segunda-feira, 30 de junho de 2014

Opções - Eduardo Almeida Reis‏

Estado de Minas: 30/06/2014 



Engraçado: com boneca de silicone pode, mas com caixa eletrônico é proibido transar. Como noticiou o Daily Mail, Mr. Lonnie Hutton, de 49 anos, estava em um restaurante na cidade de Murfreesboro, Tennessee, EUA, quando tirou suas calças e cuecas e começou a fazer movimentos como se estivesse transando com um caixa eletrônico. A polícia conseguiu encontrar Hutton nas proximidades do restaurante ainda sem roupas, balançando os quadris, exibindo badalhocas e pirilau, com bafo de álcool e dificuldade de movimentos.

Quando estava sendo preso ainda tentou transar com uma mesa de madeira. Foi multado em US$ 250. Maldade das leis do Tennessee, pois Hutton não sequestrou a mesa nem o caixa eletrônico, que, por seu turno, não se queixaram da tentativa de estupro.

Muito mais grave do que o sexo do americano foi a decisão do STF sobre os envolvidos na Operação Lava Jato, mandando soltar o mais perigoso dos ladrões de alto coturno para ajeitar seus negócios em liberdade, enquanto Hutton não passa de um bêbado inofensivo. É óbvio que todo brasileiro, em seu juízo perfeito, não sabe que Murfreesboro, fundada em 1811 e incorporada em 1817, fica no condado de Rutherford e é uma das cidades de mais rápido desenvolvimento populacional dos Estados Unidos. Em 2012, tinha alcançado 114 mil moradores, a quinta parte da população de Juiz de Fora, MG. Desde 1977, a cidade americana tem um time de futebol, o Murfreesboro Soccer Club. Juiz de Fora tem o Tupi Football Club, fundado em 1912, que tem como mascote o Galo Carijó: “que ou o que possui penas pintalgadas de branco e preto. Diz-se especialmente do galináceo, mas se aplica aos mestiços de índio com branco, bem como a diversas madeiras, aos índios guaranis que nos séculos 16 e 17 ocupavam diversas regiões brasileiras e aos índios escravizados pelos colonos paulistas. Etimologia: do tupi cari-yó – procedente do branco; a ave pedrês”.

Religião

Afamanado bispo evangélico, que amealhou pessoalmente uma das maiores fortunas deste país grande e bobo graças a um ardil que comentei na coluna de ontem, publicou no YouTube diversos vídeos afirmando que o candomblé e a umbanda não são religiões. Deu um bololô dos diabos, sobretudo depois que o juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio, atestou que manifestações religiosas afro-brasileiras não constituem religiões. Em sua opinião, só seriam religiões aquelas que tivessem um texto-base como a Bíblia ou o Corão, uma estrutura hierárquica e um deus a ser venerado. Afirmou e voltou atrás, como virou moda até no STF.

Com todo o respeito devido ao magistrado federal, ao bispo bilionário, aos umbandistas e aos candombes praticantes, acho que erraram pelo seguinte motivo: tudo é religião. O autor destas bem traçadas, que tem horror a todas as religiões, é o mais religioso dos brasileiros. Observo desde sempre aquilo que considero obrigação moral, dever inelutável, e desafio os religiosos, todos eles, num teste de princípios morais e éticos.

Obrigação moral, princípios morais e éticos, isso tudo é religião. Tenho defeitos, é lógico, muito menos que os dos tais religiosos. E me permito dizer ao papa Francisco: enquanto philosopho penso que ele enveredou com muito entusiasmo pela trilha das canonizações.

Ouço falarem das canonizações de cavalheiros e damas que não resistem a um advogado do diabo reprovado nos exames da OAB: tenha o papa Francisco a santa paciência. Em sua igreja, canonização é assunto sério. Aventando a hipótese de canonizar bandidos, traquinas ou idiotas, desmoraliza os outros santos.

Crime e castigo

Não há dia em que não se veja na mídia a lenga-lenga criminológica sobre recuperação de bandidos, ressocialização, licenças para deixar a cadeia pela Páscoa, pelo Natal, pelo Dia das Mães. Todo mundo opina e acha que entende do assunto, que se resume ao seguinte: cadeia não recupera ninguém, mas é ótima para isolar o criminoso do convívio social. Só isso: o isolamento basta para justificar a prisão. O resto é piu-piu, como dizia Ibrahim Sued, meu contemporâneo nas redações cariocas. O Turco humilhava a plebe com os seus charutos: “Estou queimando cinco dólares”. Bons tempos! Hoje, por cinco dólares só encontramos charutos de macumba.

O mundo é uma bola 

30 de junho de 1559: o rei Henrique II, da França, é seriamente ferido numa justa contra Gabriel de Montgomery. Justa era torneio em que dois cavaleiros armados de lanças, indo um na direção do outro, procuravam desmontar o oponente. Morreu 10 dias depois. Em 1793, inauguração do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Algumas das passagens mais deliciosas dos livros do Eça ocorreram em São Carlos, localizado no centro histórico de Lisboa, zona do Chiado. Foi construído para substituir o Teatro Ópera do Tejo, destruído no terremoto de 1755. No mesmo largo, em frente ao teatro projetado pelo arquiteto José da Costa e Silva, nasceu uma das mais importantes figuras da poesia portuguesa, Fernando António Nogueira Pessoa.

Em 1908, no Evento de Tunguska, a explosão de alguma coisa na atmosfera terrestre destruiu milhares de quilômetros quadrados de florestas na Sibéria e o tremor foi sentido até no centro da Europa. Hoje é o Dia do Biotécnico, do Economista e do Caminhoneiro.

Ruminanças
“Um tolo sempre encontra outro mais tolo que o admira” (Boileau, 1636-1711).

Nenhum comentário:

Postar um comentário