Classe média na penúria
Segmento perde renda e está muito endividado no Brasil
Gilson E. Fonseca
Sócio e diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda (Soegeo)
Publicação: 13/07/2014
O governo federal não
se cansa de se vangloriar do crescimento da distribuição da riqueza,
exaltando o PIB per capita atual chegando a R$ 23 mil anuais. O pobre
realmente tem sido o mais beneficiado, com maior acesso aos bens
essenciais. Entretanto, a classe média está, há muito tempo, perdendo
seu poder de compra. O que vem acontecendo é o crescimento da classe
média baixa, que segundo o IBGE é aquela que tem renda familiar de dois a
seis salários mínimos para família de quatro membros. De 1970 a 1985, a
classe média brasileira saboreou a força econômica. Com o acesso das
mulheres ao mercado de trabalho, a renda do casal propiciava forte poder
de compra, podendo comprar a casa própria, trocar de carro quase todo
ano, pagar bons colégios para os filhos, férias regulares com a família,
além de uma boa poupança.
Mas o governo não deve e não pode se contentar só com garantia da cesta básica, é preciso uma atenção maior com outras demandas. A crise mundial de 2008 teve origem justamente no endividamento da classe média americana, que foi seduzida por fartos e irresponsáveis financiamentos de imóveis, o chamado subprime, que arrastou bancos e empresas. No Brasil, o risco também é grande, pois o governo estimula o consumo, mais do que o investimento. Nessa premissa, a classe média brasileira está se enfraquecendo acentuadamente. Financiamentos generosos, sobretudo de carros, a perder de vista, já trouxeram como consequência crescente inadimplência e perda de poupança. Hoje, temos um holofote vermelho aceso: a poupança perdeu em depósitos 66% neste semestre. Dívida com renda compatível não é problema. O que complica é a queda da renda combinada com endividamento, como está ocorrendo. A relação custo/renda mensal de manutenção das famílias de classe média vem há muitos anos crescendo, além do medo da perda do emprego. Os colégios têm aumentado mensalidades mais do dobro da inflação, costumeiramente, porque há amparo legal. O governo é o primeiro a bancar o espertalhão. Como pode corrigir a tabela do Imposto de Renda em apenas 4,5%? Que lógica é essa, se a inflação é muito maior? A taxa de lixo no IPTU de 2014 subiu 45,45%. Agora, planos de saúde sobem 9,65% e o salário apenas “corrigido” por índices de inflação em que ninguém acredita. O pior de tudo é o governo fugir das suas obrigações básicas. Com a saúde e a educação públicas ninguém pode contar mais. Quem depende do SUS corre o risco de morrer antes mesmo de fazer os exames para diagnóstico da doença. Escolas públicas não oferecem qualidade de ensino, segurança.
A modernidade também gera despesas. Quem fica sem TV a cabo, internet e celular? A importância da classe média na economia não é só para fortalecer o consumo. Nela residem os maiores talentos, porque os pobres não têm plenas condições de desenvolver-se, por faltar-lhes quase tudo, e os ricos só pensam em aumentar seus ganhos. O Brasil, seguindo tendência mundial, está deixando de formar megaempresas, surgindo, sistematicamente, uma multiplicação de empresas menores e crescimento exponencial de prestadores de serviços. A classe média fortalecida se encaixaria aí, mas, em declínio como está, todos perderemos.
Mas o governo não deve e não pode se contentar só com garantia da cesta básica, é preciso uma atenção maior com outras demandas. A crise mundial de 2008 teve origem justamente no endividamento da classe média americana, que foi seduzida por fartos e irresponsáveis financiamentos de imóveis, o chamado subprime, que arrastou bancos e empresas. No Brasil, o risco também é grande, pois o governo estimula o consumo, mais do que o investimento. Nessa premissa, a classe média brasileira está se enfraquecendo acentuadamente. Financiamentos generosos, sobretudo de carros, a perder de vista, já trouxeram como consequência crescente inadimplência e perda de poupança. Hoje, temos um holofote vermelho aceso: a poupança perdeu em depósitos 66% neste semestre. Dívida com renda compatível não é problema. O que complica é a queda da renda combinada com endividamento, como está ocorrendo. A relação custo/renda mensal de manutenção das famílias de classe média vem há muitos anos crescendo, além do medo da perda do emprego. Os colégios têm aumentado mensalidades mais do dobro da inflação, costumeiramente, porque há amparo legal. O governo é o primeiro a bancar o espertalhão. Como pode corrigir a tabela do Imposto de Renda em apenas 4,5%? Que lógica é essa, se a inflação é muito maior? A taxa de lixo no IPTU de 2014 subiu 45,45%. Agora, planos de saúde sobem 9,65% e o salário apenas “corrigido” por índices de inflação em que ninguém acredita. O pior de tudo é o governo fugir das suas obrigações básicas. Com a saúde e a educação públicas ninguém pode contar mais. Quem depende do SUS corre o risco de morrer antes mesmo de fazer os exames para diagnóstico da doença. Escolas públicas não oferecem qualidade de ensino, segurança.
A modernidade também gera despesas. Quem fica sem TV a cabo, internet e celular? A importância da classe média na economia não é só para fortalecer o consumo. Nela residem os maiores talentos, porque os pobres não têm plenas condições de desenvolver-se, por faltar-lhes quase tudo, e os ricos só pensam em aumentar seus ganhos. O Brasil, seguindo tendência mundial, está deixando de formar megaempresas, surgindo, sistematicamente, uma multiplicação de empresas menores e crescimento exponencial de prestadores de serviços. A classe média fortalecida se encaixaria aí, mas, em declínio como está, todos perderemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário