Estado de Minas: 25/06/2013
Dilma quer constituinte específica para mudar a política
A presidente Dilma
Rousseff surpreendeu. É certo que, dos cinco pactos que propôs aos 27
governadores e 26 prefeitos de capitais, quatro não são mais do que o
compromisso de fazer com mais empenho e eficiência o que toda a
população já vinha cobrando antes mesmo de ir para as ruas. Mas ela
demonstrou ter ouvido a voz das ruas tomadas nos últimos dias por
milhares de manifestantes ao propor não apenas uma reforma política, mas
a eleição de uma constituinte específica para realizá-la. É decisão a
ser submetida a plebiscito, já que se trata de autorizar processo
legislativo especial, em paralelo ao Congresso Nacional, com poderes
para mudar o capítulo da Constituição de 1988 que trata da ordem
política.
Não é pouca coisa. Pelo contrário, qualquer um de sensibilidade e boa vontade pode traduzir o brado do povo nas ruas como uma declaração de desconfiança na representação política atual, na forma de retirá-la das urnas e nas práticas nem sempre republicanas que têm marcado o funcionamento do Parlamento. Não só. A cidadania também reclama mais interação com a gestão dos recursos públicos, além, é claro, de um basta à corrupção desenfreada que encarece as obras e impede o bom funcionamento dos serviços públicos.
Melhor foi a presidente, ao cumprir o papel que lhe cabe como primeira mandatária do país e, portanto, responsável por oferecer respostas concretas ao clamor das manifestações livres da manipulação do marketing partidário, ter percebido que tudo isso se resume na cura de vícios que tomaram conta da atividade política no Brasil. Mãe de todas as reformas – e muitas outras, como a tributária e a previdenciária, a da edificação e funcionamento dos poderes da República –, a construção de um estatuto político mais moderno, mais transparente, rigoroso contra os corruptos e atraente para as jovens e talentosas lideranças é o único e verdadeiro começo de uma nova era para o Brasil. E não há como empreender tal tarefa, com a credibilidade e o apoio da nação, sem a eleição de pessoas com conhecimento comprovado, indiscutível ficha limpa e impedimento explícito de concorrer a cargo público nos oito anos seguintes à promulgação da nova Carta.
De resto, a manutenção e o aprofundamento dos paradigmas da administração pública e da condução da política econômica, que havia garantido ao país um salto inédito nos anos que se seguiram ao lançamento do plano real até a crise mundial de 2008, são o que está por trás do primeiro pacto sugerido, de responsabilidade fiscal e controle da inflação. A diferença é que, com o pacto, a presidente não teria mais impedimento ou pressões eleitorais para cumprir essa agenda.
Imperdoável será, a esta altura, deixar tudo no papel, permitir que interesses eleitorais e partidários menores consigam, como sempre conseguiram, distorcer tudo, tornar tudo inócuo e sem consequências. A esperança é que, sensível ao poder do povo nas ruas, a presidente não arrede o pé do compromisso que assumiu ontem. Pode ser eleitoralmente desastroso para ela e muito perigoso para a democracia brasileira.
Não é pouca coisa. Pelo contrário, qualquer um de sensibilidade e boa vontade pode traduzir o brado do povo nas ruas como uma declaração de desconfiança na representação política atual, na forma de retirá-la das urnas e nas práticas nem sempre republicanas que têm marcado o funcionamento do Parlamento. Não só. A cidadania também reclama mais interação com a gestão dos recursos públicos, além, é claro, de um basta à corrupção desenfreada que encarece as obras e impede o bom funcionamento dos serviços públicos.
Melhor foi a presidente, ao cumprir o papel que lhe cabe como primeira mandatária do país e, portanto, responsável por oferecer respostas concretas ao clamor das manifestações livres da manipulação do marketing partidário, ter percebido que tudo isso se resume na cura de vícios que tomaram conta da atividade política no Brasil. Mãe de todas as reformas – e muitas outras, como a tributária e a previdenciária, a da edificação e funcionamento dos poderes da República –, a construção de um estatuto político mais moderno, mais transparente, rigoroso contra os corruptos e atraente para as jovens e talentosas lideranças é o único e verdadeiro começo de uma nova era para o Brasil. E não há como empreender tal tarefa, com a credibilidade e o apoio da nação, sem a eleição de pessoas com conhecimento comprovado, indiscutível ficha limpa e impedimento explícito de concorrer a cargo público nos oito anos seguintes à promulgação da nova Carta.
De resto, a manutenção e o aprofundamento dos paradigmas da administração pública e da condução da política econômica, que havia garantido ao país um salto inédito nos anos que se seguiram ao lançamento do plano real até a crise mundial de 2008, são o que está por trás do primeiro pacto sugerido, de responsabilidade fiscal e controle da inflação. A diferença é que, com o pacto, a presidente não teria mais impedimento ou pressões eleitorais para cumprir essa agenda.
Imperdoável será, a esta altura, deixar tudo no papel, permitir que interesses eleitorais e partidários menores consigam, como sempre conseguiram, distorcer tudo, tornar tudo inócuo e sem consequências. A esperança é que, sensível ao poder do povo nas ruas, a presidente não arrede o pé do compromisso que assumiu ontem. Pode ser eleitoralmente desastroso para ela e muito perigoso para a democracia brasileira.
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