segunda-feira, 30 de junho de 2014

Mulheres no futebol - Maria das Graças Brasil Pinto

Estado de Minas: 30/06/2014


Contrariando a visão utópica de que o futebol é um esporte exclusivamente masculino, cada dia mais mulheres garantem seu espaço como apreciadoras e praticantes da modalidade, participando ativamente tanto nas arquibancadas quanto dentro das quatro linhas. Muito antenadas, algumas delas se mostram profundas conhecedoras das regras, do esquema tático e do posicionamento dos jogadores de cada time. Atualmente, a participação feminina é aprovada e exigida pela maioria dos homens. Alguns, aliás, acreditam que elas dão o charme que o esporte precisava.

Registros do século 19 confirmam a longevidade dessa relação. Nessa época, porém, a participação das mulheres nos jogos se restringia à socialização em busca de bons pretendentes. Durante muito tempo elas exerceram um papel secundário no esporte, limitando-se à torcida ou aos concursos de madrinhas de clubes. Pequenas exceções tiveram a oportunidade de participar com o pontapé inicial ou na disputa de tiros livres.

Com o tempo, o interesse ultrapassou as arquibancadas e as mulheres passaram a praticar a modalidade. No Brasil, há registros de partidas mistas em 1908 e 1909. Oficialmente, a primeira partida de futebol feminino no país ocorreu em 1921, entre as senhoritas dos bairros Tremenbé e Cantareira, atual Santana – zona norte de São Paulo.

Durante um tempo, o preconceito e o machismo fizeram com que a prática do esporte pelo público feminino no país fosse proibida. Especificamente, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, por meio de um decreto de 14 de abril de 1940. Somente em 1979 o veto foi revogado e as mulheres puderam voltar a se divertir com a modalidade.

Atualmente, as mulheres completam a torcida nas arquibancadas dos estádios de todo o país. Aproximadamente, 30% delas acompanham de perto campeonatos e jogos, inclusive, da Seleção Brasileira, segundo pesquisa realizada pela Sophia Mind com 2.084 mulheres entre 18 e 60 anos, em todo o Brasil.

Ainda de acordo com o levantamento, pelo menos 80% delas torcem por algum time. A ironia é que os homens, que tempos atrás proibiam a participação delas, hoje a influenciam desde pequenas a escolher o time do coração.

Contudo, o que percebemos é que a participação delas no esporte ainda é pequena. Em pesquisa divulgada pela Pluri Consultoria, as mulheres relatam os motivos de não ir aos jogos. A maioria alega que falta infraestrutura nos estádios, como condição de uso dos banheiros (81%), segurança (64%), falta de cobertura nos estádios para situações de chuva (34%), preços dos ingressos (32%), falta de companhia (14%) e outros fatores somados (21%). A pesquisa foi realizada em seis cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador) e ouviu 1.122 mulheres acima de 16 anos.

Mesmo que a participação ainda seja pequena, podemos nos orgulhar de diversas mulheres que praticam o esporte profissionalmente e levam o nome do Brasil por todo o mundo. Um grande exemplo é a meia-atacante da Seleção Brasileira Marta, considerada a maior jogadora de futebol de todos os tempos. Marta já conquistou o prêmio de melhor do mundo entre 2006 e 2010, além de dois pan-americanos e dois sul-americanos e duas medalhas de prata olímpica.

Em tempos de Copa do Mundo no país, a expectativa é que a participação feminina aumente cada vez mais com as melhorias realizadas nos estádios que sediam o evento e, claro, a abolição do preconceito contra elas dentro ou fora de campo.

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