Eduardo Amaral Gomes
Médico ortopedista e traumatologista
Estado de Minas: 01/09/2014
O uso de muletas,
seja qual for o tipo, é extremamente útil na reabilitação de lesões
traumáticas ou pós-operatórias, bem como em outras patologias. Tem maior
aceitação social, ao contrário das bengalas, talvez pelo uso por
pequenos períodos, e é de uma praticidade ímpar, além de ser realmente
efetiva. Seu uso dá até certo status social, com múltiplas gentilezas ao
usuário, principalmente ao atravessar uma rua ou entrar na fila de um
banco.
Basicamente, temos dois tipos de muletas: a axilar e a
canadense. A muleta axilar é também conhecida como muleta-padrão ou
regular. Ela é constituída, essencialmente, de hastes duplas, no sentido
proximal, terminando com uma haste somente, no sentido distal. A parte
axilar é encurvada, arredondada e almofadada, seguindo a forma da axila,
visando ao maior conforto. O suporte para a mão, chamado empunhadeira
ou manopla, é revestido com a chamada almofada de aderência. É
confeccionada em madeira ou em alumínio, com um dispositivo para
regulagem de altura da mão e outro para a regulagem do comprimento.
Contém uma ponteira de borracha para evitar o escorregamento. É mais
usada para os casos agudos de pacientes que precisam de maior base de
sustentação.
A muleta tipo canadense, também chamada muleta de
antebraço, tem uma haste única, de alumínio, com regulagem de altura e
um suporte para o antebraço, tipo calha, chamada braçadeira. Essa
braçadeira é, em certos casos, articulada e deve achar-se logo abaixo de
cotovelo com um dispositivo onde se encaixa a mão: a empunhadeira ou
manopla. Também tem uma ponteira revestida de borracha, para efeito
antideslizante. Ela permite maior estabilidade dos membros superiores e é
usada para os casos mais crônicos e para os jovens. Tem melhor aspecto
estético, é mais leve e fácil de transportar, principalmente em
automóveis, por ser menor e mais delicada.
Quanto ao tamanho,
existem o tamanho P (pequeno, entre 1,28m a 1,50m), M (médio, entre
1,48m a 1,70m), G (grande, entre 1,68m a 1,90m) e GG (extragrande, de
1,90m). Para crianças, há o tamanho pequeno, que varia de 1,30m a 1,50m.
De modo geral, suportam o peso de até 100kg; para um peso maior,
usam-se as muletas tamanho GG, geralmente confeccionadas em madeira.
O
uso das muletas, qualquer que seja o tipo, visa reduzir a descarga de
peso em um membro inferior e melhorar o equilíbrio e a estabilidade,
para que o paciente possa deambular com maior facilidade e desenvoltura.
De preferência, devem ser usadas aos pares; o uso de uma só muleta
provoca uma marcha com desequilíbrio acentuado da postura. Nesse caso,
uma bengala é indicada. As muletas axilares não devem se apoiar na
axila. A parte axilar deve ficar de 2cm a 3cm abaixo da linha axilar, ou
seja, justamente para não se apoiar na axila. O apoio deve ser feito no
tórax, lateralmente, nas mãos e nos punhos. O cotovelo deve formar um
angulo de 30 graus com o antebraço e a mão e o punho devem estar
firmemente apoiados na empunhadura. Deve-se, também, regular a altura
total das muletas e da empunhadura, para formar o ângulo de 30 graus com
o cotovelo.
As muletas canadenses devem ser reguladas na altura
para que o cotovelo permaneça em um ângulo de 30 graus. Deve-se apoiar
firmemente na empunhadura, visto que o punho recebe até três vezes o
peso do corpo durante a marcha. A braçadeira deve ficar 5cm abaixo do
cotovelo.
Concluindo, o uso das muletas, qualquer que seja o
tipo, é extremamente benéfico para lesões específicas ou patologias do
sistema locomotor. Um treino com um ortopedista é fundamental. Melhor
ainda com um fisioterapeuta, pois ele foi devidamente treinado, tem
tempo e paciência para tal mister.
Importante, também, é fazer o
tratamento adequado com disposição e vontade férrea para a recuperação
das lesões, não fazendo das muletas uma muleta.
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