COLUNA DO JAECI »
A volta de um passado sombrio
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 21/07/2014
A rádio Jovem Pan, onde trabalha o amigo Vanderlei Nogueira, dá como certa a contratação de Dunga pela CBF como o novo técnico da Seleção Brasileira. Como conheço e dou credibilidade a Nogueira, aposto na informação, e o novo técnico será apresentado na terça-feira, conforme prometeu José Maria Marin. Não tenho dúvidas de que o novo coordenador-técnico, Gilmar Rinaldi, foi o principal responsável pela volta de Dunga ao comando do time canarinho. São amigos de longa data e representaram, pelo Internacional, o Brasil na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, ganhando a prata para o time brasileiro. A França ficou com o ouro.
Além disso, foram tetracampeões juntos, em 1994, quando Gilmar era o terceiro goleiro. E ambos são gaúchos. Não precisa dizer mais nada. Dunga será o técnico e ponto. Não tenho bom relacionamento com ele. Brigamos durante a Copa da África, pois ele é o tipo de treinador que não gosta de perguntas que o desagradem. E, ainda por cima, num amistoso em Londres, disse na cara dele que meu preferido era Vanderlei Luxemburgo. Daquele momento em diante, nos toleramos. Encontrei com ele algumas vezes, após sua demissão, mas sequer o cumprimentei. Ele pra lá e eu pra cá.
Isso, porém, não quer dizer nada. Profissionalmente teremos de conviver, pois faz parte da profissão. Se ele não gostar de uma pergunta minha, que não responda, embora o cargo determine o contrário. Curiosamente, os números de Dunga no comando da Seleção são excelentes. Se não me engano, ele tem mais de 70% de resultados positivos, com pouquíssimas derrotas. A pior delas, para a Holanda, que custou a eliminação do Brasil da Copa de 2010 e sua própria demissão. Já disse que para nós, brasileiros, o que importa é o Mundial. O técnico pode ganhar Copa América e das Confederações que não quer dizer nada. Dunga ganhou as duas, mas fracassou na principal.
Sua principal característica é a marcação, a pancada e a defesa. O gol, para ele, é mero detalhe. Além disso, é uma espécie de general. Vai reorganizar a bagunça que foi a equipe sob o comando de Felipão. Não vai permitir bonés, brincadeirinhas e nem chorões. Com Dunga, o jogador tem que ser macho mesmo. Não chora, não brinca, não vive de marketing.
Vejam os senhores e as senhoras, que nada muda no comando da Seleção. Sai um gaúcho, entra outro, ou melhor: volta outro. Outro dia, um rapaz me mandou e-mail perguntando o que eu tinha contra os gaúchos. Absolutamente nada. Adoro o povo do Rio Grande do Sul, mas contra os técnicos tenho tudo. Para mim, eles acabaram com o futebol brasileiro com marcação, pegadas, porradas e outros termos mais fortes. Não à toa, chegamos ao fundo do poço. Já que a CBF insiste tanto com os gaúchos, por que não forma uma seleção apenas com jogadores de lá? Seria a seleção da porrada, da pegada, da marcação forte, que abriria mão do gol. É assim que funciona por lá. Vejam que o Internacional não ganha um Brasileirão desde 1979, e o Grêmio, desde 1996. E vale lembrar que essas equipes ganharam no sistema mata-mata, pois nos pontos corridos, não mostram competência para tal.
Convivência com a TV
E Dunga terá de conviver com outro desafeto: a TV Globo. Ele brigou com alguns repórteres e não deu os privilégios que Felipão, por exemplo, dava. Sempre com mania de perseguição, Dunga dava uma patada atrás da outra e só confiava em Jorginho, seu assistente, que fazia as intrigas e levava ao patrão. Nesse ponto admiro Dunga. Ele é isso e pronto. Já Jorginho é mais falso que uma nota de 2 dólares, e a CBF já disse a Dunga que não o quer como assistente técnico. Mas, como a Globo é parceira da CBF, vão encontrar um meio-termo para Dunga se adaptar. E acredito também que ele não vá cometer os mesmos erros do passado. Mudar ele não mudará, mas pode melhorar e fazer vista grossa para muita coisa. O futebol é assim. De acordo com o interesse, tudo se resolve. Da minha parte, Dunga pode ficar tranquilo. Vou continuar fazendo as perguntas que um jornalista isento e de credibilidade faz. Se ele quiser responder, bem. Se não quiser, amém. Já estou calejado com esse tipo de situação.
