EDITORIAL »
Homofobia na campanha
Além do baixo nível das propostas, há até quem desrespeita o telespectador
Estado de Minas: 24/08/2014
Além do baixo nível das propostas, há até quem desrespeita o telespectador
Estado de Minas: 24/08/2014
O programa
eleitoral é obrigatório, mas não gratuito. Pagam-no os recursos que o
Estado recolhe do cidadão na forma de uma das mais pesadas cargas
tributárias do mundo. Ao ser criado, tinha finalidade nobre: informar as
propostas dos candidatos e ajudar o eleitor a decidir a quem entregar o
voto. O passar dos anos, porém, demonstra que boas intenções não se
transformam necessariamente em fatos. Ao contrário. Não raro, as
deturpam.
Transmitidos no horário nobre dos canais abertos, os 50 minutos de programação entram na casa dos brasileiros sem bater na porta. Mas o objetivo original dessa iniciativa democrática longe está de ser atingido. Muitos, talvez a maior parte, dos que surgem na tela da TV pedindo votos desqualificam a inteligência do telespectador. Dão a impressão de que estão falando com crianças que acreditam em histórias da carochinha.
Postulantes a cargos eletivos aparecem travestidos de supercriaturas ou semideuses. Uns prometem mudanças de 180 graus na educação, na saúde, nos transportes, na segurança, na seguridade, no mercado de trabalho — sem preocupação com competências e fonte de recursos.
Outros, apoiados por marqueteiros profissionais, exibem país-maravilha que faz inveja a suecos, noruegueses e demais Estados que frequentam o topo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — pesquisa da ONU que mede o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores deste ou daqueles países.
Na quinta-feira, uma surpresa invadiu as telas. Indo além da enganação explícita e do baixo nível das campanhas, candidato à Câmara Federal pela capital da República deu provas de falta de sintonia com a contemporaneidade. Enquanto o mundo caminha rumo à tolerância e ao convívio harmonioso com as minorias, Matheus Sathler, do PSDB, demonstrou intolerável homofobia.
Ele defende a necessidade de distribuir cartilhas "para ensinar meninos a gostar somente de meninas", e "as mulheres a serem femininas". É lamentável constatar que a sociedade brasileira, que tanto lutou para derrubar tabus antigos que acarretaram sofrimentos a famílias de norte a sul do país, tenha a casa invadida por criaturas incapazes de respeitar o lar em que entram — muitos habitados por pessoas de diferentes tendências.
Não se trata de patrulhamento ou censura. É direito de todos ter opinião. Mas é inaceitável externar ideias retrógradas e preconceituosas em programa pago com o dinheiro arrancado do cidadão para ser informado sobre projetos capazes de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. O mínimo que o cidadão tem o direito de esperar dos partidos políticos é que sejam mais seletivos na oferta de candidatos ao crivo popular e na edição do que será dito às famílias no horário eleitoral obrigatório.
Transmitidos no horário nobre dos canais abertos, os 50 minutos de programação entram na casa dos brasileiros sem bater na porta. Mas o objetivo original dessa iniciativa democrática longe está de ser atingido. Muitos, talvez a maior parte, dos que surgem na tela da TV pedindo votos desqualificam a inteligência do telespectador. Dão a impressão de que estão falando com crianças que acreditam em histórias da carochinha.
Postulantes a cargos eletivos aparecem travestidos de supercriaturas ou semideuses. Uns prometem mudanças de 180 graus na educação, na saúde, nos transportes, na segurança, na seguridade, no mercado de trabalho — sem preocupação com competências e fonte de recursos.
Outros, apoiados por marqueteiros profissionais, exibem país-maravilha que faz inveja a suecos, noruegueses e demais Estados que frequentam o topo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — pesquisa da ONU que mede o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores deste ou daqueles países.
Na quinta-feira, uma surpresa invadiu as telas. Indo além da enganação explícita e do baixo nível das campanhas, candidato à Câmara Federal pela capital da República deu provas de falta de sintonia com a contemporaneidade. Enquanto o mundo caminha rumo à tolerância e ao convívio harmonioso com as minorias, Matheus Sathler, do PSDB, demonstrou intolerável homofobia.
Ele defende a necessidade de distribuir cartilhas "para ensinar meninos a gostar somente de meninas", e "as mulheres a serem femininas". É lamentável constatar que a sociedade brasileira, que tanto lutou para derrubar tabus antigos que acarretaram sofrimentos a famílias de norte a sul do país, tenha a casa invadida por criaturas incapazes de respeitar o lar em que entram — muitos habitados por pessoas de diferentes tendências.
Não se trata de patrulhamento ou censura. É direito de todos ter opinião. Mas é inaceitável externar ideias retrógradas e preconceituosas em programa pago com o dinheiro arrancado do cidadão para ser informado sobre projetos capazes de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. O mínimo que o cidadão tem o direito de esperar dos partidos políticos é que sejam mais seletivos na oferta de candidatos ao crivo popular e na edição do que será dito às famílias no horário eleitoral obrigatório.
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