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Estado de Minas: 14/03/2013
Escrevo de Bogotá,
meu avião sai daqui a poucas horas, o Cilelij acabou, volto para casa. A
sigla significa Congresso Ibero-americano de Língua e Literatura
Infantil e Juvenil. Este é o segundo. O primeiro, em Santiago, em 2010,
foi finalizado de forma dramática pelo terremoto. O terceiro acaba de
ser anunciado, será em 2016, no México.
Quando se fala em literatura infantil, quem não é da área pensa logo em livrinhos coloridos, Disney, histórias de bichos meigos e crianças bochechudas. Pensa um pouco em chatice, um pouco em gracinha, miudezas. Mas não foi de miudezas que tratamos ao longo desses três dias de trabalho.
Especialistas, autores, editores e ilustradores se reuniram para avaliar a produção e traçar rumos daquela que é a literatura formadora por excelência. Tratava-se de analisar o futuro e o presente do livro, os novos formatos. Três eixos conduziram os trabalhos: a vida privada (família, amor, amizade, corpo e sexualidade, etc...), a vida pública (escola, cidadania, dimensão política, emigração, violência, etc...), e a transcendência (fé, morte, esperança, religião criatividade, utopias, etc...).
Foi um belo congresso, de nível acadêmico muito alto. Coisa rara nessas ocasiões, saímos todos contentes. E, coisa mais rara ainda, como foi dito na cerimônia de encerramento, “não houve passeios de ego”.
Desses três dias em que tanto ouvi, destaco o mais jovem dos autores, uma espécie de mascote do time espanhol, Javier Ruescas, não por ter tido importância maior, mas por ser o mais próximo daqueles novos formatos que queríamos discutir.
Com seus 25 anos, Javier não é nem tão jovem, mas é autor de romances juvenis, diretor de sites, diretor de uma revista digital dirigida aos jovens. Seu público principal se conta em acessos. “O livro de papel não vai desaparecer, permanece nas mãos dos jovens, como permanecem os pôsteres dos ídolos nas paredes dos seus quartos. É parte do seu mundo”, disse. Podemos crer – porque ele não chegou a explicitá-lo – que o objeto livro se torne então uma espécie de fetiche, transmissor da presença ilusória do autor.
Os leitores de Javier não precisam de ilusão, estão com ele quando querem, através da internet, são íntimos. Não só pela facilidade do contato, mas porque têm aproximadamente sua mesma idade e seus mesmos interesses, a conversa acontece de igual para igual, ele dá dicas – de criação e de mercado editorial. Eles fazem críticas e imitações, elaboram variantes nos fan fiction. Tudo são vasos comunicantes. “Se preferem outro final, é justo que mudem, que inventem outro”. Ouvindo o jovem autor, tem-se a impressão de uma geração “vampiros” muito solar.
E os emoticons, perguntou alguém do público, servem como recurso literário? Não para ele. Muito práticos para a comunicação corrente, muito divertidos. Mas, na hora de ler e na hora de escrever, não vale tomar atalhos, a força dos sentimentos só acontece através da descrição em palavras.
Declarou-se um clássico filho de Harry Potter: “Cresci com ele, lendo toda a série desde menino. Me ensinou ‘muita coisa sobre a amizade, sobre mim mesmo.” Pouco antes, com boa dose de coragem, havia dito: ‘Não sei o que é literatura. Não sei o que não é literatura. Mas sei que escrever e ler me faz bem’”.
Quando se fala em literatura infantil, quem não é da área pensa logo em livrinhos coloridos, Disney, histórias de bichos meigos e crianças bochechudas. Pensa um pouco em chatice, um pouco em gracinha, miudezas. Mas não foi de miudezas que tratamos ao longo desses três dias de trabalho.
Especialistas, autores, editores e ilustradores se reuniram para avaliar a produção e traçar rumos daquela que é a literatura formadora por excelência. Tratava-se de analisar o futuro e o presente do livro, os novos formatos. Três eixos conduziram os trabalhos: a vida privada (família, amor, amizade, corpo e sexualidade, etc...), a vida pública (escola, cidadania, dimensão política, emigração, violência, etc...), e a transcendência (fé, morte, esperança, religião criatividade, utopias, etc...).
Foi um belo congresso, de nível acadêmico muito alto. Coisa rara nessas ocasiões, saímos todos contentes. E, coisa mais rara ainda, como foi dito na cerimônia de encerramento, “não houve passeios de ego”.
Desses três dias em que tanto ouvi, destaco o mais jovem dos autores, uma espécie de mascote do time espanhol, Javier Ruescas, não por ter tido importância maior, mas por ser o mais próximo daqueles novos formatos que queríamos discutir.
Com seus 25 anos, Javier não é nem tão jovem, mas é autor de romances juvenis, diretor de sites, diretor de uma revista digital dirigida aos jovens. Seu público principal se conta em acessos. “O livro de papel não vai desaparecer, permanece nas mãos dos jovens, como permanecem os pôsteres dos ídolos nas paredes dos seus quartos. É parte do seu mundo”, disse. Podemos crer – porque ele não chegou a explicitá-lo – que o objeto livro se torne então uma espécie de fetiche, transmissor da presença ilusória do autor.
Os leitores de Javier não precisam de ilusão, estão com ele quando querem, através da internet, são íntimos. Não só pela facilidade do contato, mas porque têm aproximadamente sua mesma idade e seus mesmos interesses, a conversa acontece de igual para igual, ele dá dicas – de criação e de mercado editorial. Eles fazem críticas e imitações, elaboram variantes nos fan fiction. Tudo são vasos comunicantes. “Se preferem outro final, é justo que mudem, que inventem outro”. Ouvindo o jovem autor, tem-se a impressão de uma geração “vampiros” muito solar.
E os emoticons, perguntou alguém do público, servem como recurso literário? Não para ele. Muito práticos para a comunicação corrente, muito divertidos. Mas, na hora de ler e na hora de escrever, não vale tomar atalhos, a força dos sentimentos só acontece através da descrição em palavras.
Declarou-se um clássico filho de Harry Potter: “Cresci com ele, lendo toda a série desde menino. Me ensinou ‘muita coisa sobre a amizade, sobre mim mesmo.” Pouco antes, com boa dose de coragem, havia dito: ‘Não sei o que é literatura. Não sei o que não é literatura. Mas sei que escrever e ler me faz bem’”.
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