Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 20/05/2013
Foi um balde de água fria. Em setembro de
2008, o cineasta paulistano Eduardo Escorel havia recebido o OK do
clarinetista Paulo Moura e sua mulher, Halina Grynberg, para fazer um
documentário sobre a vida do músico. Dois anos depois, quando as
gravações sequer haviam começado, o artista morreu. Escorel pensou em
desistir, mas decidiu transformar o projeto num tributo repleto de
imagens históricas e marcantes de Moura. Depois de abrir o festival É
tudo verdade, Paulo Moura – Alma brasileira chega a Belo Horizonte, onde
ficará em cartaz até quinta-feira, no Cine 104.
Paulista de São José do Rio Preto, Paulo Moura trabalhou sem parar até sua morte, aos 77 anos – da gravação em 78 rotações de Moto perpétuo (1956), de Paganini, até Fruto maduro (lançado ano passado), um dos últimos registros em disco dele, com o guitarrista André Sachs. Já morando no Rio de Janeiro, começou estudando piano, formou-se em clarinete e iniciou a carreira tocando em gafieiras e bailes. Trabalhou na Rádio Nacional, integrou a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal e gravou peças que Radamés Gnatalli escreveu para ele. Lançou dezenas de discos e fez carreira também no exterior.
Quase artesanal Com 86 minutos de duração, o documentário não segue a estética cronológica e organizada de outras produções do gênero. Ao contrário, expõe o diretor e roteirista Eduardo Escorel como autor de um painel de depoimentos, apresentações e filmagens caseiras de Paulo Moura, tudo disposto de forma um tanto aleatória, mas nem por isso menos interessante. Entre os pontos altos estão as cenas em que a viúva do artista abre uma caixa e retira dela algumas fotos que passa a comentar: surgem os pais dele, o desfile de escola de samba que armou em Tóquio e sua apresentação no Carneggie Hall, em Nova York.
As imagens de shows são bem diversas, em datas e locais os mais diversos. Vão da gravação de Só louco (Dorival Caymmi) para a TV Cultura nos anos 1990 a Manhã de carnaval (Luís Bonfá e Antonio Maria), interpretada em 1977 em um festival em Lagos, na Nigéria, passando por registros em Paris, Berlim, Suíça e Israel. As formações que Paulo Moura integrou também são distintas: duo com o pianista Wagner Tiso; trio com o pianista Arthur Moreira Lima e o violonista Heraldo do Monte; quarteto só com percussionistas; orquestras (como regente ou solista) e dançando no palco com Martinho da Vila.
Para costurar tudo isso, Escorel partiu de aproximadamente 80 horas de material recolhido de acervos no Brasil e no exterior. Há imagens raras e também algumas inéditas, entre elas o depoimento dado por Moura ao diretor finlandês Mika Kaurismäki em 2004, época em que filmava o documentário sobre choro Brasileirinho. As cenas do sarau que amigos fizeram para o músico no hospital, pouco antes de morrer – o clarinetista pediu o clarinete e tocou Doce de coco, de Jacob do Bandolim –, não foram liberadas para inclusão no filme.
PAULO MOURA – ALMA BRASILEIRA
Filme sobre o músico Paulo Moura, com1 direção e roteiro de Eduardo Escorel.
De hoje a quinta-feira, às 21h, no Cine 104 (Praça Rui Barbosa, 104, Centro).
Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Informações: (31) 3222-6457.
Paulista de São José do Rio Preto, Paulo Moura trabalhou sem parar até sua morte, aos 77 anos – da gravação em 78 rotações de Moto perpétuo (1956), de Paganini, até Fruto maduro (lançado ano passado), um dos últimos registros em disco dele, com o guitarrista André Sachs. Já morando no Rio de Janeiro, começou estudando piano, formou-se em clarinete e iniciou a carreira tocando em gafieiras e bailes. Trabalhou na Rádio Nacional, integrou a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal e gravou peças que Radamés Gnatalli escreveu para ele. Lançou dezenas de discos e fez carreira também no exterior.
Quase artesanal Com 86 minutos de duração, o documentário não segue a estética cronológica e organizada de outras produções do gênero. Ao contrário, expõe o diretor e roteirista Eduardo Escorel como autor de um painel de depoimentos, apresentações e filmagens caseiras de Paulo Moura, tudo disposto de forma um tanto aleatória, mas nem por isso menos interessante. Entre os pontos altos estão as cenas em que a viúva do artista abre uma caixa e retira dela algumas fotos que passa a comentar: surgem os pais dele, o desfile de escola de samba que armou em Tóquio e sua apresentação no Carneggie Hall, em Nova York.
As imagens de shows são bem diversas, em datas e locais os mais diversos. Vão da gravação de Só louco (Dorival Caymmi) para a TV Cultura nos anos 1990 a Manhã de carnaval (Luís Bonfá e Antonio Maria), interpretada em 1977 em um festival em Lagos, na Nigéria, passando por registros em Paris, Berlim, Suíça e Israel. As formações que Paulo Moura integrou também são distintas: duo com o pianista Wagner Tiso; trio com o pianista Arthur Moreira Lima e o violonista Heraldo do Monte; quarteto só com percussionistas; orquestras (como regente ou solista) e dançando no palco com Martinho da Vila.
Para costurar tudo isso, Escorel partiu de aproximadamente 80 horas de material recolhido de acervos no Brasil e no exterior. Há imagens raras e também algumas inéditas, entre elas o depoimento dado por Moura ao diretor finlandês Mika Kaurismäki em 2004, época em que filmava o documentário sobre choro Brasileirinho. As cenas do sarau que amigos fizeram para o músico no hospital, pouco antes de morrer – o clarinetista pediu o clarinete e tocou Doce de coco, de Jacob do Bandolim –, não foram liberadas para inclusão no filme.
PAULO MOURA – ALMA BRASILEIRA
Filme sobre o músico Paulo Moura, com1 direção e roteiro de Eduardo Escorel.
De hoje a quinta-feira, às 21h, no Cine 104 (Praça Rui Barbosa, 104, Centro).
Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Informações: (31) 3222-6457.
Nenhum comentário:
Postar um comentário