COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No século 20, poucos escritores causaram tanta controvérsia quanto Carlos Araña Castaneda. A começar por sua nacionalidade.
Ele teria nascido no Peru ou seria argentino, dependendo da fonte. O próprio se dizia brasileiro.
O antropólogo formado na Universidade da Califórnia decidiu estudar o conhecimento de índios do México antigo. Naquele país conheceu seu mestre, um velho feiticeiro, o lendário Don Juan. Acabou engolido por aquela cultura, como afirmou. No total, Castaneda publicou 12 livros (dez em vida).
PLANTA ALUCINÓGENA
"A Erva do Diabo" ("The Teachings of Don Juan"), o primeiro, sua tese de graduação, trazia descrições sobre o uso de plantas alucinógenas. Foi lançado nos EUA em 1968, um ano após o "verão do amor", símbolo da cultura hippie. O autor foi alçado à condição de defensor das drogas, o que o desesperou.
Nos anos seguintes, reafirmou ter sido mal interpretado e que Don Juan dissera que só lhe dera plantas por ele ser "um ocidental burro", e que sabia que "drogas causam males indizíveis ao corpo".
Tarde demais. Sua fama de "guru das drogas" estava espalhada mundo afora. Fãs o perseguiam e veneravam. Sua suposta ligação com drogas fez com que a CIA o abordasse em uma ocasião, segundo disse pouco antes de morrer ao aprendiz Armando Torres.
Outro problema: uma leva de espertos se aproveitou do fato de Castaneda sumir para um retiro para se passar por ele e tirar vantagens.
Don Juan disse a Castaneda que, se ele quisesse mesmo virar feiticeiro, teria de apagar sua história pessoal e largar os amigos (regra abandonada pelos novos xamãs).
Foi o que Castaneda fez. Entre 1970 e 1995, ele só era localizado por um ou dois amigos, um editor e seu advogado. Fora esses, ele decidia se encontrava ou não repórteres e candidatos a discípulos que o procuravam.
No período pré-internet era mais fácil adotar uma identidade falsa (até hoje há poucas fotos confiáveis do escritor na rede). Farsantes passaram a dar cursos, palestras e autógrafos e a explorar fãs em nome de Carlos Castaneda, que chegou até a ser apresentado a um falso Castaneda em um evento ao qual ele compareceu anônimo.
De um lado, há os livros de seus aprendizes verdadeiros (Florinda Donner-Grau e Taisha Abelar), do protegido Armando Torres e as entrevistas à brasileira Patrícia Aguirre e à jornalista espanhola Carmina Fort. De outro, há uma quantidade enorme de obras de gente que pensa ou diz que o conheceu.
Segundo o escritor relatou a Torres, certa vez uma moça invadiu o escritório de seu advogado para protestar que estava fazendo sexo com Castaneda em troca de iniciação na feitiçaria, mas ele não estava cumprindo a promessa.
O advogado chamou o verdadeiro mestre e perguntou à moça se ela o conhecia. A moça disse que não. "Pois este é Carlos Castaneda."
A BBC fez um documentário sobre a polêmica em torno do mestre do xamanismo moderno. O filme, da série "Tales From the Jungle" (Contos da Floresta), está disponível no YouTube sob o título "Especial BBC Carlos Castaneda". Pessoas ligadas ao escritor falam contra e a favor dele. O mito sai meio chamuscado do filme.
Ele teria nascido no Peru ou seria argentino, dependendo da fonte. O próprio se dizia brasileiro.
O antropólogo formado na Universidade da Califórnia decidiu estudar o conhecimento de índios do México antigo. Naquele país conheceu seu mestre, um velho feiticeiro, o lendário Don Juan. Acabou engolido por aquela cultura, como afirmou. No total, Castaneda publicou 12 livros (dez em vida).
PLANTA ALUCINÓGENA
"A Erva do Diabo" ("The Teachings of Don Juan"), o primeiro, sua tese de graduação, trazia descrições sobre o uso de plantas alucinógenas. Foi lançado nos EUA em 1968, um ano após o "verão do amor", símbolo da cultura hippie. O autor foi alçado à condição de defensor das drogas, o que o desesperou.
Nos anos seguintes, reafirmou ter sido mal interpretado e que Don Juan dissera que só lhe dera plantas por ele ser "um ocidental burro", e que sabia que "drogas causam males indizíveis ao corpo".
Tarde demais. Sua fama de "guru das drogas" estava espalhada mundo afora. Fãs o perseguiam e veneravam. Sua suposta ligação com drogas fez com que a CIA o abordasse em uma ocasião, segundo disse pouco antes de morrer ao aprendiz Armando Torres.
Outro problema: uma leva de espertos se aproveitou do fato de Castaneda sumir para um retiro para se passar por ele e tirar vantagens.
Don Juan disse a Castaneda que, se ele quisesse mesmo virar feiticeiro, teria de apagar sua história pessoal e largar os amigos (regra abandonada pelos novos xamãs).
Foi o que Castaneda fez. Entre 1970 e 1995, ele só era localizado por um ou dois amigos, um editor e seu advogado. Fora esses, ele decidia se encontrava ou não repórteres e candidatos a discípulos que o procuravam.
No período pré-internet era mais fácil adotar uma identidade falsa (até hoje há poucas fotos confiáveis do escritor na rede). Farsantes passaram a dar cursos, palestras e autógrafos e a explorar fãs em nome de Carlos Castaneda, que chegou até a ser apresentado a um falso Castaneda em um evento ao qual ele compareceu anônimo.
De um lado, há os livros de seus aprendizes verdadeiros (Florinda Donner-Grau e Taisha Abelar), do protegido Armando Torres e as entrevistas à brasileira Patrícia Aguirre e à jornalista espanhola Carmina Fort. De outro, há uma quantidade enorme de obras de gente que pensa ou diz que o conheceu.
Segundo o escritor relatou a Torres, certa vez uma moça invadiu o escritório de seu advogado para protestar que estava fazendo sexo com Castaneda em troca de iniciação na feitiçaria, mas ele não estava cumprindo a promessa.
O advogado chamou o verdadeiro mestre e perguntou à moça se ela o conhecia. A moça disse que não. "Pois este é Carlos Castaneda."
A BBC fez um documentário sobre a polêmica em torno do mestre do xamanismo moderno. O filme, da série "Tales From the Jungle" (Contos da Floresta), está disponível no YouTube sob o título "Especial BBC Carlos Castaneda". Pessoas ligadas ao escritor falam contra e a favor dele. O mito sai meio chamuscado do filme.
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