Só acho que escolher Dunga como o homem que vai recuperar nossa seleção e seu prestígio, a médio prazo, é pedir demais. A CBF fatura mais de R$ 450 milhões anuais, não custava nada atravessar o Atlântico e oferecer R$ 22 milhões (U$S 10 milhões) a Pep Guardiola (foto). Ele sim mudaria nossa cara e nos devolveria o futebol que encantou seu pai e seu avô, como ele mesmo disse em entrevista. Não é com marcação e pancada que vamos sair desse marasmo. Além disso tudo, temos uma safra ruim, e, dessa forma, fica difícil descobrir novos valores.
Sugiro a Dunga que pegue duas equipes como base e monte a sua seleção. Porém, acho difícil abrirem mão de jogadores que atuam no exterior. Gilmar Rinaldi já disse que ele e o novo treinador vão viajar bastante, para ver jogos e acompanhar treinamentos. Portanto, não vejo muita coisa diferente dos que estiveram no fracasso do Mundial. Mas, como Dunga é um ex-fracassado, que se recuperou com a conquista do tetra, quando levantou a taça e xingou todos os fotógrafos, revanchista que é, quem sabe ele também recupere os atletas que deram vexame neste Mundial do Brasil?
Recopa
O Galo está com a mão na taça da Recopa, depois de vencer o Lanús, em sua casa, por 1 a 0. Jogará pelo empate, no Mineirão, para ganhar mais uma competição internacional. Aliás, outro dia falei no Alterosa no Ataque, que o Atlético era o único time brasileiro a jogar as duas Copas Conmebol, que ganhou, no lixo. Acho que a diretoria deveria valorizar a competição, pois foram duas conquistas internacionais dificílimas, e que têm seu valor. Sugiro a Adriana Branco, craque em tudo o que fez, que planeje uma ação de valorização da Conmebol, junto da Recopa. Troféu tem sempre o seu valor, e justamente o ganhador é o que menos o valoriza...
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 21/07/2014
A rádio Jovem Pan, onde trabalha o amigo Vanderlei Nogueira, dá como certa a contratação de Dunga pela CBF como o novo técnico da Seleção Brasileira. Como conheço e dou credibilidade a Nogueira, aposto na informação, e o novo técnico será apresentado na terça-feira, conforme prometeu José Maria Marin. Não tenho dúvidas de que o novo coordenador-técnico, Gilmar Rinaldi, foi o principal responsável pela volta de Dunga ao comando do time canarinho. São amigos de longa data e representaram, pelo Internacional, o Brasil na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, ganhando a prata para o time brasileiro. A França ficou com o ouro.
Além disso, foram tetracampeões juntos, em 1994, quando Gilmar era o terceiro goleiro. E ambos são gaúchos. Não precisa dizer mais nada. Dunga será o técnico e ponto. Não tenho bom relacionamento com ele. Brigamos durante a Copa da África, pois ele é o tipo de treinador que não gosta de perguntas que o desagradem. E, ainda por cima, num amistoso em Londres, disse na cara dele que meu preferido era Vanderlei Luxemburgo. Daquele momento em diante, nos toleramos. Encontrei com ele algumas vezes, após sua demissão, mas sequer o cumprimentei. Ele pra lá e eu pra cá.
Isso, porém, não quer dizer nada. Profissionalmente teremos de conviver, pois faz parte da profissão. Se ele não gostar de uma pergunta minha, que não responda, embora o cargo determine o contrário. Curiosamente, os números de Dunga no comando da Seleção são excelentes. Se não me engano, ele tem mais de 70% de resultados positivos, com pouquíssimas derrotas. A pior delas, para a Holanda, que custou a eliminação do Brasil da Copa de 2010 e sua própria demissão. Já disse que para nós, brasileiros, o que importa é o Mundial. O técnico pode ganhar Copa América e das Confederações que não quer dizer nada. Dunga ganhou as duas, mas fracassou na principal.
