segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O que são muletas Eduardo Amaral Gomes

Eduardo Amaral Gomes
Médico ortopedista e traumatologista
Estado de Minas: 01/09/2014 



O uso de muletas, seja qual for o tipo, é extremamente útil na reabilitação de lesões traumáticas ou pós-operatórias, bem como em outras patologias. Tem maior aceitação social, ao contrário das bengalas, talvez pelo uso por pequenos períodos, e é de uma praticidade ímpar, além de ser realmente efetiva. Seu uso dá até certo status social, com múltiplas gentilezas ao usuário, principalmente ao atravessar uma rua ou entrar na fila de um banco.

Basicamente, temos dois tipos de muletas: a axilar e a canadense. A muleta axilar é também conhecida como muleta-padrão ou regular. Ela é constituída, essencialmente, de hastes duplas, no sentido proximal, terminando com uma haste somente, no sentido distal. A parte axilar é encurvada, arredondada e almofadada, seguindo a forma da axila, visando ao maior conforto. O suporte para a mão, chamado empunhadeira ou manopla, é revestido com a chamada almofada de aderência. É confeccionada em madeira ou em alumínio, com um dispositivo para regulagem de altura da mão e outro para a regulagem do comprimento. Contém uma ponteira de borracha para evitar o escorregamento. É mais usada para os casos agudos de pacientes que precisam de maior base de sustentação.

A muleta tipo canadense, também chamada muleta de antebraço, tem uma haste única, de alumínio, com regulagem de altura e um suporte para o antebraço, tipo calha, chamada braçadeira. Essa braçadeira é, em certos casos, articulada e deve achar-se logo abaixo de cotovelo com um dispositivo onde se encaixa a mão: a empunhadeira ou manopla. Também tem uma ponteira revestida de borracha, para efeito antideslizante. Ela permite maior estabilidade dos membros superiores e é usada para os casos mais crônicos e para os jovens. Tem melhor aspecto estético, é mais leve e fácil de transportar, principalmente em automóveis, por ser menor e mais delicada.

Quanto ao tamanho, existem o tamanho P (pequeno, entre 1,28m a 1,50m), M (médio, entre 1,48m a 1,70m), G (grande, entre 1,68m a 1,90m) e GG (extragrande, de 1,90m). Para crianças, há o tamanho pequeno, que varia de 1,30m a 1,50m. De modo geral, suportam o peso de até 100kg; para um peso maior, usam-se as muletas tamanho GG, geralmente confeccionadas em madeira.

O uso das muletas, qualquer que seja o tipo, visa reduzir a descarga de peso em um membro inferior e melhorar o equilíbrio e a estabilidade, para que o paciente possa deambular com maior facilidade e desenvoltura. De preferência, devem ser usadas aos pares; o uso de uma só muleta provoca uma marcha com desequilíbrio acentuado da postura. Nesse caso, uma bengala é indicada. As muletas axilares não devem se apoiar na axila. A parte axilar deve ficar de 2cm a 3cm abaixo da linha axilar, ou seja, justamente para não se apoiar na axila. O apoio deve ser feito no tórax, lateralmente, nas mãos e nos punhos. O cotovelo deve formar um angulo de 30 graus com o antebraço e a mão e o punho devem estar firmemente apoiados na empunhadura. Deve-se, também, regular a altura total das muletas e da empunhadura, para formar o ângulo de 30 graus com o cotovelo.

As muletas canadenses devem ser reguladas na altura para que o cotovelo permaneça em um ângulo de 30 graus. Deve-se apoiar firmemente na empunhadura, visto que o punho recebe até três vezes o peso do corpo durante a marcha. A braçadeira deve ficar 5cm abaixo do cotovelo.

Concluindo, o uso das muletas, qualquer que seja o tipo, é extremamente benéfico para lesões específicas ou patologias do sistema locomotor. Um treino com um ortopedista é fundamental. Melhor ainda com um fisioterapeuta, pois ele foi devidamente treinado, tem tempo e paciência para tal mister.

Importante, também, é fazer o tratamento adequado com disposição e vontade férrea para a recuperação das lesões, não fazendo das muletas uma muleta.

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