Gustavo Werneck
Estado de Minas: 06/11/2012
Chova ou faça sol, é preciso acertar o passo. E fazer exercícios ao ar livre nos parques, praças, avenidas ou em volta da Lagoa da Pampulha. No feriado emendado ao fim de semana, milhares de belo-horizontinos fizeram suas caminhadas – alguns num ritmo adequado, como orientam os educadores físicos, outros sem compromisso com a intensidade do exercício e movimentos do corpo. As cenas, claro, vão se repetir sempre, mas, antes de sair de casa da próxima vez de tênis e boné, preste bem atenção num ponto fundamental e responda sinceramente: “Você caminha ou passeia?” Com base em estudo feito nas nove regionais da cidade, o professor do Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Anderson Aurélio da Silva responde sem titubear: “A maioria passeia”.
O trabalho desenvolvido entre o fim de 2011 e o primeiro semestre deste ano avaliou 142 pessoas, na faixa de 40 a 60 anos, e constatou que cerca de 75% do grupo observado na caminhada diária não conseguia se beneficiar totalmente do exercício. A maior parte dos entrevistados pratica em intensidade abaixo da ideal e os outros o fazem com intensidade acima do recomendado, expondo o corpo a lesões. “Dessa forma, apenas uma em cada quatro pessoas faz a caminhada de maneira correta, dentro dos parâmetros de segurança e eficiência.”
Anderson explica que, ao caminhar, a pessoa deve se preocupar com a chamada “sobrecarga” ou a boa relação entre duração, frequência e intensidade do exercício – na pesquisa, a sobrecarga das 142 pessoas foi medida por meio da frequência cardíaca. Segundo ele, há um número que é encontrado pela fórmula: 220 menos a idade da pessoa: “Essa é a frequência cardíaca máxima, a qual é calculada pela idade da pessoa. Entre 60% e 80% desse valor, o exercício traz os benefícios máximos. Acima disso, pode causar lesões e, abaixo, traz poucos benefícios”, explica. O ideal, por exemplo, é que a sobrecarga de um homem de 40 anos varie de 108 a 144 batimentos por minuto.
A equipe do EM acompanhou o professor Anderson à orla da Pampulha, nas primeiras horas, já bem movimentada, podendo conhecer, na prática, um pouco do comportamentos dos belo-horizontinos. “Algumas pessoas que caminham mostram um bom movimento dos braços, passos ritmados. Outros, vê-se nitidamente, estão apenas passeando”, conferiu o professor, que conversou e deu dicas para garantir rendimento no exercício. Ele explicou que as mulheres se adaptam bem à caminhada e têm um desempenho melhor. Já os homens preferem correr. Um dado curioso é que não houve diferenças entre as nove regionais, embora se note um rendimento melhor na Pampulha, Centro-Sul e Barreiro. “A explicação é que, nessas três, as pessoas não precisam ficar parando para atravessar vias públicas.”
RITMO CERTO Acompanhado da filha, a estudante de educação física Bruna Gamallo Ferreira, de 20 anos, o financista Paulo Brant, de 45, contou que faz ginástica em academia cinco vezes na semana e caminha duas. “Já perdi seis quilos e tenho mais disposição desde que comecei, em janeiro, a me exercitar”, contou Brant, morador da Pampulha. “A Bruna está aqui para me dar uma força”, brinca o financista, antes de pegar o passo e seguir pela orla, próximo à Igrejinha de São Francisco de Assis.
Atento a todos os que passavam pela orla – a pesquisa nasceu da observação de Anderson nos lugares de caminhada –, o professor deu uma orientação valiosa para quem pretende se iniciar na caminhada ou não está com bom rendimento. “Conversar muito ao longo do trecho significa que a atividade está fraca, portanto, deve aumentá-la. E se não estiver conseguindo conversar, estiver ofegante, indica que deve diminuir.” A pesquisa, acrescenta, mostra que a maioria das pessoas obtém poucos benefícios na caminhada porque anda muito devagar. “Algumas pela comodidade, outras porque a caminhada precisa ser interrompida para cruzar ruas e avenidas. Falta orientação adequada e é preciso, antes de começar a se exercitar, procurar um professor de educação física ou fisioterapeuta.” O trabalho teve a participação das estudantes de fisioterapia da UFMG Daniela Alves e Gabriella Ferreira.
O trabalho desenvolvido entre o fim de 2011 e o primeiro semestre deste ano avaliou 142 pessoas, na faixa de 40 a 60 anos, e constatou que cerca de 75% do grupo observado na caminhada diária não conseguia se beneficiar totalmente do exercício. A maior parte dos entrevistados pratica em intensidade abaixo da ideal e os outros o fazem com intensidade acima do recomendado, expondo o corpo a lesões. “Dessa forma, apenas uma em cada quatro pessoas faz a caminhada de maneira correta, dentro dos parâmetros de segurança e eficiência.”
Anderson explica que, ao caminhar, a pessoa deve se preocupar com a chamada “sobrecarga” ou a boa relação entre duração, frequência e intensidade do exercício – na pesquisa, a sobrecarga das 142 pessoas foi medida por meio da frequência cardíaca. Segundo ele, há um número que é encontrado pela fórmula: 220 menos a idade da pessoa: “Essa é a frequência cardíaca máxima, a qual é calculada pela idade da pessoa. Entre 60% e 80% desse valor, o exercício traz os benefícios máximos. Acima disso, pode causar lesões e, abaixo, traz poucos benefícios”, explica. O ideal, por exemplo, é que a sobrecarga de um homem de 40 anos varie de 108 a 144 batimentos por minuto.
