Monitoramento da audiência nos EUA vai contabilizar programas vistos pela internet; Ibope estuda adotar medida no Brasil
A partir de setembro deste ano, as casas norte-americanas que não tiverem TV por assinatura -mas que tiverem seus aparelhos conectados à internet- também serão consideradas nas aferições.
Com esses números à mão, os canais terão bases mais sólidas para vender espaço publicitário e decidir o que será exibido para os espectadores.
Em franca expansão, o segmento on-line levou à produção de séries exclusivas para a internet, como "House of Cards", do serviço Netflix, e o resgaste de atrações que acabaram pela baixa audiência na TV paga -mas que eram assistidos via internet.
Embora ainda represente uma fatia pequena de residências, a tendência de "cortar o cabo" da TV mais que sobrou nos EUA: em 2007, eram 2 milhões de telespectadores sem TV paga. Hoje, são pouco mais de 5 milhões.
Para consumir vídeo, essas pessoas fazem uso do computador, de televisões conectadas à internet, de smartphones e de tablets.
"Desde que se tornou possível ver programas on-line legalmente, muitas pessoas o fazem", diz June Thomas, crítica de televisão da revista "Slate". "Agora a audiência será um pouco mais precisa."
Contar os espectadores da internet era uma demanda antiga das emissoras americanas. "Canais como CW, que tem uma audiência jovem, dizem que não são bem representados atualmente, já que seu público vê mais séries on-line", diz Thomas.
A empresa americana não tem planos de medir os cliques em território brasileiro, mas o Ibope já estuda formas de medir a audiência de quem assiste à televisão pela internet por aqui.
Segundo Dora Câmara, diretora regional do Ibope, o monitoramento de conteúdos televisivos assistidos em TVs conectadas à internet será implementada em três etapas.
A primeira contempla apenas a aferição de conteúdos transmitidos ao vivo. A segunda inclui programas gravados e vistos posteriormente. Nessa etapa, vídeos de site de emissoras ou do YouTube vistos numa televisão, por exemplo, serão considerados.
"Em uma terceira etapa, identificaremos conteúdos transmitidos via internet e acessados por outros dispositivos", diz. A primeira fase está em implantação. As outras estão em desenvolvimento.
"Fechamos parceria com a Video Research, empresa japonesa que monitora audiência em dispositivos móveis", acrescenta ela. "A ferramenta já está em fase de teste e até o fim deste ano começaremos a medir audiência de TV em telefones celulares."
Leia mais sobre séries que estreiam na internet
folha.com/no1244824
Sites passam a investir em suas próprias séries
Após estreia de 'House of Cards', Netflix desenvolve outros quatro projetos
Amazon produz pilotos de vencedor do prêmio Pulitzer e de dupla de atores da sitcom "The Big Bang Theory"
É o caso de "Arrested Development", seriado que foi ao ar entre 2003 e 2006 e foi retomado neste ano pela Netflix, ganhando uma temporada extra na internet.
Além de importar séries da televisão para o computador, sites como Netflix e Hulu têm aproveitado o número crescente de consumidores de vídeo on-line para investir no desenvolvimento de suas próprias atrações -com orçamentos dignos de grandes produções televisivas.
É o caso de "House of Cards", com Kevin Spacey, a primeira série do serviço Netflix, disponível também no Brasil. A produção de 13 episódios, lançados simultaneamente, custou à empresa US$ 100 milhões (cerca de R$ 197 milhões).
O investimento deu retorno: o seriado alcançou, pouco após sua estreia, o primeiro lugar na audiência do serviço de streaming do site. O número de espectadores, contudo, não foi revelado -já que o site considerou injusta a comparação com as produções da televisão.
Outras séries próprias estão a caminho: em abril, estreia "Hemlock Grove", que conta a história de uma cidade cujo lado sórdido se revela após o assassinato de uma mulher. O site produz também as séries "Orange Is the New Black", "Derek" e "Turbo: F.A.S.T", esta última voltada para crianças.
A tendência é seguida por portais como Hulu, Crackle e Amazon -que está desenvolvendo, atualmente, seis pilotos de seriados. Quando prontos, os vídeos serão disponibilizados na internet e os favoritos do público ganharão uma temporada inteira.
Entre as produções da Amazon estão "Alpha House" -do vencedor do Pulitzer Garry Trudeau- e "Dark Minions" -escrita por Kevin Sussman e John Ross Bowie, atores da sitcom "The Big Bang Theory".
Quem tiver um projeto pode inscrevê-lo no site Amazon Studios -alguns serão selecionados e produzidos pelo portal. (FERNANDA REIS)
Globosat faz série para plataforma digital
ALBERTO PEREIRA JR.DE SÃO PAULONa cola de Netflix, Amazon e Hulu, a Globosat está investindo em conteúdos exclusivos para sua plataforma "on demand", o Muu, disponível a 5,3 milhões de assinantes Net e da CTBC.A empresa vai produzir uma série nacional original, provavelmente de comédia.
"Vamos aproveitar o workshop de roteiristas que a Globosat está promovendo e selecionar um roteiro. A gravação ocorrerá no segundo semestre e a estreia, no início de 2014", diz André Nava, gerente de Novas Mídias.
A produção deverá ter seus episódios disponibilizados de uma só vez, como o Netflix fez com "House of Cards".
Desde 8 de março, o Muu passou a exibir com exclusividade no Brasil a terceira temporada da série "Spartacus" e tem em seu catálogo o seriado "Extras", com o comediante Ricky Gervais. Nas próximas semanas, lançará a sitcom "The Inbetweeners".
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