Henrique Stabile exibe em galeria imagens manipuladas pensadas para o Instagram
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Chovem vacas sobre a praça Roosevelt. A Catedral da Sé está envolta em nuvens vermelhas. O concreto do Sesc Pompeia arma-se em patas de aranha. Astronautas descem pelo exterior do Copan.
Imagens pouco usuais da cidade, produzidas por Henrique Stabile com aplicativos de celular, estão expostas na galeria Poeira, em São Paulo.
"Pretendia decompor cenários da cidade dos quais todos possuem uma imagem na memória e trazer à tona novos significados", explica.
O arquiteto e designer diz que o projeto nasceu despretensioso -e assim se mantém- durante seus estudos de mestrado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP sobre interatividade, hipermídia, intermídia e arte sem autoria.
Ele aponta como fundamental o pensamento da desconstrução do filósofo Jacques Derrida, que repercute na obra de arquitetos como Peter Eisenman ("uma grande inspiração para mim"), Zaha Hadid e Bernard Tschumi.
As imagens, ora geométricas, ora jocosas, resultam da manipulação de marcos da cidade com aplicativos de celular e revelam visões que só existem no mundo virtual.
Inicialmente pensadas para o perfil de Stabile no Instagram, elas foram depois reunidas em www.desconstruindosp.tumblr.com, para onde são direcionadas as fotos de qualquer usuário marcadas com a "hashtag" do projeto (#desconstruindoSP).
"Desde que comecei, ganhei uns 2.000 seguidores. Percebi que alguns passaram a repensar suas rotinas. Deixaram de postar fotos apenas da comida ou do cachorro."
Stabile tenta agora desconstruir o prédio do Masp e, paradoxalmente, busca ordem. "Desconstruindo-se a desordem da cidade, podemos encontrar ordem?", pergunta.
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