Cientistas acham osso de grande dinossauro carnívoro no interior de SP
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
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O Brasil pré-histórico acaba de ficar um pouco mais aterrorizante. Nas rochas do interior de São Paulo, paleontólogos encontraram pela primeira vez um osso de um grande dino carnívoro, membro do grupo formado por alguns dos maiores predadores da Era dos Dinossauros.
Tais criaturas, conhecidas pelo indigesto nome de carcarodontossaurídeos, rivalizavam com o célebre Tyrannosaurus rex, chegando a medir 13 m de comprimento.
Até hoje a presença dos monstros em território nacional era inferida apenas pela presença de dentes isolados na Bacia Bauru, como é conhecido o conjunto geológico que abrange boa parte do interior paulista e de outros Estados (MG, PR, MS e GO).
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Agora, a equipe coordenada por Carlos Roberto Candeiro, da Universidade Federal de Uberlândia, e Lílian Paglarelli Bergqvist, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), começa a preencher essa lacuna com a descoberta de um pedaço de osso de 13 cm, parte do maxilar direito de um dos dinos do grupo.
O fragmento, que abriga ainda um dente, foi encontrado no município de Alfredo Marcondes, perto de Presidente Prudente, e tem idade estimada em torno de 70 milhões de anos.
"Com base no fragmento e no dente, conseguimos identificar com confiança a família do animal, mas não a espécie", explica Bergqvist.
"Com base no fragmento e no dente, conseguimos identificar com confiança a família do animal, mas não a espécie", explica Bergqvist.
Também é possível estimar o tamanho total do crânio do animal em vida --algo como 80 cm de comprimento--, embora seja mais difícil dizer que tamanho o bicho todo tinha. A julgar pelo crânio, no entanto, parece ser um dino menor que os representantes mais avantajados de seu grupo, talvez chegando aos 10 metros, afirma Candeiro.
Também de Alfredo Marcondes e de outro município da região, Flórida Paulista, vêm fragmentos de ossos de outros dinos carnívoros estudados pela equipe, cuja identificação em níveis mais específicos não foi possível.
O fato de esse material todo aparecer apenas na forma de cacos tem algo de misterioso. É que a Bacia Bauru é rica em outros fósseis de predadores dessa época. Em geral, são primos terrestres dos atuais crocodilos, pertencentes a uma grande variedade de espécies e, às vezes, com todo o esqueleto preservado.
"Ainda não há uma explicação para isso. A gente brinca que, na Bacia Bauru, os crocodilos são a praga do Cretáceo [período do qual datam os fósseis]", diz Bergqvist. "Há o mesmo problema com os mamíferos, que são muito difíceis de achar por lá."
O carcarodontossaurídeo paulista, aliás, viveu "só" alguns milhões de anos antes do sumiço dos dinos e do início da Era dos Mamíferos.
A equipe publicou a análise dos fósseis na revista científica "Cretaceous Research". Também assinam o estudo Rodrigo Azevedo, Felipe Simbras e Miguel Furtado.
INTERIOR SEMIDESÉRTICO
Os dados geológicos indicam que, no fim do período Cretáceo, boa parte do interior brasileiro era um imenso semideserto.
A alternância entre períodos de seca prolongada e chuvas torrenciais criava rios e lagoas temporárias, em cujas margens se refugiavam animais como tartarugas e crocodilos.
Alguns dos fósseis dessa época que chegaram até nós parecem ter sido preservados quando vários animais se enfiaram na lama para tentar suportar o calor.
Sabe-se que, apesar da seca, grandes dinossauros herbívoros de pescoço longo também viviam ali. (RJL)
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