quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eduardo Almeida Reis - Sem ambages‏

Não gosto de escrever sobre assuntos desagradáveis, porque tenho a pretensão de fazer textos divertidos e instigantes 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 29/05/2013 

Não se iluda o caro leitor com ambages, rodeios, evasivas, subterfúgios midiáticos: a situação da segurança pública é gravíssima não somente em Minas Gerais, como no Brasil inteiro. No final do século e do milênio passados, quase comprei uma casa no Belvedere, o maior IPTU de Belo Horizonte. Muros baixos, sem câmeras ou cercas eletrificadas. Fiz a oferta, a família vendedora demorou a decidir, fechei negócio com casa melhor e mais barata no São Bento e a família do Belvedere só decidiu pela venda horas depois de sacramentado o negócio são-bentense. Pois muito bem: transcorridos 14 anos, temos notícia de muitas casas do Belvedere assaltadas três vezes em 12 meses. As mesmas que andei vendo para comprar, hoje com câmeras, cercas elétricas e guaritas particulares. Assaltos com requintes de amabilidades, tais como torcer com um alicate a orelha de um cidadão que não fala português, exigindo o segredo de um cofre que ele, cidadão norte-americano, não sabia, fora estupros, espancamentos e latrocínios.

Em São Paulo, a filha do vice-governador só não foi sequestrada, quando levava seu filho para o colégio, porque dirigia carro blindado. E isso no Morumbi, maior IPTU da capital paulista. No Rio, a situação não é melhor e em Porto Alegre, um secretário de Estado de Meio Ambiente, representando o inexplicável PCdoB no governo do inacreditável Tarso Genro, é preso por furto. O mesmo PCdoB que controla o Ministério do Esporte organizador das copas. Que entende de esportes o ministro Aldo Rebelo, com aquele casaco amarelo-cheguei da Adidas, além do esporte de falar difícil? Situação que existe em igual ou maior número nas outras unidades da federação – e se agrava dia a dia, enquanto se discute a maioridade penal e as leis, todas elas, são de uma brandura, de uma blandícia de espantar até os postes da Cemig. Se você tem algum dinheiro, não muito, é alvo preferencial dos bandidos, que assaltam e matam por R$ 100. Se você tem R$ 30, é queimado como aquela dentista de São Paulo.

Não se trata de perguntar aonde isto vai parar, porque não tem jeito de parar e se agrava diuturnamente. Como pode a Câmara Federal votar leis com os deputados que tem? Escrevo pela manhã, depois de jantar ontem com um ex-deputado federal, que discorreu longamente sobre os plenários que conheceu. Já naquele tempo eram espantosos, espanto que se agravou de lá para cá. Não gosto de escrever sobre assuntos desagradáveis, porque tenho a pretensão de fazer textos alegres, divertidos e instigantes, ainda que o instigar, às vezes, irrite idosos chatos, que adoram fazer turismo viajando de graça. Quero que os velhos chatos se danem e peço desculpas ao lúcido leitor pelo tema, aparentemente insolúvel, da coluna de hoje.

Guerras químicas 

Boa notícia para os casais à antiga e também para os modernos, que dispensam sexos diferentes: correm anúncios na internet sobre invenções para neutralizar os cheiros dos gases – e todo casamento é uma guerra química. Gás sarin C4H10FO2P, gás mostarda ou iperita C4H8Cl2S e outros gases têm sido usados nas guerras químicas, o que levou a Convenção de Armas Químicas (CWC) a proibir o uso de gases tóxicos e métodos biológicos para fins bélicos. Vários países denunciaram o acordo antes da Segunda Guerra Mundial, quando foram interrompidas as negociações, só retomadas com o fim da Guerra Fria. Em rigor, a CWC foi concluída em 1993 e adotada a partir de abril de 1997, excluindo da lista dos gases proibidos o lacrimogêneo para conter tumultos e revoltas, considerado “medida pacificadora”, e os gases matrimoniais.


Esses últimos têm aspectos curiosos: sua expressão odorante é inversamente proporcional à paixão. Quando ainda muito apaixonada, a companheira diz: “Seu punzinho não tem cheiro”. Se começa a reclamar da odorização das ventosidades, é sinal de que a paixão acabou. Onde a boa notícia? Ora, na venda de produtos autocolantes para cuecas e calcinhas: o Subtle Butt (rabo sutil), cinco embalagens por US$ 11, e do Flatulence Deodorizer (desodorizador de flatulência), este último espalhando cheiro intenso de mentol, que deixa o rabicó mentolado e geladinho. Só vejo um problema: tanto o sutil como o mentolado não eliminam o barulho.

O mundo é uma bola 

29 de maio de 1453: fim da Idade Média e início da Idade Moderna, quando o sultão otomano Mehmed II conquista Constantinopla depois de um cerco de seis semanas, pondo fim ao Império Bizantino. Muhammed II, Maomé II ou Mehmed II (1432-1481), alcunhado O Conquistador, ferrou-se quando avançou em direção ao Centro da Europa e quebrou a cara no cerco de Nándorfehévár em 1456, nome tão complicado que mudou para Belgrado. Apesar de muçulmano, Mehmed II tornou-se célebre pela tolerância excepcional com que tratou os bizantinos por ele subjugados. Hoje é o Dia Mundial da Energia. Amanhã é o Dia de Corpus Christi, bom feriadão para o caro e preclaro leitor de Tiro e Queda.


Ruminanças
“O único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário” (Albert Einstein, 1879-1955).

Um comentário:

  1. Almeida Reis, amor eterno, amor verdadeiro. Que legal que ele tá aqui!! Parabéns ao blog!!

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