A equipe do EM acompanhou o professor Anderson à orla da Pampulha, nas primeiras horas, já bem movimentada, podendo conhecer, na prática, um pouco do comportamentos dos belo-horizontinos. “Algumas pessoas que caminham mostram um bom movimento dos braços, passos ritmados. Outros, vê-se nitidamente, estão apenas passeando”, conferiu o professor, que conversou e deu dicas para garantir rendimento no exercício. Ele explicou que as mulheres se adaptam bem à caminhada e têm um desempenho melhor. Já os homens preferem correr. Um dado curioso é que não houve diferenças entre as nove regionais, embora se note um rendimento melhor na Pampulha, Centro-Sul e Barreiro. “A explicação é que, nessas três, as pessoas não precisam ficar parando para atravessar vias públicas.”
RITMO CERTO Acompanhado da filha, a estudante de educação física Bruna Gamallo Ferreira, de 20 anos, o financista Paulo Brant, de 45, contou que faz ginástica em academia cinco vezes na semana e caminha duas. “Já perdi seis quilos e tenho mais disposição desde que comecei, em janeiro, a me exercitar”, contou Brant, morador da Pampulha. “A Bruna está aqui para me dar uma força”, brinca o financista, antes de pegar o passo e seguir pela orla, próximo à Igrejinha de São Francisco de Assis.
Atento a todos os que passavam pela orla – a pesquisa nasceu da observação de Anderson nos lugares de caminhada –, o professor deu uma orientação valiosa para quem pretende se iniciar na caminhada ou não está com bom rendimento. “Conversar muito ao longo do trecho significa que a atividade está fraca, portanto, deve aumentá-la. E se não estiver conseguindo conversar, estiver ofegante, indica que deve diminuir.” A pesquisa, acrescenta, mostra que a maioria das pessoas obtém poucos benefícios na caminhada porque anda muito devagar. “Algumas pela comodidade, outras porque a caminhada precisa ser interrompida para cruzar ruas e avenidas. Falta orientação adequada e é preciso, antes de começar a se exercitar, procurar um professor de educação física ou fisioterapeuta.” O trabalho teve a participação das estudantes de fisioterapia da UFMG Daniela Alves e Gabriella Ferreira.
TECNOLOGIA Vendo muita gente passar com frequencímetros e outros equipamentos eletrônicos nos braços e peito, Anderson lembra que a tecnologia tem sido uma aliada importante para manter a forma e a saúde. O casal Renato Mercado, de 41, e Juliana Araújo, de 36, morador do Bairro São Luiz, na Região da Pampulha, conta que se exercita três vezes por semana, durante uma hora, na lagoa, e volta para casa correndo. “É alternar caminhada com corridas leves”, assegura o professor. E indica os melhores horários para a prática: antes das 10h e depois das 17h.
Os benefícios são sentidos pela aposentada Maria de Lourdes Pinheiro, de 61, residente no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. “Caminho todos os dias no mínimo uma hora há mais de 10 anos. Se não pratico a atividade, vou ficando desanimada. Quando chego em casa, tenho disposição para tudo”, diz. Já um morador que preferiu não se identificar reconheceu que “estava passeando, “por enquanto”, mas pretende caminhar com atitude. “Quero perder 10kg em seis meses.”
Segundo Anderson , os praticantes de atividades físicas que não têm aparelhos para calcular a frequência cardíaca podem recorrer ao chamado “cansaço subjetivo” a fim de medir a intensidade de seu esforço. “Tal cansaço é aquele que se sente durante o exercício, mas que desaparece minutos depois do fim da prática esportiva. Serve para medir a intensidade correta do exercício. A pessoa tem que sentir um cansaço de leve a moderado. Ela não pode ficar ofegante nem tranquila demais”, analisa o professor, que corre há 27 anos. O professor observa que o resultado do estudo, além de alerta, serve como ajuda para a elaboração de políticas públicas. “A pesquisa pode norteá-las no sentido de orientação física dos moradores. As prefeituras devem contar com profissionais especializados (educadores físicos e fisioterapeutas) para ensinar as pessoas a obter o máximo de suas caminhadas, conhecendo sua sobrecarga e intensidade ideais.” O estudo do professor Anderson Aurélio será publicado em revista científica.
Os benefícios são sentidos pela aposentada Maria de Lourdes Pinheiro, de 61, residente no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. “Caminho todos os dias no mínimo uma hora há mais de 10 anos. Se não pratico a atividade, vou ficando desanimada. Quando chego em casa, tenho disposição para tudo”, diz. Já um morador que preferiu não se identificar reconheceu que “estava passeando, “por enquanto”, mas pretende caminhar com atitude. “Quero perder 10kg em seis meses.”
Segundo Anderson , os praticantes de atividades físicas que não têm aparelhos para calcular a frequência cardíaca podem recorrer ao chamado “cansaço subjetivo” a fim de medir a intensidade de seu esforço. “Tal cansaço é aquele que se sente durante o exercício, mas que desaparece minutos depois do fim da prática esportiva. Serve para medir a intensidade correta do exercício. A pessoa tem que sentir um cansaço de leve a moderado. Ela não pode ficar ofegante nem tranquila demais”, analisa o professor, que corre há 27 anos. O professor observa que o resultado do estudo, além de alerta, serve como ajuda para a elaboração de políticas públicas. “A pesquisa pode norteá-las no sentido de orientação física dos moradores. As prefeituras devem contar com profissionais especializados (educadores físicos e fisioterapeutas) para ensinar as pessoas a obter o máximo de suas caminhadas, conhecendo sua sobrecarga e intensidade ideais.” O estudo do professor Anderson Aurélio será publicado em revista científica.
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