O que pode ter em
comum a produção de jabuticabas em abril e o avanço dos índices
inflacionários nesses últimos meses no Brasil? Desconsiderando a rima na
pergunta, que foi por acaso e até poderia ser evitada, as duas
situações têm em comum o fato de preocupar aqueles que nasceram na roça e
nunca viram jabuticaba nessa época, e os que vivem na cidade e já
começam a sentir no bolso o gosto amargo dos efeitos de uma inflação em
alta, tendo a natureza como ponto central nessa questão.
Uma análise mais acurada desses dois fatos exigiria uma pesquisa muito cuidadosa e apuração meticulosa dos resultados obtidos. Para fazer uma rápida avaliação dessas duas situações, prefiro lançar mão de comentários que já ouvi e de observações que faço quando estou abordando assuntos dessa natureza.
Ouvi, por diversas vezes, avós dizerem que estavam plantando uma jabuticabeira para seus netos. E quem já teve a oportunidade de plantar no pomar ou quintal de sua casa uma árvore dessas sabe muito bem que ela leva pelo menos uns 10 anos para produzir os primeiros frutos, exceção para os enxertos existentes hoje. Também sabe que a produção tem época certa: final de ano, com a chegada das chuvas. Sempre foi assim, mas as mudanças na natureza, provocadas por ela mesma e também por ações do homem, estão alterando essa regra.
Com seus 91 anos, sorriso farto e memória ativa, dona Estelita de Jesus Pinto, moradora da localidade de Tropeiros, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não hesita ao avaliar o fato. “Nunca vi jabuticaba nessa época do ano. Os pés no fundo do quintal estão carregados. Jabuticabas graúdas. Uma beleza. Mas é triste, porque é mais um sinal de que a natureza não é mais a mesma. Está tudo mudando e as coisas estão ficando pretas” – diz ela, sem qualquer preocupação com o politicamente correto.
Consultados a respeito, alguns técnicos em fruticultura explicam que a jabuticabeira é árvore típica que produz quando tem água, principalmente de chuva. Eles admitem que o baixo nível pluviométrico registrado no final do ano passado, seguido por intenso calor e acompanhado por chuvas esporádicas podem ter “confundido” as jabuticabeiras e as levado a produzirem fora de seu período tradicional, que começa na primavera, com a floração.
Para dona Estelita, se as plantas estão se confundindo, mais confusos estamos nós diante de tantas mudanças na natureza. Até a quaresmeira, depois que foi plantada na cidade, está florindo fora da Quaresma, alertou. E, ao tomar conhecimento de que uma pequena bandeja com jabuticabas em um supermercado estava sendo vendida por mais de R$ 3,00, não conseguiu esconder seu desconforto e sustentou: “É isso que dá ficar castigando a natureza. A chuva acaba. A terra não produz direito. Os produtos ficam caros. E agora vão acusar a jabuticaba de abril pela inflação”.
Possivelmente isso não ocorrerá, porque a jabuticaba não entra na relação dos produtos pesquisados para a formação dos índices inflacionários, como acontece com outras frutas. Independentemente da jabuticaba, os consumidores, e não apenas dona Estelita, estão assustados com a alta generalizada de preços dos alimentos e começam a ver na elevação dos índices inflacionários um mal que afeta a todos.
Quem frequenta com alguma regularidade supermercados e sacolões de hortifrutigranjeiros sente no bolso o peso dos preços em evolução. Fornecedores e vendedores garantem que a maioria dos produtos vendidos nesses estabelecimentos está com seus preços elevados por causa de fatores climáticos. Sem dúvida, a falta de chuvas e a consequente redução do volume de água é o principal fator. Impede a produção regular de alimentos e aumenta o preço final. Com a irregularidade pluviométrica se acentuando a cada ano, seus efeitos nefastos vão direto para a conta de cada consumidor.
Mesmo não servindo de conforto, é preciso lembrar e reconhecer que para tudo existe um tempo de duração. Basta observar os índices de crescimento econômico em vários países nos últimos anos, com a indústria produzindo a todo vapor e o consumo se estendendo a todas as camadas da sociedade. Não é difícil imaginar que em algum momento isso iria mudar, como já ocorreu em diversas outras épocas, e agora não é diferente.