Sua principal característica é a marcação, a pancada e a defesa. O gol, para ele, é mero detalhe. Além disso, é uma espécie de general. Vai reorganizar a bagunça que foi a equipe sob o comando de Felipão. Não vai permitir bonés, brincadeirinhas e nem chorões. Com Dunga, o jogador tem que ser macho mesmo. Não chora, não brinca, não vive de marketing.
Vejam os senhores e as senhoras, que nada muda no comando da Seleção. Sai um gaúcho, entra outro, ou melhor: volta outro. Outro dia, um rapaz me mandou e-mail perguntando o que eu tinha contra os gaúchos. Absolutamente nada. Adoro o povo do Rio Grande do Sul, mas contra os técnicos tenho tudo. Para mim, eles acabaram com o futebol brasileiro com marcação, pegadas, porradas e outros termos mais fortes. Não à toa, chegamos ao fundo do poço. Já que a CBF insiste tanto com os gaúchos, por que não forma uma seleção apenas com jogadores de lá? Seria a seleção da porrada, da pegada, da marcação forte, que abriria mão do gol. É assim que funciona por lá. Vejam que o Internacional não ganha um Brasileirão desde 1979, e o Grêmio, desde 1996. E vale lembrar que essas equipes ganharam no sistema mata-mata, pois nos pontos corridos, não mostram competência para tal.
Convivência com a TV
E Dunga terá de conviver com outro desafeto: a TV Globo. Ele brigou com alguns repórteres e não deu os privilégios que Felipão, por exemplo, dava. Sempre com mania de perseguição, Dunga dava uma patada atrás da outra e só confiava em Jorginho, seu assistente, que fazia as intrigas e levava ao patrão. Nesse ponto admiro Dunga. Ele é isso e pronto. Já Jorginho é mais falso que uma nota de 2 dólares, e a CBF já disse a Dunga que não o quer como assistente técnico. Mas, como a Globo é parceira da CBF, vão encontrar um meio-termo para Dunga se adaptar. E acredito também que ele não vá cometer os mesmos erros do passado. Mudar ele não mudará, mas pode melhorar e fazer vista grossa para muita coisa. O futebol é assim. De acordo com o interesse, tudo se resolve. Da minha parte, Dunga pode ficar tranquilo. Vou continuar fazendo as perguntas que um jornalista isento e de credibilidade faz. Se ele quiser responder, bem. Se não quiser, amém. Já estou calejado com esse tipo de situação.
Só acho que escolher Dunga como o homem que vai recuperar nossa seleção e seu prestígio, a médio prazo, é pedir demais. A CBF fatura mais de R$ 450 milhões anuais, não custava nada atravessar o Atlântico e oferecer R$ 22 milhões (U$S 10 milhões) a Pep Guardiola (foto). Ele sim mudaria nossa cara e nos devolveria o futebol que encantou seu pai e seu avô, como ele mesmo disse em entrevista. Não é com marcação e pancada que vamos sair desse marasmo. Além disso tudo, temos uma safra ruim, e, dessa forma, fica difícil descobrir novos valores.
Sugiro a Dunga que pegue duas equipes como base e monte a sua seleção. Porém, acho difícil abrirem mão de jogadores que atuam no exterior. Gilmar Rinaldi já disse que ele e o novo treinador vão viajar bastante, para ver jogos e acompanhar treinamentos. Portanto, não vejo muita coisa diferente dos que estiveram no fracasso do Mundial. Mas, como Dunga é um ex-fracassado, que se recuperou com a conquista do tetra, quando levantou a taça e xingou todos os fotógrafos, revanchista que é, quem sabe ele também recupere os atletas que deram vexame neste Mundial do Brasil?
Recopa
O Galo está com a mão na taça da Recopa, depois de vencer o Lanús, em sua casa, por 1 a 0. Jogará pelo empate, no Mineirão, para ganhar mais uma competição internacional. Aliás, outro dia falei no Alterosa no Ataque, que o Atlético era o único time brasileiro a jogar as duas Copas Conmebol, que ganhou, no lixo. Acho que a diretoria deveria valorizar a competição, pois foram duas conquistas internacionais dificílimas, e que têm seu valor. Sugiro a Adriana Branco, craque em tudo o que fez, que planeje uma ação de valorização da Conmebol, junto da Recopa. Troféu tem sempre o seu valor, e justamente o ganhador é o que menos o valoriza...
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