Turismo
Como sabe a mine
Como sabe a mine
iridade, comitiva de mais de três não funciona
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 21/07/2014
Eduardo da Silva, brasileiro naturalizado croata,
atacante do Shakhtar Donetsk no Leste da Ucrânia, ganha por mês 904 mil
reais. Eduardo Reis, cronista em vias de se naturalizar tuvaluano,
ganha muito menos. Por que tuvaluano? Ora, porque Tuvalu, país da
Polinésia formado por nove atóis, tem 10 mil habitantes, donde se
conclui que a soma de todos os tuvaluanos não chega aos pés dos ladrões
que atuam na administração e na política de um país grande e bobo.
O Eduardo croata, com o fruto de um mês do seu trabalho, pode pagar quatro pacotes de 25 dias de turismo que o seu xará tuvaluano gostaria de fazer. Na viagem, acomodados num Boeing 757-200 com 50 lugares, todos de primeira classe, os turistas dão a volta ao mundo luxuoso, passeiam de balão em Bagan, que ninguém sabe onde fica, conhecem a Ilha de Páscoa, Bora-Bora, Borobodur, na Indonésia, Yagon, em Mianmar, Agra, na Índia, Petra, na Jordânia, Serengeti e a Cratera de Ngorongoro, na Tanzânia. Que se pode esperar de uma pessoa que passe dos 50 anos sem conhecer Ngorongoro?
O giro chique pelo mundo custa 248 mil reais, 10 mil por dia, obrigando o Eduardo croata a completar o pagamento das quatro passagens com três dias do salário do mês seguinte. O tuvaluano precisa trabalhar quatro anos para comprar o pacote. Inteligente que deve ser como todo Eduardo, ressalvado aquele gordo cabeludo que mata zelador em São Paulo, o croata só levará duas convidadas. Como sabe a mineiridade, comitiva de mais de três não funciona.
Só em BH, conheço dezenas de cavalheiros em primeiras ou segundas núpcias, sem exclusão dos que já passaram das terceiras e quartas, em condições de fazer o giro chique sem arranhar suas finanças. Voltando à capital de todos os mineiros, podem contar que conhecem Borobudur e Ngorongoro. Na viagem, serão acompanhados de um historiador, um fotógrafo da NatGeo brasileira, terão as melhores culinárias regionais e uma seleção de vinhos, a bordo do 757-200, que harmonizará com os pratos preparados por um chef.
Rifas
Na condição de caro e preclaro leitor, que lhe parece uma rifa de ursinho de pelúcia? Rifa, sorteio de algo, no caso, um ursinho de pelúcia, mediante a venda de talões numerados. Venda a brasileiros adultos, valha a ressalva.
Dir-se-á que adultos podem ter filhos e netos; ainda assim, a rifa me intrigou. Quando surpreso, vou à edição eletrônica das obras completas de Sigmund S. Freud, clico em “ursinho” e o programa responde: nada. Clico em “urso” e há quatro entradas nas obras completas, todas sobre a impossibilidade de luta entre a baleia e o urso polar, porque vivem em elementos diferentes. Prova de que Freud podia entender muito de psicanálise, mas não sabia distinguir as baleias e os ursos polares dos trens de ferro em que circulava pela Europa.
Ursos polares e baleias podem, sim, travar lutas, na hipótese do urso cair no mar em que vive a baleia. Difícil de entender e explicar é uma rifa, entre adultos, de ursinhos de pelúcia.
Philosophares
O cidadão ou a cidadoa (existe!) que vê um pneumático inflável sabe que foi inventado, em 1888, pelo veterinário escocês John Boyd Dunlop para o velocípede de seu filho de nove anos. Antes disso, as rodas eram de madeira, ferro ou materiais compostos, prejudicando o conforto ao transitar pelas ruas esburacadas de Belfast. Veterinários são inventivos: Graham Bell inventou o telefone.
A cidadoa ou o cidadão que tem notícia de um casamento entre homem e mulher sabe que o instituto do matrimônio cristão é muito antigo, devendo remontar ao ano 1.000 de nossa era, como também sabe que existem casamentos em outras religiões e fora delas, porque se acreditava que o acasalamento da mulher com o homem era necessário para preservar a espécie e a família.
Se as pessoas comuns sabem da existência de pneus infláveis e de casamentos, sabendo até dos casamentos modernos entre pessoas do mesmo sexo, compete ao philosopho, com o seu alto philosophar, dizer da relação estreita entre os casamentos à antiga e os pneus infláveis, com ou sem câmaras.
É que ambos, casamentos antigos e pneus infláveis, com o passar do tempo, ficam carecas. Os machos da espécie podem recorrer ao plantio de cabelos como o ilustre Calheiros, presidente do Senado. As fêmeas calvas, e as há, podem recorrer às perucas, e os pneumáticos devem ser trocados por outros mais novos, recurso válido também para as esposas, que podem procurar nos namorados menos carecas as alegrias que tiveram quando se casaram.
O mundo é uma bola
21 de julho de 356 a.C., Heróstrato destrói o Templo de Ártemis, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, donde se conclui que o incendiário era um imbecil e não podemos perder tempo com imbecis. Bastam-nos os nossos, que são milhares ou milhões de destruidores da pátria amada.
