Estado de Minas: 21/06/2013
O movimento não tem
um líder. As passeatas não têm itinerário preciso. As reivindicações
mudam de acordo com cada grupo. Os protestos lançam palavras de ordem
aos quatro ventos. Tudo parece múltiplo, diverso, plural. Esse foi o
primeiro susto dos que não entenderam as mudanças, criticaram o ativismo
espontâneo e cobraram que as manifestações seguissem o modelo
tradicional e hierárquico, exatamente o mesmo que foi para o espaço com a
mobilização da juventude.
Há, no entanto, lógica em tudo isso. Houve o tempo de esperar a ação dos governos, de criticar as formas viciadas de fazer política, de apostar que o crescimento se traduziria em melhoria das condições de vida de todos, de acreditar na apuração legítima dos casos de corrupção. Houve até a esperança de que os megaeventos esportivos e religiosos deixassem sua cota de méritos na vida das cidades. Para piorar, à primeira movimentação, a incapacidade de a polícia separar democracia de baderna mostrou que não se podia esperar nada vindo das instâncias formais de poder. A paciência se esgotou. A moçada foi para as ruas, passou a se comunicar em linha direta, sem intermediários midiáticos, cortou caminho.
Se tudo parece apontar para a multiplicidade – de lideranças, propósitos e estratégias –, há no entanto um campo em que a unidade é forte: um país está surgindo das ruas. Um sentimento que, ao buscar seus símbolos, foi capaz de ver na bandeira verde e amarela e ouvir nas velhas notas e versos do Hino Nacional signos que traduziam o mesmo sentimento. Sem pieguice, sem a memória da obrigatoriedade dos juramentos à bandeira ou da música tocada por obrigação em solenidades chatas. Hino e bandeira sem proprietários. Como as ruas, que não são mais as mesmas.
A família Souza, dos irmãos Herbert, Henfil e Chico Mário, homens que lutaram contra a ditadura civil-militar com arte e inteligência, costumava comemorar os aniversários em casa substituindo o Parabéns pra você pelo Hino Nacional. A cena era tão bonita como verdadeira, como se a fraternidade de sangue ganhasse o tamanho de um país que sofria pela falta de liberdade e se tornasse irmandade pública, que também atende pelo nome de cidadania. Cada festa era uma celebração.
O povo heroico agora não está nas margens nem do Ipiranga, nem da política, nem da vida. Está soltando seu brado retumbante. E bota retumbante nisso.
Há, no entanto, lógica em tudo isso. Houve o tempo de esperar a ação dos governos, de criticar as formas viciadas de fazer política, de apostar que o crescimento se traduziria em melhoria das condições de vida de todos, de acreditar na apuração legítima dos casos de corrupção. Houve até a esperança de que os megaeventos esportivos e religiosos deixassem sua cota de méritos na vida das cidades. Para piorar, à primeira movimentação, a incapacidade de a polícia separar democracia de baderna mostrou que não se podia esperar nada vindo das instâncias formais de poder. A paciência se esgotou. A moçada foi para as ruas, passou a se comunicar em linha direta, sem intermediários midiáticos, cortou caminho.
Se tudo parece apontar para a multiplicidade – de lideranças, propósitos e estratégias –, há no entanto um campo em que a unidade é forte: um país está surgindo das ruas. Um sentimento que, ao buscar seus símbolos, foi capaz de ver na bandeira verde e amarela e ouvir nas velhas notas e versos do Hino Nacional signos que traduziam o mesmo sentimento. Sem pieguice, sem a memória da obrigatoriedade dos juramentos à bandeira ou da música tocada por obrigação em solenidades chatas. Hino e bandeira sem proprietários. Como as ruas, que não são mais as mesmas.
A família Souza, dos irmãos Herbert, Henfil e Chico Mário, homens que lutaram contra a ditadura civil-militar com arte e inteligência, costumava comemorar os aniversários em casa substituindo o Parabéns pra você pelo Hino Nacional. A cena era tão bonita como verdadeira, como se a fraternidade de sangue ganhasse o tamanho de um país que sofria pela falta de liberdade e se tornasse irmandade pública, que também atende pelo nome de cidadania. Cada festa era uma celebração.
O povo heroico agora não está nas margens nem do Ipiranga, nem da política, nem da vida. Está soltando seu brado retumbante. E bota retumbante nisso.
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