sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Fatos - Eduardo Almeida Reis

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 10/10/2014



Dia 8 de agosto de 2012 escrevi no suelto intitulado “Modismo criminal” estas judiciosas palavras: “Caindo na real, que o mundo não se faz só de efemérides, vejamos: primeiro, foram duas adolescentes de 13 anos que mataram coleguinha de 12 em São Joaquim de Bicas, MG; depois, foram duas de 16 anos que mataram coleguinha de 15 numa fazenda do Triângulo Mineiro. As primeiras tiraram o coração e um dedo da coleguinha morta; as outras se limitaram a matar a amiguinha a pauladas, jogando o corpo numa represa. Pelo andar da carruagem, logo teremos outros casos parecidos, numa espécie de Efeito Werther homicida. Esse efeito, como sabe o leitor, é que faz a mídia deixar de noticiar suicídios, diante da onda que provoca na sociedade sempre que um é noticiado. Foi descoberto na Europa depois do lançamento de um romance de Goethe (1749-1832), traduzido para o português como Os sofrimentos do jovem Werther”.

Com a invenção do rádio e da televisão temos visto uma série de outros “efeitos” – espostejamentos, decapitações, fuzilamentos –, sem falar dos demais crimes que, não sendo de morte, estão capitulados no Código Penal. Quanto ao Efeito Werther, a julgar pelo que vimos na tevê e lemos nos jornais no início de setembro, foi esquecido pela mídia. Páginas inteiras nos jornais, programas inteiros nas tevês sobre as estatísticas da OMS, Organização Mundial de Saúde, provando que 11.821 pessoas se suicidaram no Brasil em 2012, contra 258.075 na Índia. Continuo acreditando no Efeito Werther, motivo pelo qual tiro o meu time de campo.
Dura lex sed lex
Na primeira semana de setembro, bela ministra do Superior Tribunal de Justiça andou em evidência na mídia com as démarches de seu ilustre marido e senhor, ministro do Tribunal de Contas da União, visando a transferir a santa do STJ para o STF, Supremo Tribunal Federal.

Em Lambari, MG, conheci o avô e o pai da ministra, no tempo em que as estações de águas duravam um mês. O avô já era ministro do STF e o pai, alguns anos mais velho que o jovem philosopho, vivia repetindo: “Papai ocupa um cargo muito importante”.

Catarinense nascido em 1904, o avô Luiz Gallotti foi nomeado ministro do STF em setembro de 1949 por decreto assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, em cujo governo os cassinos haviam sido proibidos. Diante disso, em Lambari o ministro Gallotti vivia em palpos de aranha, o que era e continua sendo muito melhor do que ficar em papos de aranha. No papo do aracnídeo o sujeito já está morto, mas pode escapar dos palpos, apêndices segmentados das maxilas ou do lábio dos insetos.

Ficava o ministro Luiz Gallotti em palpos de aranha pelo seguinte: passava um mês hospedado no Imperial Hotel a cavaleiro de um salão em que se realizavam festas e shows noturnos. Até aí, tudo bem, não fosse pelo fato de um cassino funcionar nos fundos do tal salão, com mesas de roleta, bacará e todos os demais jogos de azar proibidos por lei.

Gallotti resolveu o problema à brasileira: passava o mês hospedado no Imperial, tomava suas águas minerais na fonte e ignorava a existência do salão de danças e shows, explorado pelo hotel, em cujos fundos funcionava o cassino proibido. Sabendo que o hotel precisava do cassino para sobreviver, o ministro recorria ao latim que estudou em Santa Catarina: Iustitia et misericordia coambulant, qualquer coisa como a justiça e a misericórdia andam juntas.

O mundo é uma bola
10 de outubro de 680: Batalha de Karbala, em que Shia Imam Hussayn bin Ali, neto do profeta Maomé, foi decapitado pelas forças de Caligh Yazid I. É comemorado pelos xiitas como Ashurah: “O pessoal não são de brincadeira”, como diz o doutor honoris causa. Até hoje uma parte do islamismo adora decapitar. O Grande Furacão de 1780 mata cerca de 25 mil pessoas no Caribe. Em 1846, descoberta de Tritão, que, como todo mundo ignora, é a maior lua de Netuno e se encontra a 4.500 milhões de quilômetros da Terra.

Em 1913, inauguração do Canal de Panamá, que está sendo ampliado para dar passagem aos imensos navios que transportam contêineres, recipientes inventados em 1937 pelo americano Malcolm McLean, mas só vulgarizados no planeta a partir de 1966 (outro dia!), quando McLean despachou os primeiros 50 recipientes para a Holanda.

Em 1975, admissão de Papua Nova Guiné como Estado-Membro da ONU, organização que, pelo visto, não se leva a sério. Em 2003, através da Sonda Cassini, a ciência testou a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

Em 1731 nasceu o cientista britânico Henry Cavendish, sobrenome que nos lembra o genial dono da Construtora Delta (leia-se CPMI do Cachoeira). Em 1813 nasceu Giuseppe Verdi, compositor da melhor supimpitude. Hoje é o Dia do Empresário.

Ruminanças
“Levo comigo tudo o que tenho” (Bias, século IV a.C.).

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