Em 365, grande parte do Mediterrâneo Oriental, nomeadamente Alexandria, Creta e a costa da Líbia, é destruída por violento terremoto. O sismo foi uma tragédia, mas o advérbio nomeadamente é ótimo.
Ruminanças
“Não emagreço mais por falta de espaço” (Abgar Renault, 1901-1995).
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 21/07/2014
O Eduardo croata, com o fruto de um mês do seu trabalho, pode pagar quatro pacotes de 25 dias de turismo que o seu xará tuvaluano gostaria de fazer. Na viagem, acomodados num Boeing 757-200 com 50 lugares, todos de primeira classe, os turistas dão a volta ao mundo luxuoso, passeiam de balão em Bagan, que ninguém sabe onde fica, conhecem a Ilha de Páscoa, Bora-Bora, Borobodur, na Indonésia, Yagon, em Mianmar, Agra, na Índia, Petra, na Jordânia, Serengeti e a Cratera de Ngorongoro, na Tanzânia. Que se pode esperar de uma pessoa que passe dos 50 anos sem conhecer Ngorongoro?
O giro chique pelo mundo custa 248 mil reais, 10 mil por dia, obrigando o Eduardo croata a completar o pagamento das quatro passagens com três dias do salário do mês seguinte. O tuvaluano precisa trabalhar quatro anos para comprar o pacote. Inteligente que deve ser como todo Eduardo, ressalvado aquele gordo cabeludo que mata zelador em São Paulo, o croata só levará duas convidadas. Como sabe a mineiridade, comitiva de mais de três não funciona.
Só em BH, conheço dezenas de cavalheiros em primeiras ou segundas núpcias, sem exclusão dos que já passaram das terceiras e quartas, em condições de fazer o giro chique sem arranhar suas finanças. Voltando à capital de todos os mineiros, podem contar que conhecem Borobudur e Ngorongoro. Na viagem, serão acompanhados de um historiador, um fotógrafo da NatGeo brasileira, terão as melhores culinárias regionais e uma seleção de vinhos, a bordo do 757-200, que harmonizará com os pratos preparados por um chef.
Rifas
Na condição de caro e preclaro leitor, que lhe parece uma rifa de ursinho de pelúcia? Rifa, sorteio de algo, no caso, um ursinho de pelúcia, mediante a venda de talões numerados. Venda a brasileiros adultos, valha a ressalva.
Dir-se-á que adultos podem ter filhos e netos; ainda assim, a rifa me intrigou. Quando surpreso, vou à edição eletrônica das obras completas de Sigmund S. Freud, clico em “ursinho” e o programa responde: nada. Clico em “urso” e há quatro entradas nas obras completas, todas sobre a impossibilidade de luta entre a baleia e o urso polar, porque vivem em elementos diferentes. Prova de que Freud podia entender muito de psicanálise, mas não sabia distinguir as baleias e os ursos polares dos trens de ferro em que circulava pela Europa.
Ursos polares e baleias podem, sim, travar lutas, na hipótese do urso cair no mar em que vive a baleia. Difícil de entender e explicar é uma rifa, entre adultos, de ursinhos de pelúcia.
Philosophares
O cidadão ou a cidadoa (existe!) que vê um pneumático inflável sabe que foi inventado, em 1888, pelo veterinário escocês John Boyd Dunlop para o velocípede de seu filho de nove anos. Antes disso, as rodas eram de madeira, ferro ou materiais compostos, prejudicando o conforto ao transitar pelas ruas esburacadas de Belfast. Veterinários são inventivos: Graham Bell inventou o telefone.
A cidadoa ou o cidadão que tem notícia de um casamento entre homem e mulher sabe que o instituto do matrimônio cristão é muito antigo, devendo remontar ao ano 1.000 de nossa era, como também sabe que existem casamentos em outras religiões e fora delas, porque se acreditava que o acasalamento da mulher com o homem era necessário para preservar a espécie e a família.
Se as pessoas comuns sabem da existência de pneus infláveis e de casamentos, sabendo até dos casamentos modernos entre pessoas do mesmo sexo, compete ao philosopho, com o seu alto philosophar, dizer da relação estreita entre os casamentos à antiga e os pneus infláveis, com ou sem câmaras.
É que ambos, casamentos antigos e pneus infláveis, com o passar do tempo, ficam carecas. Os machos da espécie podem recorrer ao plantio de cabelos como o ilustre Calheiros, presidente do Senado. As fêmeas calvas, e as há, podem recorrer às perucas, e os pneumáticos devem ser trocados por outros mais novos, recurso válido também para as esposas, que podem procurar nos namorados menos carecas as alegrias que tiveram quando se casaram.
O mundo é uma bola
21 de julho de 356 a.C., Heróstrato destrói o Templo de Ártemis, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, donde se conclui que o incendiário era um imbecil e não podemos perder tempo com imbecis. Bastam-nos os nossos, que são milhares ou milhões de destruidores da pátria amada.
Em 365, grande parte do Mediterrâneo Oriental, nomeadamente Alexandria, Creta e a costa da Líbia, é destruída por violento terremoto. O sismo foi uma tragédia, mas o advérbio nomeadamente é ótimo.
Ruminanças
“Não emagreço mais por falta de espaço” (Abgar Renault, 1901-1995).
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