Sedução
Recentemente, uma jornalista me perguntou por que Mr. Darcy, do romance de Jane Austen "Orgulho e Preconceito", de 1813, continua seduzindo tantas mulheres.
Para responder à pergunta, mencionei o que as mulheres que tenho entrevistado nas minhas pesquisas falam sobre sedução.
Elas querem um homem que lute para conquistá-las passo a passo, sem pressa.
Um homem que não desista delas em função de dificuldades, preconceitos e obstáculos.
Um homem que reconheça que a mulher amada é especial, mesmo sabendo que existe um mercado matrimonial e sexual extremamente favorável para ele, com a oferta de mulheres cada vez mais jovens, mais magras e mais bonitas.
Um homem que, podendo ter "todas as mulheres do mundo", escolha uma única.
Um homem fiel que resista ao assédio de outras mulheres.
Um homem que saiba como seduzi-las com pequenos e delicados gestos de amor.
Um homem que demonstre cotidianamente que a amada é insubstituível e inesquecível.
Mr. Darcy fez tudo o que era possível para que a personagem Elizabeth Bennet acreditasse na sinceridade do seu amor.
Ele deixou de lado os próprios preconceitos e os estereótipos da sociedade da época para lutar incansavelmente por uma mulher que não era nem tão bela nem tão rica.
Mr. Darcy fez uma bela declaração de amor a Elizabeth: "Em vão tenho lutado comigo mesmo, mas nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos: preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente".
Mesmo as mulheres mais independentes e bem-sucedidas desejam a prova constante de que são especiais para o homem amado.
Em uma cultura em que as mulheres se sentem invisíveis em meio à desesperada competição feminina por um marido, ou pelo "capital marital", elas também querem um homem que as admire e as ame ardentemente.
Uma professora de 33 anos disse: "Quero um homem para chamar de meu, que demonstre que me ama e me deseja exatamente do jeito que sou, sem querer me mudar. Quero romance, elogios e beijos na boca todos os dias, não apenas no Dia dos Namorados. É pedir muito?"
Mirian Goldenberg é antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de "Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade" (Ed. Record). Escreve às terças, a cada 15 dias na versão impressa de "Equilíbrio".
Nenhum comentário:
Postar um comentário