EM DIA COM A PSICANáLISE »
Futebol, um fenômeno
Estado de Minas: 29/06/2014
Estado de Minas: 29/06/2014
Nenhum outro evento
em qualquer campo, seja esporte, conhecimento ou cultura, consegue
arregimentar tantos corações. A Copa do Mundo no Brasil conta com a
participação de 32 países e se um dia fomos chamados país do futebol,
hoje o interesse por esse esporte e bons times está no mundo todo. É o
mundo voltado para o futebol.
Nesses dias de Copa, vemos em manchetes de jornais de todo o mundo o grande sucesso do futebol em todas as classes e nacionalidades. É difícil entender esse alcance. Um fenômeno sociocultural que envolve a massa orientada na mesma direção, torcendo por um mesmo objetivo com um ideal comum. União que gera euforia. Mas como entender esse fenômeno?
Mais uma vez somos socorridos por Freud, que, se nem tudo explica, pelo menos dá o caminho das pedras. E sobre fenômenos de massa contribui significativamente com o artigo “Psicologia de grupo e a análise do eu” (1921). Ele analisa os fenômenos de grupo partindo das relações individuais em um âmbito restrito, as relações na família, fundadoras das relações sociais mais amplas.
Segundo Freud, nas relações com os pais, irmãos e irmãs e com uma pessoa amada, os amigos, o médico, o sujeito cai sob a influência de apenas uma só pessoa ou de um número bastante reduzido de pessoas, cada uma das quais se torna enormemente importante para ele.
Quando se fala de psicologia social ou de grupo, costuma-se deixar essas relações de lado e isolar a influência exercida sobre um sujeito por um grande número de pessoas simultaneamente, pessoas com quem se acha ligado por algo, embora sob outros aspectos e assuntos elas possam ser-lhe estranhas.
A psicologia de grupo interessa-se pelo indivíduo como membro de uma raça, de uma nação, de uma casta, de uma profissão, de uma instituição; ou como parte componente de uma multidão de pessoas que se organizaram em grupo, numa ocasião determinada, para um intuito definido.
E quando um se junta a um bando, costuma praticar atos, que geralmente, sozinho, jamais praticaria, como o vandalismo do primeiro dia de jogo na Praça da Liberdade e no Detran. Ou como os chilenos invadindo área restrita de um estádio.
Tipos de grupos que Freud estuda são a Igreja e o Exército. Ele os considera artificiais, porque uma força externa é empregada para impedi-los de desagregar-se e evitar alterações em sua estrutura. Nem sempre há livre arbítrio do sujeito na entrada ou saída e, no caso dessa última, o sujeito se defronta, geralmente, com perseguição ou severas punições.
Outro tipo de grupo são os formados pela rivalidade que produz a coesão entre os membros que, por mais que discordem entre si, se unem para defender-se, abandonando as pequenas diferenças narcísicas. Quando duas famílias se vinculam por matrimônio, por exemplo, cada uma delas se julga superior ou de melhor nascimento que a outra.
A rivalidade e agressividade com o diferente é comum ao homem, mas quando um grupo se forma, a totalidade da intolerância se desvanece, temporária ou permanentemente, dentro do grupo. Uma tal limitação do narcisismo só pode ser produzida por um laço libidinal com outras pessoas. O amor por si mesmo só conhece uma barreira: o amor pelos outros, o amor por objetos.
No futebol, vemos esse fenômeno. As disputas entre países unem cada um de seus membros pelo mesmo ideal: vencer o torneio. Esse ideal comum produz uma identificação horizontal, que abole particularidades. Uma união promove o sentimento pelo outro como um igual e remove divergências, como diz a música: “Todos juntos vamos... todos unidos na mesma emoção, tudo é um só coração”.
Nesses dias de Copa, vemos em manchetes de jornais de todo o mundo o grande sucesso do futebol em todas as classes e nacionalidades. É difícil entender esse alcance. Um fenômeno sociocultural que envolve a massa orientada na mesma direção, torcendo por um mesmo objetivo com um ideal comum. União que gera euforia. Mas como entender esse fenômeno?
Mais uma vez somos socorridos por Freud, que, se nem tudo explica, pelo menos dá o caminho das pedras. E sobre fenômenos de massa contribui significativamente com o artigo “Psicologia de grupo e a análise do eu” (1921). Ele analisa os fenômenos de grupo partindo das relações individuais em um âmbito restrito, as relações na família, fundadoras das relações sociais mais amplas.
Segundo Freud, nas relações com os pais, irmãos e irmãs e com uma pessoa amada, os amigos, o médico, o sujeito cai sob a influência de apenas uma só pessoa ou de um número bastante reduzido de pessoas, cada uma das quais se torna enormemente importante para ele.
Quando se fala de psicologia social ou de grupo, costuma-se deixar essas relações de lado e isolar a influência exercida sobre um sujeito por um grande número de pessoas simultaneamente, pessoas com quem se acha ligado por algo, embora sob outros aspectos e assuntos elas possam ser-lhe estranhas.
A psicologia de grupo interessa-se pelo indivíduo como membro de uma raça, de uma nação, de uma casta, de uma profissão, de uma instituição; ou como parte componente de uma multidão de pessoas que se organizaram em grupo, numa ocasião determinada, para um intuito definido.
E quando um se junta a um bando, costuma praticar atos, que geralmente, sozinho, jamais praticaria, como o vandalismo do primeiro dia de jogo na Praça da Liberdade e no Detran. Ou como os chilenos invadindo área restrita de um estádio.
Tipos de grupos que Freud estuda são a Igreja e o Exército. Ele os considera artificiais, porque uma força externa é empregada para impedi-los de desagregar-se e evitar alterações em sua estrutura. Nem sempre há livre arbítrio do sujeito na entrada ou saída e, no caso dessa última, o sujeito se defronta, geralmente, com perseguição ou severas punições.
Outro tipo de grupo são os formados pela rivalidade que produz a coesão entre os membros que, por mais que discordem entre si, se unem para defender-se, abandonando as pequenas diferenças narcísicas. Quando duas famílias se vinculam por matrimônio, por exemplo, cada uma delas se julga superior ou de melhor nascimento que a outra.
A rivalidade e agressividade com o diferente é comum ao homem, mas quando um grupo se forma, a totalidade da intolerância se desvanece, temporária ou permanentemente, dentro do grupo. Uma tal limitação do narcisismo só pode ser produzida por um laço libidinal com outras pessoas. O amor por si mesmo só conhece uma barreira: o amor pelos outros, o amor por objetos.
No futebol, vemos esse fenômeno. As disputas entre países unem cada um de seus membros pelo mesmo ideal: vencer o torneio. Esse ideal comum produz uma identificação horizontal, que abole particularidades. Uma união promove o sentimento pelo outro como um igual e remove divergências, como diz a música: “Todos juntos vamos... todos unidos na mesma emoção, tudo é um só coração”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário