Indicado pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo Tribunal Federal, o advogado Luís Roberto Barroso será sabatinado hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Senado em meio a protestos da bancada evangélica.
Leogump Carvalho - 24.mai.2013/Folhapress |
Luís Roberto Barroso, indicado para ser ministro do STF |
Religiosos questionam sua escolha por causa do apoio que deu no passado ao aborto de fetos anencéfalos, às pesquisas com células tronco e às uniões homoafetivas.
O advogado deve ter seu nome submetido hoje mesmo ao plenário do Senado. Ele fez nesta semana um périplo pelos gabinetes da Casa em busca de apoio.
A pedido da Folha, dez personalidades sugeriram perguntas que poderiam ser submetidas a Barroso:
Editoria de Arte/Folhapress | ||
ANÁLISE
Sabatina também é oportunidade para diálogo com o eleitor
JOAQUIM FALCÃOESPECIAL PARA A FOLHAPor que Luís Roberto Barroso tem que ser sabatinado publicamente pelos senadores, isto é, pelos representantes eleitos do povo brasileiro? Ele e qualquer outro candidato ao Supremo Tribunal Federal?Por um motivo fundamental. Ministro do Supremo é também um representante do povo brasileiro. Não para fazer leis, política econômica ou segurança pública. Mas para fazer a justiça. Não a de sua preferência, mas a da Constituição --interpretada pelo sentimento e necessidade de justiça do brasileiro.
Mas, para bem representar, o brasileiro precisa confiar no candidato. Confiar civicamente não é ato gratuito. É fundamentado. Quem é? O que pensa? Como chegou até aqui? A sabatina é para isso.
Primeiro, para informar. Quem se candidata abre mão de parte de sua privacidade em nome do direito do público a se informar sobre ele.
Segundo, para avaliar. Cada senador e o eleitor tem que julgar quem vai julgar. Agora e sempre. Avaliar o seu comportamento moral, o seu saber jurídico e a sua independência política.
Terceiro, para dialogar. Sabatinar não é apenas perguntar, criticar ou homenagear. É dialogar. Os senadores com o candidato --e todos com os eleitores.
Nada disso é estranho ou será difícil para Barroso. Advogado, procurador do Estado e professor de sucesso. Mas juiz nunca foi. Como será? São profissionais convergentes --todos buscam a justiça--, mas divergentes nos objetivos, interesses e posições. Como Barroso pretende conciliar o seu múltiplo passado profissional com o cargo de magistrado?
Não há como escapar. Como pretende votar, se aprovado, no mensalão? Evidentemente ele não vai adiantar voto. É proibido. Mas vai se julgar apto a votar? Barroso considera que o julgamento transmitido ao vivo para todo mundo prejudicou direito fundamental dos réus? Justifica absolver ou reduzir penas? Qual direito, este?
Sua resposta, sim ou não, percebida agora e explicitada depois, terá que convencer os ministros, a Constituição e a opinião pública. Aí sim começará seu novo futuro, que se avizinha.
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