sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sucesso no palco com Paulo Gustavo, filme 'Minha Mãe É Uma Peça' estreia nesta sexta - Juliana Gragnani

folha de são paulo
Superprotetora, rigorosa e barraqueira, Dona Hermínia, personagem criada e interpretada pelo ator Paulo Gustavo, 34, sai dos palcos, onde ficou famosa, para protagonizar "Minha Mãe É Uma Peça - O Filme". Dirigido por André Pellenz, o longa estreia nesta sexta-feira (21) em 404 salas de cinema.
O filme tem orçamento de R$ 5,5 milhões e é adaptação da peça homônima, em cartaz desde 2006.

Em ambos, Paulo Gustavo se trasveste como a personagem inspirada na mãe --a interpretação dessa figura feminina foi recorrente nas últimas quatro décadas no teatro brasileiro.
Daniel Marenco/Folhapress
Paulo Gustavo, que interpreta Dona Hermínia nos cinemas
Paulo Gustavo, que interpreta Dona Hermínia nos cinemas
O dramaturgo Mauro Rasi, por exemplo, criou uma personagem forte a partir de sua mãe em "Pérola", interpretada por Vera Holtz, em 1995.
Paulo Gustavo diz que se inspirou em outra personagem de Rasi, a dona de casa encenada por Marieta Severo em "A Estrela do Lar", no final do anos 1980.
Caso raro de um ator de comédia de sua geração, Paulo Gustavo não fez fama na internet: atraiu no palco um público de mais de um milhão pelo Brasil. "As pessoas vêm tirar fotos comigo pelo teatro e não por causa da TV ou outros meios."
Paulo Gustavo e Fabio Porchat, 29, um dos criadores da produtora Porta dos Fundos, estiveram juntos em cartaz em 2005 com a peça "Infraturas".
Mas suas carreiras seguiram rumos diferentes. O primeiro criou sozinho a peça que lhe deu fama; Porchat virou um hit na internet no ano passado, com alguns vídeos que têm hoje mais de 8 milhões de acessos.
Já o esquete mais visto de Paulo Gustavo disponibilizado on-line por fãs não chegou a ter 300 mil visualizações.
Seu único personagem divulgado antes pela internet foi a Senhora dos Absurdos, no site "Anões em Chamas", espécie de embrião do Porta dos Fundos. Hoje, a Senhora faz parte do programa "220 Volts", apresentado por Paulo Gustavo no Multishow.
Apesar de ativo em redes sociais como o Twitter e o Instagram, o ator diz ter visto apenas três vídeos do Porta dos Fundos.
Segundo ele, o artista que divulga vídeos na rede precisa se policiar para não baixar o nível. "Você pode fazer tudo na internet, então aparece um bando de picareta falando besteira, achando que é comediante", diz, sobre "comediantes em geral".
Paulo Gustavo também está em cartaz com a peça "Hiperativo". No Multishow, será um dos protagonistas da série "Vai Que Cola?", filmada em um teatro com plateia. A produção, que retrata o dia a dia de uma pensão carioca, estreia dia 8 de julho.

CRÍTICA - COMÉDIA
Humor se perde em fórmula cansativa
'Minha Mãe É uma Peça' repete recurso cômico à exaustão e usa saltos temporais sem coesão
A HISTÉRICA VOZ ESGANIÇADA QUE O ATOR EMPRESTA À PERSONAGEM, QUE ALÉM DE TUDO É TAGARELA, LOGO PERDE A GRAÇA
ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAVoltadas sobretudo ao público adolescente, as comédias brasileiras estão alcançando grande êxito comercial de uns anos para cá.
Adaptada de um monólogo teatral de muito sucesso em vários palcos do país, "Minha Mãe É uma Peça" tem o diferencial de se dirigir a um público mais amplo.
Isso porque a personagem principal, Dona Hermínia (Paulo Gustavo), é uma mãe extremamente protetora, figura que todo mundo conhece de perto ou de longe.
Essa familiaridade aproxima a personagem do espectador e não é rompida, mesmo quando se constata que a zombeteira Dona Hermínia tem instintos maternais que atingem as raias da neurose --afinal ela só quer o bem da prole, objeto de seu amor fervoroso.
Dona de casa divorciada de meia-idade, Dona Hermínia vive com os filhos Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier). Exagerada e autoritária, ela controla todos os passos dos dois adolescentes até o dia em que se sente ofendida por eles e decide sair de casa sem avisá-los, refugiando-se na casa de uma tia (Suely Franco).
Ela chora as mágoas com a tia, rememorando vários episódios da vida familiar, dando à narrativa uma estrutura de flashback.
Se no espetáculo teatral o flashback era algo natural pelo fato de Paulo Gustavo estar sozinho em cena, no filme esses saltos temporais aparecem de maneira um tanto descosida. São histórias dentro da história principal, que já é raquítica, autônomas como esquetes de teatro, que a partir de certo momento deixam de acrescentar qualquer novidade.
Esta acumulação atrapalha o ritmo do filme, que parece durar mais do que 80 minutos. Personagens secundários dispensáveis, como a pitoresca galeria de vizinhos de Dona Hermínia, também ajudam a dispersar o foco na história.
Outro aspecto que prejudica o resultado é o humor: quase todas as "gags" se baseiam na depreciação dos filhos pela própria mãe, sobretudo no caso de Marcelina e sua obsessão por comida.
Tudo bem que a matrona é desbocada, mas a repetição excessiva da fórmula cansa.
A caracterização da personagem também resulta enfadonha: Paulo Gustavo tem talento cômico, mas a histérica voz esganiçada que empresta à personagem --que além de tudo é tagarela-- logo perde a graça.
    Ator trabalha entre amigos e familiares
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA"Paulo Gustavo? Paulo Gustavo é terrível. A-do-ra me sacanear", brinca Dea Lucia Amaral, a dona Dea, mãe e musa inspiradora do ator. Paulo Gustavo imita perfeitamente sua voz, grave e com grande alcance vocal, quando interpreta Dona Hermínia.
    Como a maioria de suas criações, a personagem surgiu entre amigos e familiares --imitá-los era sua diversão, segundo sua mãe, que o considera "hiperativo e observador".
    O ator foi impelido pela amiga Samantha Schmütz, que também atua em "Minha Mãe...", a apresentar um esquete na peça "Surto", em 2004.
    "Fomos à casa da minha avó inventar algo", lembra Schmütz. Fil Braz, amigo de Paulo Gustavo desde os 15 anos, e hoje roteirista de seus projetos, também ajudou a bolar a personagem."Ele ficou improvisando com uma vassoura."
    Ainda hoje, Paulo Gustavo mora com a mãe --ele comprou uma casa para os dois em Niterói, no Rio. Como no filme, dona Dea já foi buscar os filhos na boate usando pijama. "Hoje só ligo para saber onde ele está", diz ela que, diferentemente de como é retratada no longa, nunca sai de casa com bobes no cabelo.
    No filme, Paulo Gustavo presta homenagem ao primo que morreu aos 18 anos. Sua irmã, retratada como mimada e comilona, trabalha hoje em sua produção.

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