Para os estudiosos de matemática, isso pode ser explicado pela teoria ou lei das probabilidades. Para mim, fica a impressão de que a própria natureza provoca certas mudanças para arrefecer um pouco os ânimos e a ânsia por crescimento e consumo, enquanto ganha mais um tempo para se recompor e continuar servindo de bens e produtos à humanidade. Talvez isso explique a produção da jabuticabeira em abril e a inflação em alta.
Uma análise mais acurada desses dois fatos exigiria uma pesquisa muito cuidadosa e apuração meticulosa dos resultados obtidos. Para fazer uma rápida avaliação dessas duas situações, prefiro lançar mão de comentários que já ouvi e de observações que faço quando estou abordando assuntos dessa natureza.
Ouvi, por diversas vezes, avós dizerem que estavam plantando uma jabuticabeira para seus netos. E quem já teve a oportunidade de plantar no pomar ou quintal de sua casa uma árvore dessas sabe muito bem que ela leva pelo menos uns 10 anos para produzir os primeiros frutos, exceção para os enxertos existentes hoje. Também sabe que a produção tem época certa: final de ano, com a chegada das chuvas. Sempre foi assim, mas as mudanças na natureza, provocadas por ela mesma e também por ações do homem, estão alterando essa regra.
Com seus 91 anos, sorriso farto e memória ativa, dona Estelita de Jesus Pinto, moradora da localidade de Tropeiros, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não hesita ao avaliar o fato. “Nunca vi jabuticaba nessa época do ano. Os pés no fundo do quintal estão carregados. Jabuticabas graúdas. Uma beleza. Mas é triste, porque é mais um sinal de que a natureza não é mais a mesma. Está tudo mudando e as coisas estão ficando pretas” – diz ela, sem qualquer preocupação com o politicamente correto.
Consultados a respeito, alguns técnicos em fruticultura explicam que a jabuticabeira é árvore típica que produz quando tem água, principalmente de chuva. Eles admitem que o baixo nível pluviométrico registrado no final do ano passado, seguido por intenso calor e acompanhado por chuvas esporádicas podem ter “confundido” as jabuticabeiras e as levado a produzirem fora de seu período tradicional, que começa na primavera, com a floração.
Para dona Estelita, se as plantas estão se confundindo, mais confusos estamos nós diante de tantas mudanças na natureza. Até a quaresmeira, depois que foi plantada na cidade, está florindo fora da Quaresma, alertou. E, ao tomar conhecimento de que uma pequena bandeja com jabuticabas em um supermercado estava sendo vendida por mais de R$ 3,00, não conseguiu esconder seu desconforto e sustentou: “É isso que dá ficar castigando a natureza. A chuva acaba. A terra não produz direito. Os produtos ficam caros. E agora vão acusar a jabuticaba de abril pela inflação”.
Possivelmente isso não ocorrerá, porque a jabuticaba não entra na relação dos produtos pesquisados para a formação dos índices inflacionários, como acontece com outras frutas. Independentemente da jabuticaba, os consumidores, e não apenas dona Estelita, estão assustados com a alta generalizada de preços dos alimentos e começam a ver na elevação dos índices inflacionários um mal que afeta a todos.
Quem frequenta com alguma regularidade supermercados e sacolões de hortifrutigranjeiros sente no bolso o peso dos preços em evolução. Fornecedores e vendedores garantem que a maioria dos produtos vendidos nesses estabelecimentos está com seus preços elevados por causa de fatores climáticos. Sem dúvida, a falta de chuvas e a consequente redução do volume de água é o principal fator. Impede a produção regular de alimentos e aumenta o preço final. Com a irregularidade pluviométrica se acentuando a cada ano, seus efeitos nefastos vão direto para a conta de cada consumidor.
Mesmo não servindo de conforto, é preciso lembrar e reconhecer que para tudo existe um tempo de duração. Basta observar os índices de crescimento econômico em vários países nos últimos anos, com a indústria produzindo a todo vapor e o consumo se estendendo a todas as camadas da sociedade. Não é difícil imaginar que em algum momento isso iria mudar, como já ocorreu em diversas outras épocas, e agora não é diferente.
Para os estudiosos de matemática, isso pode ser explicado pela teoria ou lei das probabilidades. Para mim, fica a impressão de que a própria natureza provoca certas mudanças para arrefecer um pouco os ânimos e a ânsia por crescimento e consumo, enquanto ganha mais um tempo para se recompor e continuar servindo de bens e produtos à humanidade. Talvez isso explique a produção da jabuticabeira em abril e a inflação em alta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário