quarta-feira, 31 de julho de 2013

FERNANDO BRANT » As sandálias da humildade

Por que ranger os dentes de ódio diante de uma opinião oposta à nossa?


Estado de Minas: 31/07/2013 


Um homem de branco passou por aqui falando manso ao coração de todos. Quando verdades e palavras justas são ditas, não é preciso levantar a voz, pois todos os que desejam entender entenderão. Os ouvidos estiveram atentos durante a semana e espero que continuem por todo o tempo. Ele não gosta de jovens que não protestam, moderação é atitude de gente experiente, que não tem mais razão para errar e já teve tempo de aprender as complexidades da vida.

Tão simples as coisas que diz, quase óbvias, mas a simplicidade vem do conhecimento, não fosse ele um jesuíta. Há crianças sem alimento, sem saúde e educação? Não importa se quem vai sanar essas impropriedades seja católico, protestante, muçulmano, umbandista, espírita, judeu ou ateu. A ação e o fato valem mais do que a seita ou a ideologia.


As ideias diferentes circulam e devem ser aceitas. Por que ranger os dentes de ódio diante de uma opinião oposta à nossa ou de maneiras de ser que não prejudicam ninguém, mas fazem parte da existência de tantos? Não perco nada se alguém tem opção sexual diversa da minha. Que todos tenham a liberdade de ser o que são. Temos todos o direito de ser felizes. “Com a razão nunca entendi, com o coração menos então”, diz a canção que escrevi com meu parceiro e sobrinho Robertinho Brant, a respeito de todos os tipos de preconceito.


Não consigo entender o motivo de homens se acharem melhores (e com mais direitos) do que as mulheres. A cor da pele não torna ninguém superior a outra pessoa, e esse é um sentimento que trago desde criança. É preciso repetir, até hoje, que somos uma raça única, a humana, e viemos do mesmo berço? É que é a educação, e não o dinheiro, que qualifica?


O homem simples e de branco, com sua fala que todos entendiam, com a serenidade de pastor, realçou o respeito e a proteção que devem ser dados aos jovens e aos idosos. A máquina do mundo da economia global anda a retirar trabalho da juventude e a condenar à exclusão os mais velhos. Como permitir que os que serão o futuro sejam afastados da convivência com os que lhes podem passar conhecimentos?


Foi uma semana do povo, de jovens na rua. As palavras mais ouvidas: solidariedade, justiça, igualdade, fraternidade. São conceitos que não têm dono. Se o sentido de religião é ligar, atar, que todos os brasileiros abracem esses sentimentos, professem crenças ou não. As sandálias da humildade que o homem de branco nos trouxe servem a todos nós.
Vamos calçá-las.

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