Luciane Evans
Estado de Minas: 01/01/2013
O que seria ter uma vida saudável? Onde encontrar o tal equilíbrio do corpo e da mente sã? É hora de abandonar os remédios? Seria o momento de dedicar-se à fé? Essas certamente são perguntas que começam a rodear muitos nesta época do ano, em que a perspectiva de ter pela frente 365 páginas em branco para serem escritas novamente motivam qualquer um a querer fazer diferente. Fazer o bem a si e ao próximo, acalmar o espírito, fortalecer o organismo com as próprias armas são metas de quem busca a saúde espiritual sem deixar de pensar também no físico. Especialistas aprovam essas mudanças, mas dizem que o primeiro passo é colocar a vida na balança, perguntando a si mesmo o que se espera e o que se quer daqui para frente.
Apesar de achar que a ideia de recomeço é uma repetição, o médico psicanalista Geraldo Caldeira diz que habitualmente todos deveriam se concentrar no pensamento para repensar a vida, alcançar a tal serenidade e leveza que se quer. “Procurar pensar se estou fazendo o que gosto é um primeiro passo. Tudo o que se faz com vontade traz uma alegria de viver, bom humor e satisfação, fundamentais para a saúde, pois melhora a imunidade e as taxas de hormônio”, defende. Segundo Caldeira, a palavra trabalho tem origem no latim tripalium e significa algo bem desagradável. “Era um instrumento de tortura usado na Roma antiga. O sacrifício variava de acordo com o ato ilícito. O trabalho é algo torturante para muitos estudiosos. Por isso, quando se faz o que gosta não é trabalho, mas ocupação felicitária”, explica, dizendo que nesses casos são poucas as pessoas que apresentam a conhecida dor de cabeça no fim do dia.
Por essa razão, o psicanalista aconselha cada um a fazer neste momento de recomeço do ano uma pergunta para si: estou fazendo o que gosto?. “Está havendo na sociedade um esvaziamento do sabor de viver; as pessoas estão ficando cada vez mais tristes, mais deprimidas. Talvez por não estar fazendo o que realmente gostam”, afirma Caldeira. As relações de amizade e laços afetivos, fundamentais para a saúde do ser humano, são outro ponto importante marcado pelo psicanalista. “É hora de se perguntar: como estou em relação aos amigos, às pessoas, à comunidade?. Se estiver solitária, favorece o surgimento de doenças mais precoces. O ser humano tem que fazer laços com os vizinhos, com colegas e outros”, diz. Outra questão a ser colocada na balança é, segundo o médico, verificar as economias. “Checar o que estou gastando, se vivo dentro do que eu ganho, tudo isso tem de estar dentro dos limites”, aconselha.
Geraldo Caldeira acrescenta que há pesquisas que mostram que laços sociais ou religião fazem com que o indivíduo sinta-se pertencente a algo maior. “A religião tem que ser pesquisada pela pessoa. Se faz bem ou não para o indivíduo. É uma faca de dois gumes, uma vez que ela dá esperança e apoio, mas ‘castiga e pune’. Para algumas pessoas está fazendo muito bem, mas para outras pode ser terrível quando se coloca a ideia de pecador e devedor. Por isso a espiritualidade é favorável, desde que se faça uma avaliação: isso me faz bem ou mal?”, acrescenta o médico.
MEDITAÇÃO E ORAÇÃO Aos 29 anos, o funcionário público Adalton Couto do Carmo quer neste 2013 fortalecer sua espiritualidade. Independentemente de religião, ele pretende se dedicar às meditações para ficar em equilíbrio e orações. “Quero ficar bem comigo mesmo. Na correria do dia a dia, a gente se preocupa com as coisas práticas”, diz, acrescentando que quer ser uma pessoa melhor daqui para frente. “No ano que passou, senti falta de um espírito fortalecido. E, mais uma vez, deixei passar. Mas neste ano quero essa busca, quero conhecer pessoas com espiritualidade desenvolvida.” A meditação, segundo ele, será para treinar a respiração e o relaxamento, uma forma de cuidar de si mesmo. “A partir do momento em que estarei fortalecido, conseguirei conviver melhor com as outras pessoas.” Adalton sente que da forma como todos temos vivido os dias passam sem ser sentidos. “Quero a serenidade, pois estamos vivendo sem saber o que estamos vivendo”, avalia.
Além de um espírito mais leve e da serenidade buscados por Adalton, Anita Silveira, de 38, pretende fortalecer o próprio organismo, evitando ao máximo o uso de medicamentos. “Tenho percebido que, cada vez mais, a indústria farmacêutica tem nos convencido a comprar remédios. A controvérsia é que estamos cada vez mais doentes”, comenta. Segundo defende o médico homeopata e diretor científico da Associação Médica Homeopata de Minas Gerais, Jorge Bustamante, a homeopatia prega exatamente o que Anita quer: “Quanto menos você se medicar, mais seu organismo vai aprender a se defender sozinho. Ele fica mais esperto, o que traz melhora na qualidade de vida”, diz.
Jorge critica a quantidade de antibióticos e anti-inflamatórios que circulam pelo mundo hoje em dia e, de tanto serem receitados, “acabam sem fazer efeitos.” “Quando você toma uma medicação que alivia uma dor, ela vai agir naquele momento. Mas o organismo não aprendeu nada com aquilo e, por isso, o incômodo vai voltar”, afirma, acrescentando que na homeopatia o organismo é estimulado a ficar mais ativo. Assim como Anita, muitas pessoas querem seguir esse caminho de evitar as medicações. Bustamente aconselha, como primeiro passo, dar condições para o organismo trabalhar. “Mas isso vai depender do problema de cada pessoa. Alguém que tem pressão arterial alta e toma remédio há 10 anos não vai parar de se medicar de uma hora para outra. Tem que haver um equilíbrio antes de tudo entre corpo e mente. A pessoa tem que estar bem, senão o organismo se confunde”, alerta.
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