituição e pedofilia. Sofrem mais as vítimas de países
e regiões pobres. Segundo dados da ONU, 1 em cada 4 mulheres do mundo
foi ou será estuprada ao longo de sua vida. Infelizmente, ainda há um
longo caminho de lutas a percorrer, e são fundamentais todas as medidas
preventivas e punitivas exigidas para preservar a integridade física e
psicológica de meninas e mulheres contra essas atrocidades no mundo.
O
Brasil é a 7ª potência econômica mundial, mas ocupa também o 7º lugar
no ranking de assassinatos de mulheres (feminicídio). A Lei Maria da
Penha, criada em 2006, infelizmente não conseguiu conter as violências. A
taxa de mortalidade foram de 5,28 por 100 mil mulheres no período de
2001 a 2006, e de 5,22, de 2007 a 2011 (depois da lei). Conforme o Ipea
2012 houve apenas um “sutil decréscimo da taxa no ano de 2007,
imediatamente após a vigência da lei”, mas depois ela voltou a
crescer."Em média ocorrem 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a
cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia”,
diz o estudo. O Nordeste tem a maior taxa de mortes, e o Sul, a menor. A
maior parte das vítimas é negra e tem baixa escolaridade. Por Estado,
as maiores taxas ocorrem no ES, BA, AL, RO e PE, e as mais baixas estão
no PI, SC e SP. Segundo dados de 2013 da Secretaria de Políticas para as
Mulheres, estima-se que, absurdamente, a cada 12 segundos uma mulher é
estuprada no Brasil. Levantamento do Ministério da Saúde aponta que
entre 2009 e 2012 o registro em hospitais e redes de atendimentos para
casos notificados como estupro aumentou 157%. Altíssimas taxas de
horrores nem sempre denunciadas por medo ou vergonha.
Lutamos por
uma sociedade democrática, com igualdade de direitos para todos.
Nenhuma pessoa pode agredir ou subjugar outra. Isso é crime e deve ser
punido com rigor em todo o mundo. A “Campanha Acabar com a Violência
contra as Mulheres” foi a primeira campanha global temática de longo
prazo da Anistia Internacional e ocorreu de 2004 a 2010. Ambiciosa nos
seus objetivos, impulsionou grandes mudanças na forma de atuação da
Anistia Internacional nessa temática. A Anistia Internacional é um
movimento global com mais de 3 milhões de apoiadores, membros e
ativistas que atuam para proteger os direitos humanos. No caso da
Nigéria, a AI se destaca na defesa dos direitos das meninas. É
fundamental que todos os países cumpram os tratados nacionais e
internacionais de direitos humanos, e que conteúdos de educação em
direitos humanos sejam obrigatórios em todos os currículos escolares de
todo o mundo, para formar novas gerações de homens respeitadores dos
direitos das mulheres.
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